Saiba como fugir do único risco ao investidor no Tesouro Direto prefixado e IPCA+
Marcação a mercado é principal risco de Tesouro Direto ao provocar desvalorização da renda fixa; veja como fugir do problema segundo gestores
O Tesouro Direto é uma das modalidades de investimento mais populares do Brasil por ser de fácil acesso e de baixo risco. Mas isso não quer dizer que não existe a possibilidade de o investidor perder ou ganhar dinheiro só porque está na renda fixa. Como os gestores dizem no mercado “a renda fixa de fixa não tem nada”. O principal risco quando se trata dos títulos do governo federal é a marcação a mercado.
A marcação a mercado é, basicamente, a correção do título do Tesouro Direto IPCA+ ou prefixado de acordo com a taxa de juros futura de projeções do mercado financeiro, assim como pela expectativa de inflação. Isso significa, por exemplo, que títulos públicos podem oscilar de acordo com mudanças no cenário fiscal do Brasil.
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A Inteligência Financeira conversou com gestores sobre como fugir desse risco do Tesouro Direto.
O que é a marcação a mercado, único risco do Tesouro Direto
O Tesouro Direto é usado como referência do mercado acionário brasileiro como ativo livre de risco, considerando que o risco de crédito desses ativos não existe. Afinal, são títulos da dívida da União e o risco de não pagamento é mínimo. “Quase impossível”, afirma Luiz Rogé, gestor e sócio da Matriz Capital.
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O principal risco é a chamada marcação a mercado. O que impede investidores de resgatarem os investimentos no Tesouro Direto sem prejuízo (ou lucro).
Especialistas explicam que a marcação a mercado ocorre quando a taxa de juros oscila de forma desfavorável ao título comprado. Por exemplo, quando se trata do Tesouro prefixado, se os juros futuros aumentam, o título se desvaloriza.
Essa marcação ocorre muitas vezes de um dia para o outro, o que pode gerar prejuízos diários ao investidor. Rogé afirma que esse prejuízo parece pequeno no curto prazo, mas é necessário multiplicá-lo pelo prazo do investimento.
“O título prefixado do Tesouro Direto perde valor se os juros ficam maior que o esperado”, afirma João Peixoto, fundador da Ouro Preto Investimentos. “Se o rentista está comprando agora e a taxa de juros está subindo, mostra que o título vai pagar mais no futuro. Ou seja, aumenta o deságio na venda do papel porque ele revende mais barato do que o preço”, completa.
Mas, se o juros baixam para além da expectativa do mercado, o risco de marcação do Tesouro Direto prefixado se reverte em alta para o investidor.
“Título público é como qualquer ativo que você negocia no mercado. Se a taxa de juros subir, aquele ativo tende a perder valor. Se os juros baixar, os ativos passam a se valorizar em relação ao momento atual.”
Marcação a mercado no Tesouro Direto IPCA+: quando comprar o ativo?
Para o Tesouro Direto indexado a inflação, o risco de marcação a mercado vem de dois elementos: expectativa de inflação e curva de juros.
E quanto maior o prazo do Tesouro IPCA+, maior a volatilidade esperada para o ativo. É o que afirma Evandro Buccini, sócio-diretor da Rio Bravo Investimentos.
“Entre a compra e o vencimento do título, ele pode ter uma volatilidade grande”, afirma Buccini. “Às vezes os indexados podem ter quase quatro vezes mais a volatilidade do Tesouro prefixado, um patamar parecido com a oscilação da bolsa”, completa ao se referir ao cenário do primeiro semestre.
Assim, vale mais a pena comprar o papel em momentos de alta no prêmio de risco, como foi o caso dos primeiros seis meses do ano, avalia Rogé.
“Patamares de 6,30% a 6,40% (do Tesouro IPCA+) são historicamente altos. Se você já comprou neste patamar de taxa, agora aguenta porque dificilmente as taxas permanecerão as mesmas. Se o papel ficar mais tranquilo, o investidor vende com ágio”, diz.
Como fugir da marcação a mercado?
Não tem como fugir do principal risco do Tesouro Direto, analisa Buccini.
O problema do Tesouro Direto IPCA+ ou prefixado é que, no momento em que a marcação ocorre, o investidor precisa aguardar um revés na curva de juros para reverter o deságio em ágio no mercado secundário.
Uma alternativa é investir na modalidade do Tesouro Direto que não sofre com marcação: o Tesouro Selic.
Isso porque não existe risco de depreciação para um papel que segue os juros. “Ela é tão insignificante que nem vale a pena considerá-la”, diz Buccini.
É um ativo que é mais simples para investidores não sofisticados, segundo especialistas.
Peixoto, da Ouro Preto, recomenda a compra do ativo pelo momento por causa dos juros parados a 10,50% sem perspectiva de queda.
Buccini acredita que o investidor pode se proteger da inflação comprando Tesouro Direto IPCA+ de médio prazo, o que limita os riscos de marcação a mercado.
Especialistas desaconselham esticar prazos do Tesouro, por enquanto.