Fundos de ações e fundos imobiliários: tudo sobre estes investimentos

Com a ajuda de especialistas, explicamos sobre as diferenças, além das vantagens e desvantagens entre estes dois fundos de investimentos

CVM definiu regras específicas para FIIs, FIPs, ETFs e mais seis fundos de investimento - Ilustração: Renata Miwa
CVM definiu regras específicas para FIIs, FIPs, ETFs e mais seis fundos de investimento - Ilustração: Renata Miwa

Muitos investidores que buscam rendimentos acima da renda fixa começam pelos chamados fundos de investimento. Este ativo financeiro, que funciona como uma aplicação coletiva em que os investidores, chamados de cotistas, se juntam para aplicar em um determinado mercado, possui dois produtos bastante conhecidos: os fundos de ações e os fundos de investimento imobiliários (FIIs).

Desse modo, em um FII, por exemplo, o cotista se torna uma espécie de sócio de grandes empreendimentos imobiliários, enquanto nos fundos de ações, a “sociedade” se dá com a empresa escolhida para investir parte do patrimônio.

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Mas você sabe o que são, como funcionam e as vantagens e desvantagens desses tipos de aplicações?

A Inteligência Financeira ouviu especialistas para detalhar o funcionamento de cada um deles. Aliás, um ponto importante que você deve lembrar para sempre na hora de aplicar seu dinheiro: não existe investimento melhor ou pior, mas sim vantagens e desvantagens de acordo com o perfil de cada investidor. Combinado?

Então, bora começar que a gente separou diversas perguntas e respostas para você.

O que são fundos de ações?

São investimentos que tem como regra ter ao menos 67% do seu patrimônio aplicado em ativos relacionados ao mercado acionário, como:

  • Bônus ou recibos de subscrição;
  • Certificados de depósito de ações;
  • Cotas de fundos de ações;
  • Cotas dos fundos de índice de ações;
  • Brazilian Depositary Receipts (BDRs).

Como já mencionado, os fundos de ações são adquiridos por meio de cotas. Portanto, basta você ter uma conta em uma corretora, pesquisar pelo código do fundo e pronto.

Felipe Pohren de Castro, CEA, CGA e sócio da Matriz Capital explica que a principal vantagem dos fundos de ações é a gestão profissional. Ele lembra que o produto conta com um gestor cujo trabalho é estudar o mercado para identificar as melhores oportunidades de investimento, juntamente com sua equipe, que dependendo do porte do fundo, pode chegar a centenas de profissionais altamente especializados. 

“Com isso, o esperado é um desempenho muito melhor do que o obtido por um amador, ainda que entusiasta, que estude sozinho o mercado nas horas vagas, depois do trabalho”, afirma.

Já outra vantagem de se investir neste tipo de aplicação é que você pode ter acesso ao mercado acionário sem precisar se preocupar com o sobe e desce do mercado. Isso porque, os fundos de ações possuem gestores que administram o patrimônio.

Mas nem por isso deixa de haver riscos. Como fundos de ações são investimentos de renda variável, há riscos como qualquer aplicação neste tipo de mercado.

Outra desvantagem deste produto são as cobranças de taxas de administração, e em alguns casos, taxas de performance, realizadas quando o fundo tem valorização acima de algum índice estabelecido como alvo.

Portanto, é preciso pesquisar bem quem é o gestor do fundo e avaliar em qual tipo de ações o fundo investe.

Como funcionam os fundos de ações e quais os impostos?

E aí, depois de fazer esta análise mais minuciosa, é importante saber que existem fundos de ações que aplicam em frentes diferentes: small caps, que são empresas que não estão entre as 25 maiores do índice IbrX; companhias pagadoras de dividendos, que costumam distribuir lucros com periodicidade; e empresas ligadas a determinados setores (setoriais); entre outros.

Por isso, na hora de investir, é importante levar em consideração a conjuntura econômica e as perspectivas para as ações do fundo em que deseja investir. Além disso, é preciso ter um perfil que tenha tolerância ás oscilações de patrimônio. Em momentos de crise, é preciso ter sangue frio para saber quando esperar ou vender suas cotas.

Aliás, quanto à tributação, no resgate das cotas, o IR que incide sobre o rendimento é de 15%. Caso o investidor resgate a aplicação antes de 30 dias, ainda incide o IOF. Diferente dos outros fundos que possuem “come-cotas”, cobrança periódica do IR sobre o investimento, o fundo de ações tem cobrança de IR apenas no resgate.

Quais são os tipos de fundos de ações?

Há produtos de gestão ativa e passiva. Os fundos de gestão ativa são os que precisam de monitoramento constante do gestor e dos analistas que trabalham com o investimento. São os fundos mais tradicionais, por isso cobram taxas de administração e, por vezes, taxas de performance sobre os resultados alcançados.

Por outro lado, os fundos de gestão passiva são aqueles que replicam ou tentam reproduzir o mais próximo possível o cesto de ações de determinado índice. Por exemplo, se for investir em fundo que replica o índice Ibovespa, você estará investindo em um fundo que tem como objetivo alcançar os mesmos resultados do conjunto de 86 ações das ações mais negociadas na bolsa.

Os fundos de gestão passiva mais conhecidos são os ETFs (Exchange Traded-Funds). Inclusive, como estes fundos dependem menos de gestão, possuem taxas de administração muito mais baixas que os fundos de gestão ativa.

Como funcionam os Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs)

E agora que você já está familiarizado com os fundos de ações, partiu falar sobre o próximo produto, o fundo de investimento imobiliário (FII). Este investimento é um tipo de ativo negociado na bolsa de valores brasileira atrelado a negociações que envolvem o mercado de imóveis.

Ou seja: quando você investe em um FII, você deposita sua aplicação em um negócio que aposta no crescimento de um determinado empreendimento imobiliário. 

Aliás, há fundos que investem em vários empreendimentos ou até mesmo fundos que investem em outros fundos imobiliários. Isso mesmo. Neste mercado há várias opções.

Dessa forma, ao investir em um FII, você se torna um cotista, dono de um pedacinho deste fundo, ou seja, destes empreendimentos imobiliários, junto com outros investidores. 

Em outras palavras, você é um “micro proprietário”, mas não exerce qualquer direito real e não responde legalmente por ele. Então, sua parte só se refere aos lucros ou aos prejuízos, claro.

Quais os tipos de FIIs? 

Existem basicamente três tipos de fundos imobiliários:

  1. Fundos de tijolos;
  2. Fundos de papel,
  3. Fundos de fundos

Fundos de tijolos

Como o próprio nome sugere, os fundos de tijolo focam em imóveis físicos. Eles são negociados na B3 e permitem investir em lajes corporativas, galpões logísticos, shoppings, hotéis etc.

Fundos de papel

São investimentos feitos em títulos e papéis do mercado imobiliário, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras Hipotecárias e Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI). Nesse caso, o rendimento vem dos juros ou da venda dos títulos a outros investidores

Fundos de fundos

Esses FIIs compram cotas de outros fundos imobiliários e formam um pacote de investimentos baseados em diversos tipos de fundos, desde tijolos até os de papel.

Como escolher um FII?

A gente sabe que são várias opções e que pode ficar um pouco difícil selecionar o fundo imobiliário que mais tem relação com o seu perfil. Por isso, na hora de escolher um FII, saiba que é preciso observar alguns pontos-chaves, que a gente lista a seguir.

Política de investimento

É fundamental conhecer a política de investimentos do FII, que deve estar descrita no regulamento. Além disso, a política de investimento deve informar:

  • Onde o fundo pretende investir seu patrimônio;
  • Qual é a estratégia adotada para obter rentabilidade;
  • Qual é o prazo dos contratos firmados no fundo, entre outras informações relevantes.

Qualidade dos imóveis

Mais especificamente no caso dos FIIs de tijolos, é importante avaliar a qualidade e a localização dos imóveis, a vacância e a perspectiva de valorização dos mesmos.

Rendimentos

É fundamental analisar a distribuição de rendimentos do fundo de investimento imobiliário, verificando a consistência dos pagamentos e o histórico de rentabilidade. Também é importante avaliar a possibilidade de valorização das cotas do FII ao longo do tempo.

Taxas

Todo investidor deve analisar os custos cobrados pelo FII, como a taxa de administração e a taxa de performance, e compará-las com os valores praticados pelo mercado.

Governança

Também é importante avaliar a qualidade da gestão do fundo, a transparência das informações e a experiência dos gestores.

Além disso, vale verificar se o FII possui uma estrutura de governança adequada, como a existência de um comitê de auditoria e um comitê de riscos.

O que é melhor: fundo de ações ou FII?

Felipe Pohren explica que para escolher entre um FII e um fundo de ações, o investidor deve primeiro ter clareza do que busca no mercado. 

Além disso, Pohren comenta que perfis mais conservadores tendem a preferir fundos imobiliários, pelo caráter mais previsível dos preços dos ativos que o lastreiam. Em outras palavras, os preços dos imóveis são mais estáveis, o que traz tranquilidade ao investidor mais conservador. Perfis mais arrojados, contudo, tendem a preferir investimento em ações, pelo potencial de crescimento de suas cotações. 

“Nesse caso, os preços variam mais, mas, em tese, a possibilidade de multiplicar o dinheiro investido, aumenta. Normalmente, o melhor é uma combinação de ambos [os investimentos], sendo a proporcionalidade entre eles um reflexo do apetite ao risco do investidor”, afirma o especialista.

Contudo, segundo ele, em ambos os casos o investidor deve estar preparado para observar oscilações no valor de mercado de seu investimento, por se tratar de renda variável.

Aliás, o head de Produtos da InvestSmart, Rafael Bellas, diz que os FIIs são mais adequados para quem procura dividendos.  “Esses fundos têm como uma de suas principais fontes de renda os aluguéis recebidos dos imóveis que compõem sua carteira. Parte desses aluguéis é distribuída periodicamente aos cotistas na forma de dividendos, os quais são isentos de IR para Pessoa Física”, lembra.

É o que também diz Pohren. “Ainda que alguns fundos de ações sejam especializados em ações pagadoras de dividendos, normalmente os dividendos recebidos pelo fundo não são distribuídos aos cotistas, mas reinvestidos no fundo. Caso o investidor busque renda com dividendos, melhor focar em fundos imobiliários, que pagam rendimentos todos os meses”, diz.

Dúvida do leitor:

“Quero aplicar em FII ou FIA. Não encontro nos bancos de minha cidade essas aplicações, alegam falta de lastro para isso. Você poderia me ajudar? Obrigado” – José Vicente S Ramos.

Caso o investidor não consiga acesso ao FII ou ao fundo de ações no banco onde mantém conta, pode fácil e rapidamente abrir uma conta em uma corretora online. Muitas delas oferecem opções sem taxa de corretagem. 

Para verificar se sua corretora segue boas práticas do mercado e possui os registros exigidos, uma alternativa é acessar esse link da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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