Mercado financeiro tem baixo engajamento em ações de diversidade, mostra Anbima

63% dos bancos de atacado, gestoras e plataformas declararam ser indiferentes ou resistentes sobre os assuntos

- Ilustração: Renata Miwa
- Ilustração: Renata Miwa

As instituições dos mercados financeiro e de capitais ainda têm um engajamento baixo em relação aos temas de diversidade e inclusão. É o que mostra a edição de 2022 da pesquisa sobre esses temas sociais da Anbima. Segundo o levantamento, feito em parceria com a consultoria Goldenberg Diversidade, 63% dos conglomerados, bancos de atacado, gestoras e plataformas de investimento que fizeram parte do estudo declararam ser indiferentes, resistentes ou muito resistentes sobre os assuntos.

Aqueles que se declararam engajados ou muito engajados somam 37% das 94 casas participantes da pesquisa. Diversidade, na definição do estudo, leva em conta a representação demográfica da sociedade nas instituições e o percentual de mulheres, negros e indígenas, pessoas com deficiência, profissionais LGBTQIA+ e de diferentes idades nos seus quadros. A inclusão, por sua vez, diz a Anbima, busca assegurar que essa representatividade se distribua nos diversos escalões das organizações.

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Segundo o superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da Anbima, Marcelo Billi, quando se olha o resultado de maneira estratificada é possível perceber uma concentração maior de instituições sem engajamento entre as casas de menor porte. “Parece que [o resultado] tem a ver com tamanho das empresas, porque as organizações maiores, com mais funcionários, costumam ter políticas específicas.”

O estudo mostra que os bancos de atacado se mostram os mais engajados, com 54% das instituições atentas às ações de diversidade e inclusão. Já entre os conglomerados, o percentual recua um pouco para 40%.

Plataformas de investimento e gestoras de ativos aparecem como os menos engajados, com cerca de dois terços de cada grupo com posturas de indiferentes a muito resistentes. “Parece haver uma falta de representatividade que muitas empresas costumam ter no início, quando ainda têm uma operação reduzida com poucos funcionários”, diz Billi.

Para o coordenador do Grupo de Trabalho de Diversidade e Inclusão da entidade e responsável pelas operações do Private Bank do J.P. Morgan para América Latina, Gilberto Costa, ainda que a maior parte do setor se mantenha pouco ativa na melhora dos indicadores internos de diversidade, “a indústria toda está caminhando para reconhecer a importância desse tema”.

Ainda que o engajamento seja baixo, 84% da alta liderança está envolvida com o tema. Apesar disso, pouco mais da metade, 54%, tem um compromisso institucional e só 24% definiram metas e objetivos para diversidade e inclusão.

As instituições que contam com ações estruturadas, regulares e orientadas por metas e objetivos claros representam 16% da base. As casas que fazem ações pontuais, mas sem políticas, metas ou objetivos, reúnem 18% da amostra. E 26% demonstram interesse, porém sem nenhum tipo de atuação no momento. Há ainda um grupo de 35% dos respondentes que firmaram compromisso ou têm apoio da liderança para promover iniciativas relacionadas aos temas.

O levantamento da Anbima mostra ainda que as principais motivações apontadas pelas casas para investir em diversidade e inclusão passam pela colaboração para uma sociedade mais justa e criar ambientes de trabalho mais atraentes e saudáveis. A justificativa “justiça social” aparece em 76% das respostas. “Atrair, engajar e reter talentos” surge em segundo com 66% das indicações. E “promover colaboração, criatividade e inovação” é vista como motivação por 64% dos entrevistados. 

Do Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico 

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