Muito além do Tesouro Direto: conheça outras opções de renda fixa para surfar a alta dos juros

Especialistas mostram ativos que podem render mais do que os títulos públicos

Ilustração: Luli Tolentino
Ilustração: Luli Tolentino

O Banco Central anunciou a manutenção da Selic em 13,75% na quarta-feira (21), no mesmo dia que o Fed subiu os juros em 0,75 ponto percentual, afetando todo o mercado global e colocando pressão sobre as bolsas de valores e outros investimentos em renda variável.

Com o prolongamento do arrocho financeiro no Brasil e no mundo, os títulos de renda fixa tornam-se mais interessantes.

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

O Tesouro Direto tem oferecido bons retornos diante do alto patamar de juros. E, ao mesmo tempo, garante segurança ao investidor. Mas as opções vão além, com os títulos privados oferecendo boa lucratividade, acima dos títulos públicos.

Porém, o risco também cresce. Os especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira falam como calibrar bem riscos e possibilidades para faturar mais emprestando dinheiro para a iniciativa privada.

Conservador, mas atraente

Entre as opções mais conservadoras, o CDB prefixado pode ser interessante, com a possibilidade de vir a oferecer algo em torno de 14% ao ano, diz Felipe Lima, CIO da FL Asset.

“E esse é um bom número porque você está ganhando acima do CDI e fugindo do título público, além de ter a segurança de até R$ 250 mil do fundo garantidor”, explica.

Para ganhos mais robustos com um risco um pouco mais alto, ele destaca as LCIs e LCAs, que são isentas do Imposto de Renda e que, em geral, entregam taxas mais interessante que o CDB.

Para essas opções, Lima aconselha aquisições de ativos que tenham vencimentos inferiores a dois anos.
Os CRIs e CRAs podem ser interessantes, mas hoje significam risco aumentado por conta das questões macroeconômicas e geopolíticas.

“O maior medo é que esses títulos sejam afetados por uma eventual crise global. Qualquer choque grande pode bater pesado, e as empresas não conseguiriam honrar, e não existe banco ou fundo garantidor para assegurar o investidor”, diz o especialista.

Ainda assim, quem topar assumir o risco, deve preferir títulos que não excedam 18 meses, alerta Lima.

Rentabilidade acima de 15%

Para superar a rentabilidade dos títulos públicos, os investidores têm os títulos de crédito privado que acrescentam uma taxa ao CDI e que podem ser boas opções, como detalha Eduardo Lobo, gestor de renda fixa da SOMMA Investimentos.

Com a Selic a quase 14% ao ano, um CDI acima de 110% pode ser uma opção mais conservadora de conseguir bons ganhos. “Esse título deve entregar ao investidor em 12 meses cerca de 15% de rentabilidade”, afirma Lobo.

“Nesse escopo, podemos citar os CDBs, que os bancos oferecem, e as debêntures pós-fixadas. Também tem os ativos isentos de imposto de renda, como os LCAs e LCIs”, completa.

Ele explica que o momento é ainda mais vantajoso pelo fato de a inflação começar a ceder e os juros ainda seguirem uma trajetória positiva, com perspectiva “bastante atraente” de retorno real.

Um título de crédito privado que pague aproximadamente 15% em 12 meses, e considerando a inflação no patamar atual, um retorno real seria acima de 6%.

Por que os títulos privados podem ser boas alternativas

Yuri Cavalcante, sócio da Aplix Investimentos, concorda que, apesar de os títulos públicos estarem com uma rentabilidade muito boa, os privados podem ser oportunidades ainda mais lucrativas.

Ele menciona as debêntures como maneira de lucrar acima do que os títulos públicos e privados tradicionais podem oferecer, mas há mais risco envolvido.

“É muito importante você contar com aconselhamento de alguém que entende muito do mercado, porque é um título de dívida que você está comprando de uma empresa. Então, tem que conhecer muito sobre a empresa e o setor para escolher esses papéis de forma muito consciente”, explica.

Diversificação em debêntures

Uma diversificação de debêntures por meio de fundos de investimento em crédito privado pode ser uma boa para atenuar os riscos, com retornos que podem ser consideravelmente superiores ao CDI, diz Lobo, da SOMMA.

“São investimentos considerados conservadores e que também se beneficiam de um aumento da Selic”, afirma.

Lima, da FL, diz que as debêntures podem ser opções bem amarradas de crédito privado, mas a questão que pode atrapalhar é a baixa rentabilidade que os papéis mais seguros podem oferecer e o alto risco envolvido nas demais opções.

“A grande questão é que a maioria das debêntures que chega ao mercado hoje pagam muito pouco para além do que paga um título público. E os que pagam mais, geralmente, são coisas esquisitas, muito tóxicas”, alerta Lima.

Dica de carteira

O especialista acrescenta que uma boa opção é diversificar os ativos. Um exemplo que ele dá é de uma carteira de R$ 10 mil, com R$ 2 mil distribuídos em cinco títulos de emissores e áreas diferentes.

Ele avalia como boas opções debêntures robustas do setor de infraestrutura, como de empresas de rodovia, que pague IPCA e um excedente.

Ele também indica uma opção de CDB prefixado; LCI com 111% em termos brutos; e CRI ou CRA de curto prazo, com preferência para o CRA para aproveitar a alta dos alimentos que pode vir a afetar o mundo nos próximos meses.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


Últimas notícias

VER MAIS NOTÍCIAS