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Fundos mútuos de privatização: vale a pena migrar para opções de gestão ativa?
Trabalhadores que optaram por migrar parte dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em 2022 para Fundos Mútuos de Privatização (FMP) da Eletrobras (ELET3; ELET6) já podem transferir o montante para fundos de gestão ativa.
A alternativa também está disponível para quem tem FMPs de Petrobras e Vale.
Mas você conhece o FMP? A seguir, saiba mais sobre os Fundos Mútuos de Privatização e confira se vale a pena transferir o dinheiro do FGTS-Eletrobras para outros fundos de investimentos.
Fundos Mútuos de Privatização: o que são e como funcionam?
Os Fundos Mútuos de Privatização foram lançados no final dos anos 1990, no âmbito do Programa Nacional de Desestatização, para viabilizar o uso de recursos do FGTS na aquisição de parcelas acionárias da União, estados e municípios em empresas estatais. Isso ocorreu no ano passado com a Eletrobras.
“O FMP é um tipo de fundo de investimento criado para possibilitar o uso dos recursos do FGTS do trabalhador em ações de empresas de estatais que passam por processo de privatização. Ele é destinado a pessoas físicas com contas vinculadas do FGTS e funciona para obter recursos para aquisição de valores mobiliários em ofertas públicas de ações dessas empresas”, resume Tatiana Belizario, gerente de Produtos de Investimentos do Itaú.
O FMP é investido em ações de companhias listadas e pode ser uma alternativa para diversificar os recursos alocados no FGTS. Vale destacar, entretanto, que o investimento nesta classe de fundos está limitado a 50% do saldo do FGTS do trabalhador.
Os Fundos Mútuos de Privatização só recebem recursos no período da oferta pública, depois fecham para novos investimentos, ao contrário de outros fundos de ações.
Esse mecanismo permite ao trabalhador acessar o mercado acionário indiretamente e diversificar a aplicação de seu saldo no FGTS. Ademais, amplia o volume de dinheiro que pode ser destinado a uma oferta pública de ações de companhia estatal.
Rendimento passa a ser variável
Na hora de decidir se vale investir em Fundos Mútuos de Privatização, é importante ter em mente que o rendimento do FGTS destinado ao FMP deixa de ter rendimento garantido e passa a ter rendimento variável, conforme a performance das ações da companhia investida.
Por conseguinte, você deve se certificar se o seu perfil de investidor é compatível com essa modalidade de investimento para evitar frustração no futuro, decorrente de potenciais perdas.
“O investimento no FMP é uma oportunidade para o cliente buscar uma rentabilidade melhor do que a do FGTS. Mas, claro, é um investimento de risco. Ele está atrelado à renda variável. Então, vai muito do apetite que o cliente tem para investir em renda variável. É uma decisão muito pessoal. Ele precisa avaliar se está disposto a ter perdas no curto prazo, com a possibilidade de ter maiores ganhos no longo prazo”, explica Tatiana Belizario.
Os Fundos Mútuos de Privatização são todos iguais?
Cada fundo aplica em uma determinada ação.
Sendo assim, podemos ter diferentes veículos criados em momentos diversos, com investimentos em empresas distintas.
Além do FMP da Eletrobras, existem veículos criados para alocação na Petrobras e na Vale, criados no começo dos anos 2000.
Diferença entre FMP Origem e “Carteira Livre”
Existem os FMPs criados para a capitalização da Petrobras e para a privatização da Vale e da Eletrobras, mas estes estão fechados para novos aportes. “O fundo atrelado a uma oferta pública de ações de empresas em processo de privatização, chamamos de FMP ‘origem’. Nesse caso, ele possui a estratégia de investir naquela única ação, daquela empresa”, afirma a gerente de Produtos de Investimentos do Itaú.
Há também uma outra modalidade de Fundo Mútuo de Privatização (FMP), chamada “Carteira Livre”. Os FMPs de “carteira livre” podem investir até 49% de seu patrimônio em títulos de renda fixa, privados ou públicos, e o restante em ações e contratos futuros de ações e índices.
Este modelo surgiu como opção de migração para quem tinha recursos em FMPs criados anteriormente. Esse tipo de fundo pode receber recursos transferidos dos FMPs origem da Petrobras, da Vale e agora da Eletrobras.
“Os FMP ‘carteira livre’ são criados pelos bancos para receber portabilidade de outros FMPs. Só é possível investir nesse fundo ‘carteira livre’ por meio dessa portabilidade do FMP origem. Não tem como você pegar o seu recurso do FGTS hoje e entrar no FMP ‘carteira livre’”, destaca Tatiana Belizario. Além disso, segundo a executiva, quando o investidor aplica em um FMP origem, ele precisa esperar seis meses para migrar para o ‘carteira livre’.
Oferta de novo fundo
Diante desse cenário, o Itaú lançou em fevereiro um novo fundo, chamado Itaú Balanceado Ativo FMP-FGTS Carteira Livre, que é direcionado para as pessoas que investiram recursos do FGTS em Fundos Mútuos de Privatização (FMPs).
Por meio deste novo produto, os investidores podem migrar recursos que já possuem alocados em FMPs que alocam em uma única ação para uma alternativa que diversifica o seu portfólio com gestão ativa abrangendo renda fixa e variável.
O Itaú Balanceado Ativo possui uma política de investimentos que busca manter 55% dos recursos em renda variável e 45% em renda fixa. O fundo está disponível para contratação via portabilidade dos recursos já alocados em FMPs e possui taxa de administração de 1,5% ao ano.
Quais as taxas de um FMP?
O rendimento do FMP origem fica isento de Imposto de Renda se for menor ou igual ao do FGTS (TR, mais 3% ao ano).
Se o valor for acima disso, haverá recolhimento de 15% de IR sobre o que ultrapassar a faixa de isenção. A cobrança ocorre no resgate.
Lembre-se também, antes de aderir a um FMP, de verificar as taxas de administração.
Vale a pena usar o FGTS para investir em uma FMP?
O investimento em ações com recursos do FGTS pode ser feito por meio de fundos mútuos de privatização (FMP).
Diante da oportunidade, o trabalhador pode se perguntar se vale a pena usar parte dos seus recursos na operação. O saldo do FGTS rende 3% ao ano, conforme previsão legal.
Nos últimos anos, entretanto, os trabalhadores receberam parte dos ganhos do FGTS, o que melhorou um pouco o resultado. Ainda assim, o valor é considerado baixo diante de outras alternativas de aplicação.
Segundo especialistas, o perfil do investidor deve ser levado em conta na hora de decidir se vale a pena. Embora a rentabilidade seja baixa, a aplicação no Fundo oferece menos riscos do que os altos e baixos do mercado acionário.
Conforme Tatiana Belizario, gerente de Produtos de Investimentos do Itaú, na hora de optar por um FMP origem, é preciso pensar no longo prazo. “Olhando períodos mais curtos, os FMPs Vale e Petro sofreram perdas compatíveis com um investimento de renda variável”, afirma a executiva.
Valorização dos Fundos Mútuos de Privatização Petrobras e Vale
A seguir, confira como se deu a valorização dos FMPs Petrobras e Vale desde seu início, comparando com os indicadores de mercado e com a remuneração do FGTS:
- Vale: o retorno do fundo Itaú FMP FGTS Vale, desde o seu início, em 2002, até o fechamento de fevereiro deste ano, foi o equivalente a 3.487,1%, enquanto a rentabilidade do FGTS foi 174,6% no mesmo período. Se um cliente tivesse investido R$ 5.000 em 2002 no Itaú FMP Vale, teria hoje aproximadamente R$ 167 mil, enquanto, se tivesse deixado no FGTS, teria aproximadamente R$ 8.840.
- Petro: o retorno do fundo Itaú Petrobrás FMP FGTS, desde o seu início, em 2000, até o fechamento de fevereiro deste ano, foi o equivalente a 1.450%, enquanto a rentabilidade do FGTS foi 196,9% no mesmo período. Se um cliente tivesse investido R$ 5.000 em 2000 no Itaú Petrobras FMP FGTS, teria hoje aproximadamente R$ 73 mil, enquanto, se tivesse deixado no FGTS, teria aproximadamente R$ 10 mil.
Vale transferir o dinheiro aplicado em FMPs para outros fundos de investimentos?
Quem optou por migrar parte dos recursos do FGTS para Fundos Mútuos de Privatização da Eletrobras já podem transferir o montante para fundos de gestão ativa. A alternativa também está disponível para quem tem FMPs de Petrobras e Vale.
Diante dessa possibilidade, bancos e corretoras vêm criando fundos para receber os recursos. Para os analistas, a migração pode ser vantajosa porque esses fundos investem em ativos diversificados e não apenas nas ações de uma empresa. Por outro lado, são cobradas taxas maiores.
Passados seis meses da operação que resultou na privatização da Eletrobras, os papéis da companhia se valorizaram apenas 6,5%, saindo de R$ 40,10, em 13 de junho de 2022, para R$ 42,68, em 25 de janeiro.
De acordo com os analistas, embora a aplicação tenha objetivo de longo prazo, com potencial de ganhos maiores com o decorrer do tempo, aplicar em um fundo com mais de um tipo de investimento diminui riscos e aumenta as chances de lucro.
Fundos de gestão ativa têm possibilidade de ganhos maiores, porque os gestores podem mudar a estratégia ao perceber algum cenário negativo. Além disso, os fundos costumam mesclar investimentos diversos de renda variável com renda fixa, o que reduz os riscos.
No caso de FGTS-Petrobras e FGTS-Vale, conforme os dados acima, houve boa valorização diante do boom das commodities no ano passado. Por isso, é preciso analisar se a transferência para os novos fundos que estão sendo criados realmente será vantajosa. Caso o investidor opte pela migração, não há incidência de impostos.
Vale destacar que, mesmo com a migração, o trabalhador continua sujeito às regras do FGTS, ou seja, o saque é possível, por exemplo, em caso de demissão sem justa causa, doença grave e compra de imóvel próprio.
Como fazer a migração de um FMP Origem para “Carteira Livre”?
Apenas quem alocou recursos nos FMPs Petrobras, Vale e Eletrobras têm a alternativa de migrar os recursos alocados em Fundos Mútuos de Privatização para fundos de gestão ativa. Sendo assim, os trabalhadores não podem migrar os recursos do FGTS direto para os fundos de gestão ativa de corretoras e bancos.
Para fazer a migração, em alguns casos, é possível fazer pelo próprio aplicativo da instituição financeira. Em outros, é necessário procurar o assessor de investimento ou gerente e fazer o pedido. O tempo para transferência é variável.
Na hora de avaliar a transferência, é importante ter em mente que as taxas dos fundos de gestão ativa são maiores. Nesse sentido, enquanto os FMPs Eletrobras têm taxas entre 0,20% a.a. e 0,40% a.a., os fundos de gestão ativa cobram, em média, por ano, 2%.
Posso voltar os recursos para o FGTS se eu quiser?
O retorno dos recursos de um fundo “carteira livre” ao FGTS só estará liberado a partir de junho de 2023, quando os FMPs Eletrobras completam um ano. Ademais, vale reforçar que os recursos aplicados em FMPs de gestão ativa são liberados de acordo com as regras do FGTS. Podem sacar trabalhadores demitidos sem justa causa, com doença grave e que queiram comprar casa própria, entre outros.
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