O que são ações defensivas e por que é importante tê-las na carteira?
E ainda: saiba como escolher esses papéis
Os investidores norte-americanos estão procurando ações defensivas para compor suas carteiras. Na semana passada, o índice de ações defensivas do Goldman Sachs saltou mais de 4%, o que mostra que o o momento é de buscar proteção. No Brasil, é possível ver setores cíclicos em baixa e sem perspectivas claras de “volta à normalidade”, enquanto empresas geradoras de caixa e consolidadas em seus setores mantêm as precificações em patamares próximos ao que vimos no ano passado.
O que são ações defensivas?
Algumas empresas são conhecidas pelos investidores por gerar caixa consistentemente e apresentar lucros, mesmo em cenários econômicos desafiadores. Essas empresas são geralmente procuradas pelo mercado em momentos de dificuldade porque suas ações tendem a ficar pelo menos estáveis diante de uma turbulência.
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Por que investir em ações defensivas?
Ter ações defensivas traz “resiliência para a carteira, se tornando menos dependente de um ciclo doméstico mais positivo e de perspectivas macroeconômicas favoráveis, o que torna a carteira mais sólida e com ótimos resultados, até mesmo em momentos de crise”, explica João Daronco, analista da Suno Research.
Como identificar ações defensivas?
Se ter essas ações na carteira traz vantagens para o investidor, é preciso saber identificá-las. A primeira tarefa é ir atrás de indicadores muito usados na análise fundamentalista.
Um deles é o fluxo de caixa operacional. As companhias registram entradas e saídas relacionadas apenas a suas atividades operacionais. O indicador mostra quanto dinheiro a empresa gera apenas com o seu negócio principal. Isso não deve ser analisado em um semestre isolado, já que a ideia aqui é encontrar empresas que geram caixa constantemente, uma das características de empresas com ações defensivas.
A dívida líquida/Ebtida também é importantíssima para identificar ações de empresas sólidas. Dividindo esses números é possível saber quantos “Ebtidas” seriam necessários para a empresa pagar a sua dívida. Se o resultado for igual a quatro, significa que a companhia precisa de quatro vezes o valor do Ebtida para pagar suas dívidas.
“Empresas com dívida baixa tendem a sofrer menos com altas taxas de juros e esses índices mostram a resistência das empresas em momentos de crise”, diz Matheus Jaconelli, analista da Nova Futura Investimentos.
Olhe para o setor em que a empresa está inserida
O especialista ainda indica outro caminho importante para identificar ações defensivas: o setor da empresa. É difícil encontrar ações defensivas de varejistas, por exemplo. Isso porque essas empresas são muito sensíveis à alta das taxas de juros e da inflação. Em momentos como o atual, investidores costumam fugir do setor.
Por outro lado, as transmissoras de energia elétrica funcionam como escudos para as carteiras. Elas têm longos contratos de concessão indexados à inflação, conseguem repassar os preços com facilidade e fornecem um bem que é muito demandado. Este é o exemplo ideal de um setor defensivo.
Um exemplo prático: enquanto as ações do Magazine Luiza (MGLU3) perdem mais de 60% no ano por causa do ciclo desfavorável ao varejo, os papéis da Taesa (TAEE11) sobem mais de 7%.
“Os bancos também são empresas que tendem a ser defensivas. No Brasil, é um setor com poucas e grandes empresas que possuem grande fatia de mercado”, diz Jaconelli.
Companhias que têm parte da receita em dólar, como JBS (JBSS3), Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) são exemplos de brasileiras com receita considerável na moeda norte-americana.
O momento pede ações defensivas?
A Selic está em 13,25% e o mercado ainda espera que a taxa suba no segundo semestre. Inflação preocupante, incertezas por causa das eleições e preocupação com a recuperação da economia global criam um clima ruim para investimentos de risco, como as ações.
Considerando todos esses fatores, é possível afirmar que o momento pede ações defensivas. Porém, na visão de analistas, elas devem estar presentes nas carteiras mesmo quando tudo vai bem na economia.
Matheus Jaconelli explica que “a diversificação é importante em todos os momentos, porque no longo prazo reduz consideravelmente o risco de uma carteira, já que há a possibilidade de contrabalancear os riscos”.