Quais são as maiores pagadoras de dividendos do mundo?
E ainda: saiba se vale a pena investir nas 5 maiores distribuidoras de proventos
Receber os dividendos das empresas é o objetivo de muitos investidores no mercado financeiro. No Brasil, o maior investidor individual da bolsa, Luiz Barsi, construiu sua fortuna com a estratégia de aplicar em determinados grupos de empresas brasileiras pagadoras de dividendos. Mas como receber proventos em dólar das maiores pagadoras de dividendos do mundo?
Pois bem, é isso o que a Inteligência Financeira vai te mostrar. Aliás, um levantamento feito pela Janus Henderson Investors com as 1.200 maiores empresas em valor de mercado mostra quais são as líderes na distribuição de lucros no último ano.
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A brasileira Petrobras (PETR3,PETR4) aparece segundo lugar com U$$ 21,7 bilhões em proventos pagos em 2022. Na lista ainda constam gigantes como a mineradora australiana BHP em primeiro lugar; a Microsoft em terceiro; a Exxon Mobil em quarto; e a Apple em quinto.
Tudo isso você vê logo abaixo, ainda neste texto.
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O que são dividendos?
Dividendo é o lucro de uma empresa distribuído aos seus acionistas . Dessa forma, a partilha fica a cargo dos diretores da empresa, que definem se haverá pagamento, qual a quantia a ser paga, quando isso deve acontecer e quais acionistas terão direito ao recebimento.
No Brasil, ainda existem os Juros Sobre Capital Próprio (JCP). A diferença é que os JCPs são tratados como despesas no balancete, enquanto os dividendos são lucros. Assim, quem recebe JCP leva uma mordida do Imposto de Renda (IR) e tem que pagar 15% sobre o que recebeu. Já os dividendos são isentos.
Como receber dividendos de empresas estrangeiras?
E para receber dividendos de empresas estrangeiras você tem duas opções, usar uma corretora de outro país, ou comprar os ativos por meio das BDRs (Brazilian Deposit Receipts) na bolsa de valores brasileiras.
Aliás, BDR é um recibo com o qual o investidor tem acesso a ações de empresas e a ETFs estrangeiros na bolsa brasileira. Por isso, cada BDR é negociado em reais da mesma maneira que as ações, e está sujeito à mesma cobrança de Imposto de Renda.
Além da oscilação dos ativos em seu mercado de origem, BDRs também refletem a flutuação do câmbio, já que derivam de ativos dolarizados e são comercializados em reais. Ou seja, se o dólar subir, um BDR tende a se valorizar e você pode ganhar dinheiro com essa diferença.
As maiores pagadoras de dividendos do mundo são boas opções?
Paulo Albuquerque, analista de investimentos e sócio da Quantzed, explica que o fator mais importante para o investidor de longo prazo que busca dividendos é a perenidade do pagamento. Por isso, não se deve olhar apenas para o valor a ser distribuído, nem apenas para o dividend yield.
“É importante verificar outros fatores como o payout, por exemplo. Empresas com payout elevado tendem a não conseguir manter o ritmo de distribuição de dividendos. O mesmo vale para a dívida. Empresa que toma dívida para pagar dividendos tende a não manter os pagamentos no futuro”, afirma.
Aliás, ele lembra também que os dividendos precisam ser pagos sobre o lucro recorrente. “No mundo ideal, as melhores empresas para dividendos são aquelas com payout entre 50-70%, baixo endividamento e lucros recorrentes. Essas três métricas garantem perenidade para distribuições futuras”.
Empresas globais boas pagadoras de dividendos
Paulo fez as contas para a IF com as cinco primeiras no ranking:
P/L | DY | Payout | ROE | 12 meses | Ano | |
BHP | 8,4 | 8% | 90% | 39% | -14% | -6,5% |
Petrobras | 1,7 | 77% | 115% | 50% | -35% | -10% |
Exxon | 7,5 | 3,5% | 26% | 30% | 21% | -7,5% |
Microsoft | 30 | 1% | 28% | 39% | -8% | 14% |
Apple | 26 | 0,5% | 15% | 147% | -9% | 21% |
Lembrando que:
- P/L (preço sobre lucro): relação que a grosso modo, quanto mais alto for, melhor é a geração de lucros futuros;
- DY (dividend yield): relação entre o valor distribuído em dividendos por ação e o preço do ativo;
- Payout: porcentagem do lucro líquido distribuído em dividendos;
- ROE: lucro líquido sobre o patrimônio líquido nos últimos 12 meses;
- 12 meses: valorização da empresa nos últimos 12 meses,
- Ano: valorização da empresa no ano.
Vale a pena investir nas maiores pagadoras de dividendos do mundo?
Aliás, com a ajuda de analistas, vamos avaliar se vale investir nas cinco maiores pagadoras de dividendos do mundo.
BHP (BHPG34)
A australiana BHP (BHPG34) é a maior mineradora do mundo. Suas ações estão crescendo cerca de 17% nos últimos seis meses. De acordo com a economista Ariane Benedito, especialista em mercado de capitais, o papel é uma boa opção.
“Apresenta bons resultados e vem surfando com as condições de a reabertura de economia chinesa, que animou o mercado de minério de ferro. Apesar da expectativa de recessão no mundo, o minério de ferro continua revalidando suas altas, o que traz otimismo para posição nessa ação”, diz.
Petrobras (PETR3,PETR4)
Para Paulo Albuquerque, a política de dividendos de uma das maiores empresas do Brasil, a Petrobras (PETR3,PETR4), pode ser alterada em breve. Além disso, há incertezas quanto aos rumos da guerra na Ucrânia e alta dos juros pelos bancos centrais.
“A Petrobras, inclusive, a única brasileira na lista, pode muito bem ser uma cilada. A empresa está com payout acima de 100%, ou seja, é impossível continuar nesse ritmo, pois é indicativo de que a empresa distribui mais do que o lucro líquido “, diz.
Segundo ele, os dados demonstram que a empresa abusou da distribuição dos dividendos. “Sobretudo no fim do governo passado, e é altamente provável que haja alteração na política de preços da companhia, o que refletirá no lucro líquido e, portanto, nos dividendos”, afirma.
Exxon (EXXO34)
Uma das maiores petroleiras do mundo, a Exxon (EXXO34) vem de alta de cerca de 19% nos últimos seis meses e é a preferida de Paulo.
“Das três primeiras, que são as de commodities [matérias-primas], acho que o ‘melhor cavalo para surfar a onda atual’ é a Exxon, que em termos de preço/lucro está mais barata que a BHP e surfa a tese de aumento de preço do petróleo. Embora o dividend yield seja mais baixo, o payout é o segundo menor da lista, então tem potencial para aumentar bastante os dividendos. Além disso, o ROE está bastante adequado”, comenta.
Microsoft (MSFT34)
O head de internacional da InvestSmart, João Romar, lembra que desde o último trimestre reportado (3T22), a Microsoft apresenta queda de 12% frente ao trimestre anterior (2T22), segundo trimestre fiscal.
“Esse é um lado contra, pois precisamos enxergar qual será o resultado do primeiro trimestre de 2023. Porém, existem fatores a favor da empresa, como, por exemplo, market share gigante no seu setor, alta capacidade de reinvenção e adequação à novas tecnologias. Além disso, gestão competente, modelo de negócio diversificado e de grande capacidade de alavancagem em praticamente qualquer cenário”, diz.
Apple (AAPL34)
A gigante da tecnologia não podia ficar de fora do ranking. Para João, a Apple, empresa líder no segmento tecnológico, continua demonstrando sua força a partir dos resultados, mesmo em momentos de crise.
“Tem uma força enorme de branding. Aliás, teve as ações mais resistentes de todo setor de tecnologia dos EUA na atual crise pós-covid. Além disso, um dos poucos empecilhos é a possível recessão no mercado americano, o seu maior mercado, o que poderia diminuir o ritmo de vendas e consequentemente de receita”, afirma.
Aliás, Gustavo Cruz, Estrategista Chefe da RB Investimentos, lembra que as duas últimas empresas têm boas perspectivas mesmo em um cenário de incertezas econômicas internacionais.
“Tem a questão das techs, mas na virada do ano esperava-se que a Europa e os Estados Unidos teriam anos mais difíceis que estão tendo. Além disso, a China está com expectativa de crescimento maior que o ano passado. As expectativas são boas para estas gigantes”, complementa.
O que diz o estudo das maiores pagadoras de dividendos do mundo?
O estudo da Janus Henderson mostra que foram distribuídos em 2022 U$$ 1,56 trilhões em dividendos, crescimento de 8,4% em relação a 2021.
Aliás, os dividendos pagos por empresas brasileiras corresponderam a um terço dos mercados emergentes, em particular, por conta da Petrobras.
Além disso, os setores de gás/petróleo e financeiro foram responsáveis pela metade do crescimento dos dividendos distribuídos. Para acessar o estudo na íntegra, basta clicar aqui.