Quando é hora de pôr o pé no freio nos investimentos?
Saiba o que considerar antes de migrar para ativos mais conservadores
Parece que os investidores mais ricos têm colocado o pé no freio nos investimentos. De acordo com o levantamento mensal feito pela Smartbrain, a alocação dos mais endinheirados aumentou em renda fixa (de 39,49% em setembro para 40,33% em outubro) e previdência (de 6,69% para 6,72%), enquanto caiu em ações e fundos de ações (de 9,2%, para 9,11%) e fundos multimercados (de 38,97% para 38,33%).
Até mesmo as ações preferidas são mais conservadoras, de setores como commodities e as utilities. O estudo analisa dados da carteira de investidores dos segmentos de varejo, alta renda, private e ultra high.
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Um cenário desafiador
Segundo Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos, o cenário tem sido de fato mais desafiador e volátil — para os mais ricos ou não.
“De maneira geral, vemos que ainda estamos com uma taxa de juros elevada. O que torna o momento propício para investimentos mais conservadores, principalmente para investidores que buscam um rendimento mensal”, ressalta.
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Porém, isso pode mudar com a queda da taxa de juros no Brasil e uma perceptiva de manutenção da taxa americana. “Se isso de fato acontecer, os investidores que têm um perfil mais agressivo começam a mudar sua estratégia de investimentos, partindo para uma carteira de risco”, afirma Marcelo.
Como saber a hora de colocar o pé no freio nos investimentos?
Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o movimento observado em outubro é reflexo de uma queda da bolsa. Mas as coisas mudam rápido. “Muitos investidores ao longo do semestre aumentaram a posição em renda fixa por conta do desempenho ruim da renda variável. Porém, em um mês, por exemplo, a bolsa brasileira pode subir 10%, como aconteceu em novembro [desse ano], quando mudou a leitura do mundo sobre percepção de risco”, ressalta.
Mas afinal, como saber se é hora de ser mais conservador nos investimentos? Não existe fórmula mágica. Para tomar essa decisão, é importante considerar, antes de tudo, seu perfil de investidor. Marcelo destaca: em um contexto de taxa de juros alta por aqui, quem já é mais conservador, ou até mesmo moderado, tende a permanecer em investimentos menos arriscados.
Por outro lado, Gustavo destaca que os movimentos do mercado são rápidos — como esse da subida da bolsa. “Por isso, por mais que o investidor tenha o perfil arrojado e veja as taxas de juros elevadas, é importante manter algumas aplicações em renda variável”, diz o especialista.
O que esperar daqui para frente
Para os próximos meses, a expectativa, na visão de Marcelo, é de mais volatilidade. “Mas em termos de valuation, a bolsa brasileira está atrativa, com um Preço/Lucro em 7,8 vezes, contra um histórico de 11 vezes. Isso quer dizer que está barata. Lembrando que o investidor estrangeiro está retornando à bolsa. Me parece que já começou o famoso rali de final de ano”, conclui.