Fundos e poupança têm saída de recursos com aumento das dívidas e busca por isenção de IR

Para Anbima, tendência de diversificação deve continuar

Como funciona o ETF que paga dividendos? - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Como funciona o ETF que paga dividendos? - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Os fundos de investimentos e a caderneta de poupança estão ambos registrando uma incomum saída simultânea de recursos em 2023.

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira que os resgates na poupança nos primeiros sete meses deste ano somaram R$ 70,2 bilhões.

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Já nos fundos o resgate líquido no primeiro semestre atingiu R$ 205 bilhões, recorde da série histórica iniciada em 2002 pela Anbima, que representa instituições do mercado financeiro.

Dívidas em alta

Segundo o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, Ademir Correia Júnior, esse movimento reflete o maior endividamento das famílias e a maior procura por diversificação.

“Durante a pandemia o investidor de varejo poupou mais”, disse Correia Junior a jornalistas nesta segunda-feira (7). “Agora, com o maior endividamento, estamos vendo o movimento reverso”.

De fato, o Brasil vem atingindo números recordes de endividamento neste ano.

Segundo números recentes da Serasa, o número de CPFs negativados por inadimplência só veio a cair no país em junho, após cinco meses seguidos de alta.

Mesmo assim, quase metade da população adulta do país está com contas em atraso, de acordo com a Serasa.

Diversificação

Para Correia Júnior, no entanto, essa não é a única explicação para os resgates recentes na poupança e nos fundos.

“Houve uma migração para os papéis isentos”, disse ele, referindo-se a produtos de investimentos cujos rendimentos não pagam Imposto de Renda.

É o caso dos produtos ligados ao agronegócio, casos das LCAs e dos CRAs; ou ao mercado imobiliário, como CRIs e LCIs.

Segundo a Anbima, esses instrumentos vêm crescendo velozmente desde 2021. No fim de junho, o estoque dos chamados isentos era 22% maior do que no fim do ano passado.

Desde o fim de 2020, o montante aplicado nesses papéis disparou 156%, chegando a R$ 976,7 bilhões em junho passado.

Comparativamente, nesse período, o volume aplicado em ações cresceu menos de 8%, e o montante de CDBs evoluiu 61,8%.

Para o executivo da Anbima, há ainda a crescente procura dos investidores de varejo por produtos alternativos como ETFs e papéis de empresas estrangeiras, impulsionado em parte pela crescente oferta de contas de investimentos no exterior.

Contudo, Correia Junior ponderou que nos últimos meses tem havido maior escassez de oferta de produtos isentos de IR nos bancos. Por isso, ele estimou que parte dos recursos pode ser direcionada novamente para fundos nos próximos meses.

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