Ações de empresas com mulheres na liderança dão mais retornos do que o Ibovespa
Mais da metade das empresas listadas não tem mulheres em cargos de liderança
O compromisso das companhias da bolsa brasileira com a diversidade de gênero aumenta o retorno aos acionistas, conforme um estudo da XP. A corretora calculou que uma cesta com as ações das 15 empresas de capital aberto com mais mulheres no conselho de administração avançou 349% desde 2010, enquanto o Ibovespa, indicador de referência da B3, ganhou 49% no mesmo período.
Mulheres ainda não são chefes
Contudo, mais da metade (56%) das companhias da bolsa brasileira ainda não têm mulheres em cargos de liderança. Entre as empresas com mulheres nessas posições, o número aumentou, mas ainda é muito pequeno: avançou de 9% em 2017 para 15% em 2022.
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Elas ocupam apenas 0,67% dos cargos de presidência, 12% dos cargos de diretoria e 15% dos cargos em conselhos de administração no país.
Nos Estados Unidos, o número de mulheres em cargos de liderança das companhias das bolsas é um pouco maior, mas também é reduzido: elas ocupam somente 6% das posições de presidência, 29% das posições de diretoria e 30% das posições em conselhos de administração.
“O tímido progresso das mulheres em cargos de liderança é positivo, mas a crescente conscientização sobre a importância dos critérios de sustentabilidade ainda não se traduz necessariamente em uma melhoria imediata”, afirmam Marcella Ungaretti, responsável pela área de pesquisa de ESG da XP e Luiza Aguiar, analista da mesma equipe, em relatório. “As mulheres ainda estão muito atrás dos homens no alto escalão”, dizem.
Companhias listadas com mais mulheres no conselho
| Companhia | Código | Número de mulheres no conselho | Número de cadeiras no conselho | Participação das mulheres no conselho |
| Totvs | TOTS3 | 3 | 7 | 42,90% |
| M. Dias Branco | MDIA3 | 3 | 7 | 42,90% |
| Pague Menos | PGMN3 | 3 | 7 | 42,90% |
| Vivara | VIVA3 | 2 | 5 | 40,00% |
| Cogna | COGN3 | 2 | 5 | 40,00% |
| Banco do Brasil | BBAS3 | 3 | 8 | 37,50% |
| Magazine Luiza | MGLU3 | 3 | 8 | 37,50% |
| Mills | MILS3 | 3 | 8 | 37,50% |
| Light | LIGT3 | 3 | 8 | 37,50% |
| AES Brasil | AESB3 | 4 | 11 | 36,40% |
| Telefônica Brasil | VIVT3 | 4 | 12 | 33,30% |
| Suzano | SUZB3 | 3 | 9 | 33,30% |
| EDP | ENBR3 | 3 | 9 | 33,30% |
| Guararapes | GUAR3 | 2 | 6 | 33,30% |
| Tupy | TUPY3 | 3 | 9 | 33,30% |
Conselhos de administração menos desiguais
Especificamente nos conselhos de administração, a equidade de gênero avançou mais.
O número de companhias sem mulheres em seu conselho de administração diminuiu de 64% em 2016 para 30% em 2022, mas ainda existe um caminho longo a percorrer em comparação aos EUA, onde 100% das empresas de capital aberto têm mulheres no conselho.
Poucas presidentes de conselho
Contudo, a desigualdade de gênero no cargo de presidente do conselho de administração é gigantesca: apenas 7% deles são presididos por mulheres entre as companhias que as têm nesse grupo (os conselhos), tanto no Brasil quanto no mundo.
Além disso, é mais comum que as mulheres façam parte de mais de um conselho do que os homens: 22% delas assumem cadeiras em um a três conselhos, contra 12% dos homens.
Apesar dos avanços aquém do esperado, as pressões regulatórias estão caminhando na direção certa para aumentar a diversidade nas companhias, na análise da XP.
A corretora destaca uma proposta da B3, em audiência pública, com regras de diversidade para a liderança das empresas de capital aberto.
Se aprovadas, até 2025, as companhias listadas deverão ter pelo menos um membro diverso no conselho ou na diretoria ou justificar por que não têm.