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Ações do Banco do Brasil (BBAS3): vale investir diante de bons resultados?
Empresas citadas na reportagem:
Os lucros recordes nos últimos trimestres tornaram as ações do Banco do Brasil (BBSA3) uma espécie de “pule de dez”. Pois bem, a expressão é usada em corridas de cavalos para indicar o animal com mais chances de vencer. E, assim, poderia ser uma boa conselheira para quem tem dúvidas de onde investir parte do seu patrimônio quando o assunto é bancos.
E não é por menos. O BB, como é popularmente chamado o Banco do Brasil, apresentou resultados recordes em 2022, sendo o banco de maior rentabilidade no ano passado, acima do Itaú.
Além disso, só em 2022 as ações BBAS3 subiram 33,28% no ano, tendo o maior crescimento entre os grandes bancos do país.
O que faz o Banco do Brasil?
Fundado em 12 de outubro de 1808, por Dom João VI, o Banco do Brasil S.A. foi a primeira instituição bancária a operar no país. Com abrangência nacional e presente em 3.550 municípios brasileiros, por meio de sua rede própria de atendimento, o BB possui a maior rede de agências do Brasil.
Incluso no grupo dos cinco principais bancos de varejo do país, o Banco do Brasil representa uma das maiores instituições financeiras nacionais. Isto porque a empresa possui mais de 15 mil postos de atendimento espalhados pelo Brasil, entre agências e postos.
O banco é uma sociedade de economia mista da qual o governo federal possui 50,00001% da composição societária.
Como comprar ações do BB?
As ações do Banco do Brasil são negociadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, que fica na cidade de São Paulo, com os tickers BBAS3 ou BBAS3F. Portanto, para comprar BBAS3 e BBAS3F (ações fracionadas), você precisa ter conta em corretoras ou distribuidoras de títulos e valores mobiliários cadastradas e autorizadas na B3.
A negociação pode ser feita de forma eletrônica até mesmo por meio de aplicativos no seu celular. Diversos tutoriais no Youtube ensinam como usar esses aplicativos das corretoras, muitos deles com operações de compra e venda de ações sem taxas cobradas por essas empresas.
Contudo, se preferir, você também pode contar com os serviços da Mesa de Operações para a execução das suas ordens, ligando para as corretoras.
Qual a diferença entre BBAS3 e BBAS3F?
As pessoas costumam pensar que para investir na Bolsa é preciso ter muito dinheiro, mas isso não é verdade. Uma boa forma de aplicar é entender a diferença entre lotes de ações e ações fracionadas.
As ações em lotes são vendidas em quantidades maiores. Isso quer dizer que precisam ser compradas nos chamados lotes fechados. Por outro lado, as fracionadas podem ser compradas em pequenas quantias.
Por exemplo: suponha que você deseja comprar ações do Banco do Brasil (BBAS3), mas não dispõe do dinheiro necessário para comprar o lote padrão. Nesse caso, você pode comprar por meio do ticker BBAS3F, com o número de ações desejado ( 1, 2, 10 até 99).
A letra F do ticker indica que você adquiriu uma fração do lote inteiro. Uma ação do BBSA3, na cotação de 14 de novembro de 2022, valia R$ 36,40. Ou seja, você pode começar seu investimento com um valor bem baixo. Dessa forma, você pode aplicar pequenas quantias de dinheiro. O mesmo vale para qualquer outra ação no mercado financeiro.
Em 2002, as ações preferenciais do banco se tornaram ordinárias. Por isso, o Banco do Brasil tem apenas ativos ON, ou seja, o BBAS3.
É hora de comprar ações do Banco do Brasil?
Apesar dos números chamativos, as primeiras declarações de integrantes dos grupos de trabalho de transição do governo deixaram os analistas de mercado receosos em relação à aquisição de novas ações do Banco do Brasil. O governo já deixou claro que pretende expandir os gastos públicos e pretende usar os bancos estatais como um dos braços para realizar essas funções.
Em agosto, ainda candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu a declaração mais contundente sobre o tema.
“É preciso que a gente enquadre o Banco do Brasil [BBAS3]. Não queremos que bancos públicos tenham nenhum prejuízo, mas não queremos que tenham os mesmos lucros dos bancos privados”, afirmou Lula em evento com micro e pequenos empresários em São Paulo.
Incerteza política com governo Lula
Não é à toa que o mercado tem olhado com lupa os próximos passos do Banco do Brasil. “Ainda há muitos pontos em jogo. Mas, por enquanto, as ações de bancos/crédito de nossa cobertura devem ganhar uma camada adicional de incerteza política”, afirmam Pedro Leduc, William Barranjard e Mateus Raffaelli, analistas do Itaú BBA, em relatório.
Opinião parecida é do relatório do BTG Pactual. “Entendemos a preocupação dos investidores com a mudança de governo e o potencial retorno de algumas das antigas políticas, que se mostraram bastante ruins para as empresas estatais. Conforme sinalizado em muitos de nossos relatórios, acreditamos que o BB tem seus ‘anticorpos'”.
Os “anticorpos” citados no relatório do BTG se refere ao sistema de governança do banco. Um dos itens é o plano estratégico da companhia, que deve ser seguido durante um período de cinco anos independentemente da mudança de presidente. A outra característica de “blindagem” corresponde à composição do Conselho de Administração, no qual 50% são formados por membros independentes.
O que diz o presidente do Instituto Lula
Presidente do Instituto Lula, ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e um dos ministeriáveis do próximo governo, o economista Márcio Pochman conversou com a Inteligência Financeira.
Ele diz que o mercado não precisa se preocupar com o futuro governo. Segundo o economista, os bancos públicos deram lucros durante as gestões anteriores do PT, mas precisam voltar a oferecer algo que os bancos privados não proporcionam.
“Não há nada contra a obtenção de lucros pela Caixa ou Banco do Brasil. Penso que, nesse sentido, haverá uma maior ênfase no que se entende como compromisso público de uma empresa que tenha essas características. Do contrário, ele perde a razão de existir, se ele opera como se fosse um banco privado. Qual a justificativa de haver um banco público ocupando o espaço que é do setor privado?”, questiona.
Pochman diz que o PT entende o Estado como parte da solução dos problemas do país, e as empresas públicas como ferramentas para essa transformação.
De acordo com ele, algumas dessas mudanças impediriam o fechamento de agências em localidades onde há prejuízo para sua manutenção e o aumento da concentração das unidades em localidades de maior renda. “É uma contradição com países como Alemanha e mesmo os Estados Unidos, que têm uma descentralização do acesso ao crédito”, afirma.
Reestruturação do Banco do Brasil
O plano de reestruturação do BB, lançado em janeiro de 2021, previa o fechamento de 112 agências, 7 escritórios e 242 postos de atendimento, além do desligamento voluntário de até 5 mil funcionários. No entanto, o fechamento de agências superou as expectativas do Banco do Brasil.
Segundo dados do Banco Central, o BB terminou o ano de 2021 com 3.980 agências. Isto é, 388 agências a menos do que o registrado em 2020. Com isso, o BB registrou o segundo maior número de fechamentos de agências durante a pandemia de covid-19. Perdeu apenas para o Bradesco, que fechou 1.527 agências de março de 2020 a dezembro de 2021.
Expectativas para 2023
Em meio às incertezas com o futuro governo, as mudanças na gestão do banco, contudo, não devem alterar as previsões de lucro para 2023.
“Estamos confortáveis, projetando um crescimento de 13% nos lucros do Banco do Brasil em 2023. Levaria algum tempo até que qualquer mudança de direção tivesse um impacto visível nos lucros”, afirma um dos trechos do relatório do Itaú BBA.
Por que investir no Banco do Brasil?
O foco na lucratividade tem reduzido a distância para bancos privados. Neste último trimestre, o Banco do Brasil apresentou lucros mais altos do que o do Itaú, o maior banco privado do país. Além disso, o BB está entre os bancos com menores níveis de inadimplência, e apresenta expansão de crédito mais prudente.
De acordo com analistas do Itaú BBA, o Banco do Brasil deve, então, reportar resultados superiores ao de seus pares no segundo semestre de 2022 e também em 2023. Por isso, os analistas mantêm sua classificação de outperform – equivalente a uma recomendação de compra – para o papel.
O preço-alvo dos analistas é de R$ 53, ou seja, expectativa de alta de 46% sobre o fechamento de R$ 36,40 da última segunda-feira, 14 de novembro.
Dividendos do Banco do Brasil
O valor por ação do próximo pagamento de dividendos do Banco do Brasil será de R$ 0,17020609037. O banco pagará os valores em 30 de novembro, tendo como base a posição do investidor em 21 de novembro.
Isto é, as ações serão negociadas “ex” (sem direito aos proventos) a partir do dia 22. O último pagamento foi em 10 de agosto, com valor de R$ 0,20 por ação.
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