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As duas mulheres por trás de duas das maiores Bolsas de Valores do mundo
Carteira, celular, chave, batom, rímel, máscara… Não! Você entendeu errado. Não é dessa bolsa que estamos falando. É daquela com B maiúsculo. Dos gráficos pulsando, dos pregões alucinados, das milhares de operações de compra e venda de ações, ETFs, fundos imobiliários, BDRs e tantos outros ativos de renda variável. Se você pensou nesse mercado e, automaticamente, veio na sua cabeça um homem, branco, beirando seus 60 anos, de terno e gravata, então está na hora de começar a rever seus conceitos.
Não só o perfil de investidores da Bolsa está mudando – já somos mais de 1 milhão de mulheres investidoras na Bolsa de Valores brasileira, a B3 – como também as lideranças desse mercado estão se renovando e provando, de uma vez por todas, que o mundo dos investimentos não é só “a praia dos homens”.
Você sabia que a New York Stock Exchange (NYSE), a principal Bolsa de Nova York, é comandada por uma mulher? E se eu te contar que a segunda maior bolsa norte-americana, a Nasdaq Stock Market, também é comandada por uma CEO do gênero feminino?
Parece que o jogo está virando, não é mesmo? Então, é hora de você conhecer a história de Adena Friedman, a CEO da Nasdaq, e Lynn Martin, presidente da NYSE, e começar a renovar os estereótipos do mundo dos investimentos.
Adena Friedman puxou a fila
Ao assumir o cargo de CEO da Nasdaq, em 2017, Adena Friedman também conquistou o título de 1ª mulher a atingir esta posição em uma grande Bolsa de Valores norte-americana. Até então, só os homens dominavam o posto mais alto do mercado de Ações.
Friedman entrou na Nasdaq, em 1993, como estagiária. Foi construindo seu caminho e passou por cargos importantes dentro da empresa antes de se tornar presidente, como o de diretora financeira e de operações.
No comando do negócio, uma das pautas que Friedman tem reforçado é a de diversidade no mercado.
Em 2020, a Nasdaq apresentou à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) uma proposta que exige que as companhias listadas tenham pelo menos uma conselheira e outro que seja representante de alguma outra minoria.
A proposta foi muito bem recebida pela SEC, que está cada vez mais rigorosa com políticas de inclusão.
Lynn Martin deu sequência ao legado
De 2017 pra cá muita coisa mudou. Formada em ciência da computação, Lynn Martin —que tem longa trajetória no setor de tecnologia— assumiu a posição de chefia na NYSE, em janeiro de 2022, tornando-se a segunda mulher presidente da NYSE. Sua antecessora, Stacey Cunningham, liderou a Bolsa de Nova York de 2018 a 2021.
Anos antes, no início dos anos 2000, Catherine Kinney foi copresidente da Bolsa de Nova York (entre 2002 e 2008), mas à ocasião dividiu a posição com outros diretores executivos do sexo masculino, que com ela eram responsáveis por liderar a instituição.
Então, oficialmente, Stacey Cunningham e Lynn Martin quebraram uma sequência de 66 homens no comando da maior Bolsa de Valores norte-americana.
De passo em passo, corremos uma maratona
Seria ótimo se a notícia de uma mulher chegando ao poder em uma grande instituição fosse tão comum que passasse despercebida. Mas ainda não chegamos lá –e parece que ainda estamos distantes.
Segundo um estudo de 2021 da Deloitte, as mulheres representam pouco menos de 24% dos cargos de liderança em empresas de serviços financeiros dos EUA.
No Brasil, estamos alguns passos atrás ainda: as mulheres ocupam em média 19% dos cargos de liderança nas empresas brasileiras e apenas 13% das vagas de CEO das companhias, segundo pesquisa do Insper e da Talense.
Mesmo assim, quando olhamos pra trás, esses poucos dígitos de representatividade feminina já são uma grande conquista de uma luta que vem sendo travada diariamente, ao redor de todo o mundo, há centenas de anos.
E continuamos. Porque só se ganha uma maratona com a soma de pequenos passos –e com muita determinação.
*Texto escrito porAna Carolina Aires, jornalista e CEA. Artigo originalmente publicado no Feed de Notícias do íon Itaú. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora.
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