Selic alta sugere estratégia de investimento no Tesouro no curto, médio e longo prazos

Entre setembro de 2024 e a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa Selic vem crescendo constantemente. E a projeção é a de que os juros continuem a subir até, pelo menos, 15%. Diante disso, os ativos financeiros atrelados a essa taxa acabam sendo os mais buscados pelos investidores. É o caso do Tesouro Direto. Mas, em quais desses títulos investir no curto, médio e longo prazos?
“Os produtos do Tesouro possuem como atributos a combinação de baixo risco e elevada liquidez e rentabilidade, o que os diferenciam de outras alternativas de investimentos. Ressalte-se que a taxa real de juros, ou seja, a taxa básica de juros descontada da inflação, pode superar 9% a.a. em 2025, sendo uma das mais elevadas do mundo. O que reforça, então, a atratividade dos títulos públicos brasileiros”, explica André Paiva Ramos, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia – 2ª Região – SP (Corecon-SP).
Para saber mais sobre os títulos |
Vale lembrar que os títulos do Tesouro são emitidos pelo governo federal, portanto, são ativos financeiros usados para captar recursos para despesas públicas. É como se o investidor emprestasse dinheiro ao governo e recebesse de volta o valor acrescido de juros, que é o rendimento da aplicação. |
Onde investir no curto prazo
Desse modo, para quem busca um título do Tesouro para investir no curto prazo, com a atual taxa de juros, o mais recomendado pelos especialistas é o Tesouro Selic. Afinal, o título possui liquidez diária e acompanha a taxa de juros.
“Como há perspectiva de aumento da Selic, esse título ajustará sua rentabilidade automaticamente conforme a taxa sobe. O que garante um alto retorno competitivo”, explica Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.
Quais títulos do Tesouro investir no médio prazo?
Assim, para os ativos com vencimentos de 2 a 5 anos, Lucas Ghilardi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, aponta os títulos prefixados e também o Tesouro Selic.
“Ao olhar o Boletim Focus, vemos que a expectativa do mercado é de que os juros subam a 15% e depois caiam para 12%, em 2026. Tendo isso em vista, em um primeiro momento, pareceria ruim apostar em prefixados, mas pensando num horizonte de 2, 3, 4 anos, poderia ser bastante vantajoso”, argumenta o especialista.
Afinal, o título irá pagar os juros determinados em sua contratação, que atualmente está em 14,5% a.a. para o Tesouro Prefixado 2028, por exemplo.
Assim, o Tesouro Selic, de acordo com Ghilardi, permaneceria sendo uma boa oportunidade. Afinal ela acompanhará a Selic. “E as projeções indicam uma Selic chegando a 10% nos próximos anos. O que ainda é uma boa taxa”, afirma.
E no longo prazo?
Agora, para investimentos acima de 5 anos, os títulos do Tesouro que mais fazem sentido pensando na Selic atual são os IPCA+ e até mesmo o prefixado de longo prazo.
“Eu acho que investir em títulos indexados à inflação, como o IPCA+, é uma boa estratégia. Porque se a inflação continua subindo, o investidor estará mais protegido. Mas, se a inflação melhora, ele pode ter ganhado na marcação a mercado”, argumenta Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos.
A proteção citada pela especialista se dá porque o Tesouro IPCA+ acompanha a variação da inflação. Dessa forma, o investidor preserva o ‘poder de compra’ do investimento.
Então, os prefixados de longo prazo também são boas opções “porque se a Selic cair muito e o investidor conseguir travar uma taxa pré alta, poderá garantir um ótimo retorno no longo prazo. No entanto, há um risco: se a Selic continuar subindo após a compra, o título pode perder valor no mercado secundário”, pondera Vitor Oliveira.
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