CRI ou LCI: onde é melhor investir com Selic caminhando para os 15% ao ano
Algumas premissas devem ser levadas em consideração na hora de escolher entre um investimento ou outro, como liquidez, risco de crédito e de mercado

O cenário econômico atual, ainda com expectativa de inflação alta e taxa de juros básica da economia em elevação, automaticamente fez o investidor olhar mais detidamente para a renda fixa. E essa categoria de investimento é bastante ampla. Vamos nos concentrar em dois deles: o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e a Letra de Crédito Imobiliário (LCI).
Como se sabe, os dois títulos financiam o mercado imobiliário, sendo uma das diferenças entre eles o emissor do produto. No caso do CRI, o emissor são as securitizadoras, são empresas que compram dívidas de outras companhias, transformando-as em títulos financeiros, como os Certificados de Recebíveis.
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Já no caso da LCI, o emissor são os bancos.
Expectativa em torno da Selic |
O Comitê de Política Monetária, o Copom, volta a reunir-se em março. O encontro deve ratificar mais um aumento na taxa básica de juros, a Selic. Hoje, a taxa está em 13,25% e a própria autoridade monetária já revelou a intenção de elevar a taxa em mais um ponto percentual agora. O Itaú, por exemplo, acredita que o ciclo de alta só terminará com a taxa em 15,75% ao ano. |
CRI ou LCI: onde investir?
Além disso, a Letra de Crédito Imobiliário conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre valores de até R$ 250 mil por emissor em caso de inadimplência. O prazo de vencimento (liquidez) é de 9 meses.
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“O CRI, por sua vez, não possui FGC, mas pode contar com garantias reais (imóveis ou recebíveis), que podem ser executadas em caso de inadimplência”, afirma Lucas Cordeiro, diretor de produtos do PeerBr. Sem esquecer que o prazo de retorno é de 2 a 10 ou de 15 anos.
Diante disso, no cenário atual da economia brasileira, onde investir: CRI ou LCI?
Para Maria Luisa Paolantoni, analista de renda fixa da Nord Investimentos, o mais indicado nesse momento são as Letras de Crédito Imobiliários. “Isso porque hoje a LCI não tem um risco de crédito tão elevado que cause desconforto ao investidor”, argumenta.
Ou seja, a chance de ocorrer um calote do emissor da LCI é muito menor do que a do emissor de um CRI. Afinal de contas, são os bancos que estão por trás das Letras de Crédito Imobiliários. Ainda assim, se o banco emissor for de pequeno pequeno, é importante analisar com calma o ativo a fim de evitar surpresas.
“Outro ponto que merece atenção envolvendo os CRIs é o fechamento do spread de crédito que vem acontecendo desde o segundo semestre de 2023. Ou seja, o quanto aquele título remunera acima de um título público, que é considerado o menor risco da renda fixa. Essa remuneração do CRI, portanto, está cada vez menor e mais apertada”, esclarece a especialista.
De olho nos pós-fixados
Já para Lucas Cordeiro, do PeerBr e Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, não há uma resposta assertiva para definir a melhor opção entre CRI ou LCI. “Até porque, tudo depende do perfil e dos objetivos do investidor. Para quem busca segurança e liquidez, a LCI pode ser mais adequada. Por outro lado, para quem deseja retornos acima da média e tolera mais risco, o CRI se mostra atraente”, argumenta Cordeiro.
E ainda que para os dois especialistas CRI ou LCI valham a pena nesse momento, eles fazem uma ponderação. “Em um cenário de Selic elevada, as LCIs e os CRIs pós-fixados tornam-se mais atrativos. Isso porque, acompanham a alta dos juros, o que proporciona rendimentos maiores, além de serem isentos de Imposto de Renda”, explica Patzlaff.
Para os Certificados de Recebíveis Imobiliários em específico, Lucas Cordeiro afirma que é essencial avaliar a qualidade financeira do emissor e a robustez dos devedores. “Os CRIs que contam com garantias adicionais, como imóveis e recebíveis, oferecem maior segurança ao investidor”, pontua.
O que analisar antes de escolher CRI ou LCI
Mas antes de escolher entre LCI ou CRI, o investidor deve considerar alguns fatores que, inclusive, já foram ditos ao longo da reportagem. Porém, vale o reforço a respeito do que analisar.
O que levar em consideração na hora de investir em CRI ou LCI |
Risco de crédito: LCIs são emitidas por bancos e cobertas pelo FGC (até R$ 250 mil por emissor). Já os CRIs não contam com essa proteção, mas podem oferecer garantias reais e, em geral, pagam taxas mais elevadas. |
Risco de mercado: Com a possibilidade de alta na Selic e pressões inflacionárias, é fundamental monitorar a capacidade de pagamento dos emissores e a evolução do custo do crédito. |
Liquidez: Tanto LCIs quanto CRIs têm prazos preestabelecidos e não oferecem resgate automático antes do vencimento. As Letras de Crédito têm prazo de 9 meses, enquanto os Certificados de Recebíveis têm prazo de 2 a 10 ou de 15 anos. “Na hipótese de venda antecipada de CRI no mercado secundário, por exemplo, será necessário encontrar comprador. O que pode reduzir a liquidez”, comenta Lucas Cordeiro. |
Tributação: Ambos são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, tornando-se opções atraentes do ponto de vista de rentabilidade líquida. |