- Home
- Onde investir
- Renda variável
- Já ouviu falar nos fundos de caixa? Pois eles são indicados quando inflação e juros sobem
Já ouviu falar nos fundos de caixa? Pois eles são indicados quando inflação e juros sobem
Os fundos de investimento têm passado por um período de saque. Contudo, há opções que têm se saído melhor. Os fundos de alta liquidez e baixo risco têm vivido um momento positivo no mercado global: os chamados fundos de caixa.
Um levantamento da EPFR Insights apontou que, no dia 4 de abril, os fundos desse tipo registravam entradas acima da média nas últimas três semanas.
Fundos de investimento para reserva de emergência
Com as incertezas relacionadas aos cenários global e local, esse tipo de fundo ganha espaço como opção para alocação de reserva de emergência. Isso porque possibilita resgate praticamente imediato em caso de imprevistos. Em alguns casos, o saque pode ser feito em dois dias.
Fernando Camargo, gestor da Trópico Investimentos, diz que os fundos mais indicados são os de “zero exposição ao risco de crédito privado corporativo”. Essa opção “possui baixa volatilidade e retorno próximo ao CDI”, o que é indicado para momentos de turbulência.
Essas operações são de baixo risco de crédito. Além disso, são realizadas, geralmente, por meio da compra de títulos de bancos de rating AAA e AA. Também podem ser adquiridas por títulos públicos federais, os mais seguros do mercado.
Para quem é indicado fundo de caixa?
A opção é voltada para investidores mais conservadores. Mas também funcionam para perfis mais arrojados como um “estacionamento” para os ativos. Ou seja, enquanto o investidor aguarda o melhor momento para entrar em opções mais arriscadas, como a bolsa, por exemplo.
Atualmente, o cenário se mostra propício para esse tipo de “parada” em investimentos mais conservadores. Isso porque vivemos um momento de incertezas no mercado internacional e no âmbito nacional também, diz Camargo.
“Temos a bolsa, por exemplo, com alta volatilidade, que chegou a perder o patamar dos 100 mil pontos semanas atrás”. Na tarde de terça-feira (18), com a recuperação das últimas semanas, o Ibovespa operava acima dos 106 mil.
Como escolher um fundo de caixa?
O importante na hora de optar por um fundo deste tipo é entender os riscos atrelados à estratégia de cada gestora. Quanto maior a participação de títulos privados, maior o grau de risco. E quanto menos exposição ao pós-fixado, maiores as chances de passar por mais oscilação.
“É importante questionar o gerente do banco/assessor sobre a evolução da composição da carteira. Assim, é possível entender se o retorno passado que foi apresentado é condizente com essa evolução. E, mais importante, se é condizente com as expectativas futuras”, detalha Marcus Macedo, CIO do Andbank Brasil.
Apesar destes fundos terem uma combinação de mais de um indexador, ainda assim, são desenhados para bater o CDI. Assim, acabam com uma composição de viés bastante pós-fixado. As estratégias pós-fixadas devem ser privilegiadas em momento de alta de juros.
Quando os juros vão cair?
A questão que assola os investidores hoje é justamente quando começa o ciclo de corte de juros. As principais variáveis para definição deste momento são a política fiscal do novo governo e a trajetória da inflação.
“Se o governo conseguir convencer sobre sua preocupação com o fiscal e as expectativas de inflação continuarem estáveis, o BC pode iniciar o ciclo de corte de juros ainda esse ano. Caso contrário, só veremos cortes de juros no ano que vem”, acrescenta Macedo.
Nos fundos de alta liquidez e baixo risco, “não tem muito o que inventar”. É o que diz Luccas Fiorelli, sócio da HCI Invest e Planejador Financeiro pela Planejar (Associação Brasileira do Planejamento Financeiro). “Com o CDI alto do jeito que está, pegar fundos atrelados a 100% CDI e que tenha taxa de administração baixa”, explica.
Ele destaca a importância de o investidor entender que os fundos de caixa funcionam como uma opção para criar uma reserva de emergência. “É aquele dinheiro que, se o investidor parar sua atividade econômica por algum tempo, ele vai conseguir utilizar esse dinheiro”, destaca Fiorelli.
Riscos no crédito privado
Além disso, o especialista destaca a crise de crédito no mercado. Isso “torna os fundos de investimento que tem crédito privado em suas carteiras muito arriscados, vide as perdas registradas por diversos fundos, como é o caso da Americanas”, diz Camargo, da Trópico Investimentos.
Internacionalmente, também há questões que exigem mais cuidado na escolha dos ativos. “As altas dos juros e falências de bancos também provocaram a fuga de ativos arriscados”, afirma.
Ele complementa: “todo esse cenário de conturbações, aliado à taxa de juros elevada, faz com que os investidores busquem ativos como os fundos multimercados de baixa volatilidade. Isso como forma de proteger o seu patrimônio e de preservar a liquidez”.
Para tanto, ele recomenda a escolha por fundos de caixa que contemplem basicamente títulos públicos e de grandes bancos.
Outras opções
Os fundos de caixa podem combinar também títulos públicos pós-fixados, com destaque para LFTs, como títulos privados, que podem ser de diferentes graus de risco e com a utilização de diferentes indexadores (pós-fixado, prefixado ou atrelados à inflação). É o que explica Macedo, do Andbank.
Para buscar uma rentabilidade maior, algumas gestoras de investimentos fazem a combinação dessas opções. A intenção é “entregar um resultado acima do CDI, depois dos custos inerentes a qualquer fundo, tais como taxa de administração, custódia, taxas dos reguladores, auditoria, entre outros”, diz Macedo. A contrapartida, porém, é o aumento da exposição ao risco.
Efeito Americanas sobre os fundos de investimento
Macedo conta que o mercado de títulos privados sofreu um choque. Isso devido aos problemas que aconteceram no início do ano, com as incertezas relacionadas a Americanas e Light.
Os fundos de crédito privado que continham esses papéis sofreram bastante e impactaram o mercado como um todo, já que os investidores ficaram com medo de um efeito em cascata nas opções de crédito privado.
“Uma boa analogia para esse mercado, de crédito privado, é um lago. Onde caiu uma pedra, há uma ondulação forte na superfície da água, e os pontos mais pertos do epicentro da queda oscilam mais”, diz o executivo do Andbank ao mencionar os fundos que continham ações das duas empresas.
“Enquanto isso, os pontos mais distantes do centro do evento sofrem menos, mas ainda assim, oscilam”, explica o executivo do Andbank.
Para Vitor Alves Junckes, gestor de Multimercados da Somma Investimentos, o momento não é dos melhores para a indústria de multimercados de baixo risco. “Dos fundos que acompanhamos, a grande maioria está com performance nominal positiva, porém, abaixo do CDI”.
Opção para melhor a rentabilidade
A tendência é que esse momento de incerteza, que tem jogado a rentabilidade de ativos mais arriscados para baixo, seja amenizado no segundo semestre, diz Junckes, “período em que devemos ter o final do ciclo de aumento de taxa de juros na economias desenvolvidas e possivelmente teremos cortes de juros no Brasil”, avalia.
Desta maneira, para quem deseja colocar um pouco mais de risco na carteira, os fundos multimercados têm boas opções. Moedas estrangeiras e ações das bolsas de valores podem render bem. Porém, isso inclui riscos.
“Quem é mais conservador, com os juros altos do jeito que está, vai atrelar basicamente boa parte do portfólio a inflação e, principalmente, pós-fixado. Dá para ter uma parcela pequena em multimercado, mas a gente acaba indicando um percentual menor na carteira”, diz Fiorelli, da HCI.
Quais fundos são as melhores opções agora?
Ele aconselha optar por fundos mais antigos, porque é mais fácil compreender se a análise que fazem do mercado é realmente eficiente e pode entregar lucratividade.
“A gente tem muitos fundos que surgiram recentemente, mas a gente sempre acaba olhando o que o fundo entregou, a quanto tempo tem haste, qual o time de gestão, o que fizeram para fornecer uma análise completa ao investidor”, conclui.
Leia a seguir