Quando um investidor começa a comprar ações pode ouvir sobre várias estratégias, afinal, quando se vender um papel?, como analisar uma empresa? ou como avaliar se a companhia é uma boa pagadora de dividendos?, e por aí vai. Uma estratégia que é regra no investimento em ações é a diversificação. Diversificar vai expor o investidor a um risco menor e trazer um pouco mais de previsibilidade à carteira, mas é preciso saber como acrescentar ações ao portfólio. Além de tirar a correlação entre papéis e setores. Então, quer diversifica não vira refém de um tipo de ação ou de um segmento da economia.
Por que diversificar?
Antes de saber o “como”, entender o motivo é importante, para que você tenha confiança na estratégia que escolher. Paloma Brum, analista da Toro Investimentos, explica que a prática de diversificar serve para “minimizar os riscos de mercado e diminuir a chance de que uma única alocação comprometa a rentabilidade de toda a carteira”.
A diversificação também é importante no gerenciamento do risco que você corre ao investir. Para Luis Nuin, analista da Levante Ideias de Investimentos, o conceito de risco é mal compreendido e sua administração passa por “reduzir o impacto daquilo que não entendemos”. Conhecendo o seu perfil nos investimentos, você vai saber quanto risco deve correr e como gerenciar isto na carteira.
Para João Daronco, analista da Suno Research, a diversificação não tem fim em si mesma, o que significa que ela serve um objetivo, neste caso de entregar consistência e rentabilidade. Por isso “o ideal é ir estudando empresa a empresa e, à medida que acha empresas que façam sentido, vai diversificando o portfólio”. Ou seja, a diversificação deve ser um processo natural.
Quantos ativos ter na carteira?
Não existe um consenso sobre quantas ações uma carteira deve ter. O que o investidor deve ter em mente é que quanto menos ativos a carteira tiver, mais arriscada ela será. Se você investiu em apenas uma ação, depende 100% do que acontece com ela, o que não é a estratégia mais segura do mundo.
“Não há número mágico, mas, em geral, uma carteira diversificada tem entre 10 e 15 ações, mas isto não é uma regra”, diz Luis Nuin. Já Paloma Brum fala de uma carteira com pelo menos cinco a 10 empresas.
Se não há um consenso sobre o número mínimo de ativos, por outro lado existe um teto recomendado para os investidores. João Daronco sugere que os investidores não tenham mais ativos do que conseguem acompanhar. Acompanhando todas as empresas da carteira o investidor pode garantir que os fundamentos que o fizeram comprar aquela ação continuam sólidos e se certificar de ver rapidamente quando não faz mais sentido ter a companhia na carteira.
Diversificação entre setores
Investir todo o seu capital em empresas de tecnologia ou em ações ligadas ao varejo, por exemplo, também não é recomendado por especialistas. Cada setor tem seus riscos. A notícia de alta da taxa de juros e diminuição da confiança do consumidor certamente prejudicará as ações do varejo, assim como queda nos juros fazem preço nas ações de bancos. João Daronco, da Suno Research, recomenda que uma carteira de ações não tenha mais de 30% de exposição a um setor.
Ao mesmo tempo, não é necessário se expor a todos os setores da economia. Para Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, é preciso se expor aos principais setores de uma economia. “No Ibovespa, por exemplo, o grande peso está em ativos atrelados a commodities e ao setor financeiro. No S&P 500, principal índice dos EUA, os maiores pesos estão em tecnologia, saúde, consumo discricionário, financeiro e serviços de comunicação”, explica.
Além das ações
Diversificar é também comprar outros instrumentos ligados a ações, mas que não são os “pedaços” da empresa diretamente, como acontece nos ETFs. Com esse instrumento você está exposto a um fundo de ações que replica algum índice, brasileiro ou estrangeiro. Outra opção são os fundos de ações tradicionais, sem lastro em índices, e BDRs, instrumentos que replicam uma ação estrangeira.