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Com taxas no menor patamar do ano, o Tesouro Selic ainda vale a pena?
Os juros oferecidos pelo Tesouro Selic entraram em uma trajetória de queda em outubro e atingiram o menor patamar do ano. Nesse sentido, é natural que alguns investidores se perguntem sobre os motivos dessa baixa. A seguir, entenda o que está ocorrendo com o título público preferido pelos brasileiros e confira se o Tesouro Selic ainda vale a pena.
Por que as taxas do Tesouro Selic estão no menor patamar do ano?
Os papéis do Tesouro Selic com vencimentos em 2026 e 2029 foram negociados na sexta-feira (6) oferecendo a taxa Selic mais 0,0246% e 0,145%, respectivamente, o menor patamar do ano. Em maio, no pico, esses ativos ofereciam 0,12% (2026) e 0,22% (2029). Era um reflexo de que a queda de juros começaria em breve, de acordo com as expectativas do mercado.
Bianca Beneton, analista de investimento em renda fixa da CM Capital, explica que essa redução na taxa se dá pela correção de mercado. “A taxa pré-fixada paga pelos títulos é alterada diariamente. Existem algumas situações que podem fazem com que a correção de taxa feita pelo mercado seja maior ou menor. Por exemplo, algum movimento político, alguma fala de personalidades políticas e econômicas como de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, indicadores de atividade internacionais e/ou nacionais etc. No caso dessa redução em específico, foi apenas correção de mercado”, afirma ela.
Sendo assim, como a variação dos juros está relacionada à oferta e à demanda, quando houve uma expectativa de que a Selic começaria a cair, os juros do Tesouro Selic acabaram alcançando um patamar alto. Essa é a avaliação de Carlos Castro, planejador financeiro CFP e sócio da SuperRico.
Nesse sentido, a demanda diminuiu, uma vez que as pessoas, na iminência da queda da taxa de juros, começaram a optar por títulos prefixados e vinculados à inflação, nos quais havia prêmios maiores.
“Na medida em que foi se acomodando a perspectiva de queda, e estamos falando de um juro terminando o ano acima de dois dígitos, a demanda pelo Tesouro Selic aumentou novamente. Isso porque a expectativa não é a de que os juros caiam tanto. Então, a elevada procura pelos papéis do Tesouro Selic no mês de outubro fez com que os juros caíssem”, salienta Castro.
Como o Tesouro Selic é formado
Muitas pessoas investem no Tesouro Selic olhando apenas para a taxa de juros definida pelo Copom. Porém, não é só isso.
Esse produto conta com dois componentes que afetam diretamente a rentabilidade. O primeiro, como mencionado, é a própria taxa Selic, que atualiza diariamente o valor do título. O outro fator são as taxas de ágio e deságio, acrescentadas à variação diária da taxa Selic.
Por exemplo, se a taxa fixa é +0,02, a rentabilidade do investidor será a Taxa Selic + 0,02 ao ano, se o investidor carregar o título até o vencimento.
Alterações nessa taxa fixa causam variações nos preços do Tesouro Selic, influenciando sua rentabilidade total em caso de resgate antecipado. Ou seja, o Tesouro Selic está sujeito à marcação a mercado, a atualização do valor pelo seu preço de mercado dada às forças de oferta e demanda pelo título.
É importante ter em mente que, tanto nos papéis prefixados quanto nos pós-fixados, quanto maior a taxa, menor o preço.
Quando as taxas sobem, portanto, temos duas situações. Apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir – afinal, assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento -, o valor de mercado dos papéis diminui. Assim, isso implica a perda temporária para quem já possui os títulos na carteira.
Por essa razão, os analistas aconselham manter o título até o vencimento. Dessa forma, você garante a rentabilidade contratada.
Mas afinal, o Tesouro Selic ainda vale a pena?
Quando se fala de títulos soberano com a finalidade de liquidez e principalmente como componente de formação de uma poupança para utilização no curto prazo, como uma reserva de emergência, por exemplo, o Tesouro Selic continua atrativo, defendem os analistas consultados pela Inteligência Financeira. Nesse sentido, o investidor não precisa se preocupar com a variação dos juros apresentada em outubro.
“Como ele segue exatamente a taxa de juros da economia, segundo as perspectivas do Banco Central, ainda estamos falando de uma taxa de juros que está em dois dígitos em 2023”, destaca Carlos Castro.
Bianca Beneton ressalta que a redução nos juros que o Tesouro Selic paga impacta na rentabilidade desse título, mas é importante ressaltar que a taxa que remunerará o título do investidor é a que estava vigente no dia da aplicação, ou seja, no dia da compra do título do Tesouro”, destaca ela.
Bianca reforça que o Tesouro Selic segue uma boa opção para os casos em que o cliente precisa de liquidez. “Sempre gosto de frisar para os meus clientes que o Tesouro Selic possui características muito semelhante aos CDBs de liquidez diária”, pontua Bianca Beneton.
O mais importante, de acordo com Carlos Castro, é montar uma estratégia estratégia de investimento com uma carteira diversificada. “Pode ser somente com títulos públicos, combinando Tesouro Selic, prefixado e inflação. Assim, com essa diversificação, consegue-se, diante de um cenário de queda de juros, atravessar ciclos sem ter que ficar girando tanto os investimentos”, defende ele.
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