Fundo Verde zera exposição na bolsa de valores no Brasil e cita preocupação com meta fiscal

Principal fundo da Verde Asset, de Luis Stuhlberger, zera exposição em bolsa de valores pela primeira vez desde 2016
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O Fundo Verde, gerido por Luis Stuhlberger, zerou sua exposição à bolsa brasileira. A decisão foi motivada por preocupações com a política fiscal do governo e o possível aumento dos juros. O fundo ainda manteve posições em crédito local, juros de longo prazo no Brasil e câmbio no exterior.

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Famoso no setor de fundos de crédito e multimercado no Brasil, o Fundo Verde, da gestora de Luis Stuhlberger, zerou a exposição à bolsa de valores no Brasil, apesar de agosto ter sido o melhor mês do Ibovespa em 2024. A última vez em que o fundo da Verde Asset zerou posição em papéis domésticos foi em 2016.

Em relatório mensal, a Verde Asset explica que aproveitou o mês de alta recorde no Ibovespa para vender os últimos papéis cíclicos da bolsa que mantinha na carteira.

Ao justificar a decisão, a gestora cita “fundamentos preocupantes” e o possível ciclo de alta de juros que o mercado vem premeditando para começar a partir de setembro. O fundo teve desempenho abaixo do CDI em agosto.

Verde Asset cita ‘preocupação crescente’ com fiscal

De acordo com a Verde, o cumprimento da meta fiscal por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda é motivo de preocupação.

A gestora do Fundo Verde cita a “preocupação crescente com o nível e a trajetória” da dívida pública do governo.

Dessa forma, o alerta seria consequência do que a Verde Asset chama de “política pública fora do Orçamento”.

Isso porque, na visão dos gestores, o governo está se apoiando em receitas não recorrentes e excluindo gastos inesperados para cumprir a meta de déficit primário.

“Ao fim e ao cabo, a ação do governo tornou a métrica de déficit fiscal primário uma variável pouco relevante para os mercados”, diz a carta do Fundo Verde.

Assim, mesmo com a alta de 6,54% do Ibovespa em agosto, melhor mês do índice no ano, a Verde não está otimista para o mercado acionário.

“O fundo hoje está liquidamente zerado em bolsa brasileira, e manteve sua exposição global”, afirma a gestora.

Contudo, o Fundo Verde manteve alocações fora da bolsa no Brasil. O fundo multimercado está exposto a títulos de crédito locais, inflação implícita e, além disso, assumiu uma posição em juros de longo prazo.

Em maio, mudanças internas na Verde Asset levaram Stuhlberger a assumir provisoriamente a gestão em ações. Ele substituiu Elmar Ferraz, responsável pela área dentro da gestora desde 2022.

Fundo Verde continua aposta de dólar forte contra real

O fundo permaneceu com alocação global, principalmente nos Estados Unidos.

A Verde continua comprada em juro real alto para a economia americana e na inflação implícita no país, assim como a de curto prazo. Outra aposta é na inflação mais alta na Europa.

O fundo ainda destacou que manteve compra na tese de um câmbio mais fraco. Em agosto, o dólar registrou leve queda contra o real, de 0,28%.

Também na parte de moedas, a gestora manteve posição comprada na rúpia indiana, financiada por uma aposta de desvalorização do euro e do renmibi chinês. Em commodities, o fundo Verde manteve uma única posição: uma “pequena” alocação em petróleo.

No mês, o Fundo Verde rendeu 0,72%, abaixo do 0,87% realizado pelo CDI. No ano, o fundo também leva a pior contra o principal índice da renda fixa: 4,61% contra 7,10%, respectivamente.

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