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Investidor deve continuar mexendo na carteira de ações em 2023
Quem acompanhou o jogo de forças entre as ações do Ibovespa em 2022 já sabe mais ou menos o que esperar em 2023.
A cada aparentemente ponto de inflexão da Selic, investidores foram incentivados a trocar posições entre dois grandes blocos.
Num deles, ações de exportadoras, bancos e prestadoras de serviço como energia e saneamento, cujas receitas não se abalam se o nível de juros sobe.
No outro, varejistas, construtoras e demais papéis de empresas cujo desempenho depende do potencial de consumo dos brasileiros.
Num primeiro momento, dada a incerteza local e sobre quando, quanto e se a Selic cai, se é que não vai subir, podem ser favorecidas principalmente ações ligadas à commodities – entende o chefe de pesquisas da Ativa, Pedro Serra.
Apesar da provável recessão nos Estados Unidos e na Europa, a China seria a salvação da lavoura com o fim da política de “covid zero”.
Pode aquecer, em especial, preços do minério de ferro e, no caso do petróleo, segurar as pontas em níveis ainda historicamente altos. Mas há desafios às principais companhias desses ramos, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4).
“Os incentivos chineses ao mercado imobiliário estão acontecendo, mas, por ora, para salvar empresas da insolvência, e não trazer grande crescimento”, diz.
“Já no caso da Petrobras, existem vertentes interessantes para o petróleo subir: baixa oferta, demanda em alta por causa do inverno no hemisfério norte e a própria China de volta. Mas o novo governo fala em reduzir drasticamente o pagamento de dividendos da Petrobras, recordes em 2022. Além disso, quer focar mais em energia renovável, menos em petróleo. Se for lucrativo, ok, mas não está claro se será.”
É difícil acertar o timing
Quando vai acontecer, aí é que são elas, e acertar o timing é loteria.
Mas, na visão de Serra, cedo ou tarde virá o sinal de que os juros brasileiros vão cair. E, assim como essas ações [de commodities] eram favorecidas pelo fluxo de investidores, serão colocadas de lado em favor da cena doméstica.
“Ações do varejo podem surpreender. Estão num momento ruim, a Black Friday decepcionou, a Copa do Mundo tem efeito de feriado, vendas baixas. E o Natal deve ter demanda reprimida por causa do alto endividamento”, diz.
“Mas, depois de um quarto trimestre fraco, deve vir alguma recuperação gradual. Claro, a política fiscal deve ajudar os juros a caírem para isso acontecer. Agora, se tiver o menor sinal de queda da Selic, mesmo que seja longínquo, os descontos desses papéis serão convertidos em ganhos.”
Mas esse jogo de ganha-ganha, ora com ações sensíveis a juros, ora com ações pouco expostas às taxas, depende de uma conjunção dos astros.
Ou seja, caso o risco de recessão nos Estados Unidos e na Europa se imponha, será preciso simultaneamente os juros brasileiros ameaçarem a queda.
Do contrário, a bolsa viverá semanas de perde-perde mesmo.
E, nesse cenário, a rotações dentro dela dará lugar à simples fuga à renda fixa.
“Ações locais estão baratas, mas as primeiras sinalizações do governo eleito diminuem a visibilidade de um cenário mais benigno”, diz Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial.
Jogando contra exportadoras, diz, está o possível cenário de inflação persistente em paralelo ao baixo crescimento global. Uma combinação que, potencialmente, pode anular efeitos positivos trazidos pelo fim da política de “covid zero” na China.
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