Tesouro Direto volta a pagar juro real de 7% ao ano; veja como aproveitar
Diante de um retorno como este, não é vantajoso correr riscos se você pode garantir um rendimento real de mais de 6% ao ano na renda fixa
Os títulos do Tesouro que são corrigidos pelo IPCA, a inflação oficial do país, estão pagando juros reais de praticamente 7% ao ano.
Basicamente, os juros reais são a diferença entre os juros nominais (taxa anunciada) e a expectativa de inflação para os próximos 12 meses. Isto é, os juros reais correspondem à diferença entre a taxa Selic e o IPCA. Em outras palavras, os juros reais equivalem ao quanto você ganha em poder de compra.
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Lembrando que, o mercado projeta IPCA de 4,9% para 2024. Porém, segundo o último Boletim Focus, a inflação estimada para 2025 está em 3,97%. E para 2026, em 3,60%.
Ou seja, um título do Tesouro que paga juros reais de 7% ao ano está entregando um belo prêmio.
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A Inteligência Financeira preparou uma lista com quatro títulos do Tesouro Direto que devem se sobressair nesse cenário, principalmente em outubro. Você confere a lista aqui.
O que elevou o rendimento dos títulos atrelados a inflação?
O aumento das incertezas sobre as contas públicas e o início do ciclo de alta da Selic têm elevado o rendimento dos títulos do Tesouro atrelados à inflação.
Em alguns vencimentos, as taxas das NTN-Bs (corrigidas pelo IPCA) se aproximam do nível de 7% ao ano.
No leilão semanal realizado na terça-feira (8) pelo Tesouro Nacional, as taxas dos títulos que vencem em 2027 chegaram a 6,709%.
Para o investidor atento, é uma tremenda oportunidade.
Por outro lado, a alta no rendimento dos títulos do Tesouro dispara um alerta sobre a elevação dos custos de financiamento do governo – que é o emissor dos títulos do Tesouro. Ou seja, há uma piora na composição da dívida do governo.
No fim de 2023, o rendimento dos títulos do Tesouro de curto prazo (2026 e 2027, por exemplo) estava em torno de 5,30%.
Questão fiscal
Os níveis atuais dos juros reais (descontada a inflação) mostram preocupação relevante com a questão fiscal, ao chegarem perto das taxas do início de 2016, no segundo mandato de Dilma Rousseff.
Há uma desconfiança em relação à situação estrutural das contas públicas, como destaca o chefe de renda fixa da Santander Asset Management, Luciano Rais. Segundo ele, existe um déficit a ser combatido, mas isso tem sido enfrentado com medidas não recorrentes, enquanto o aumento de gastos tem sido permanente.
Na visão de boa parte dos especialistas, faltam iniciativas para conter a expansão das despesas obrigatórias. Sem isso, não há perspectiva de estabilização da dívida pública.
Nesse cenário, as taxas dos títulos atrelados à inflação de longo prazo, com vencimento em 2045 e 2050, estão em torno de 6,5%, nível bastante elevado para papéis com essa duração – estavam em 5,6% no fim de 2023.
De novo, bom para o investidor, embora preocupante do ponto de vista fiscal. O investidor ganha ao investir num título do Tesouro que paga juro real de 7%. O governo, por sua vez, está tendo de pagar mais para financiar a dívida pública.
Com informações do Valor Econômico.