Small caps saltam quase 9% no 1º tri; desempenho é prenúncio de um ‘bull market’?
o índice de small caps (SMLL) encerrou o primeiro trimestre em alta firme de 8,87% ante 6,54% do Ibovespa

As ações de baixa liquidez da bolsa de valores emplacaram em março um segundo mês de crescimento, puxadas por uma procura tímida, mas crescente pela renda variável. Com isso, o índice de small caps (SMLL) encerrou o primeiro trimestre em alta firme de 8,87% ante 6,54% do Ibovespa.
Para Werner Roger, sócio e fundador da Trígono Capital, pioneiro na gestão de small caps no Brasil, o desempenho não é prenúncio de um bull market para as ações das empresas pequenas. Ao contrário.
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Roger, que vem sofrendo com seus fundos dedicados ao setor desde o final de 2023, diz que está, neste momento, “com uma carteira defensiva” de ações de pequenas empresas.
Segundo ele, “o mercado está totalmente disfuncional”. E a culpa disso vem da macroeconomia. A inflação e a alta nos juros atraiu muita gente para as NTN-Bs, que por sua vez sugaram os recursos dos investidores da bolsa.
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“Falaram que as NTN-Bs (com prêmio) de 6% era muito. Subiu para 7%. Falaram que 7% era muito. Está em 8%“, diz.
“No ano passado, os fundos de small caps perderam 27% de seus ativos sob gestão, por resgates. Foi tudo embora”, afirma.
Segundo ele, os investidor que compra ações de small caps neste momento é a pessoa física. E alguns estrangeiros.
“O estrangeiro saiu e está querendo retornar, devagar. O estrangeiro não se interessa por NTN-B. Ele olha para PIB (crescimento da atividade econômica e dos negócios)”, diz.
Fundos amassados
Gaúcho, Werner Roger trabalhou na área de crédito e risco do Citibank. Em 2006, foi dirigir o departamento de pesquisa da Western. Depois, passou quase dez anos na Victoire, até fundar a Trígono em 2017.
A gestora viveu seu auge entre 2020 e 2021, quando colocou os fundos Delphos, Flagship Small Caps, Flagship 60 Small Caps e Verbier, todos de ações de empresas pequenas, no topo dos rankings de gestoras de ações.
Em 2023, principalmente a partir do quarto trimestre, começou a perder para o CDI. Desempenho que segue baixo até hoje.
“Os fundos estão apanhando”, diz ele. Em média, os fundos de small caps estão com rentabilidade negativa de mais de 17% numa janela de um ano.
“O mercado de small caps tem uma porta pequena para entrar e uma menor ainda para sair. Eu estou fazendo stock picking (estratégia de investimento que consiste em selecionar ações com potencial de valorização) entre small caps a espera de queda nos juros. É quando os investidores institucionais vão entrar”
Empresas desalavancadas
Neste momento, Werner Roger tem aplicado em small caps desalavancadas e com bom situação de caixa. A lista tem desde a sucroalcoleira São Martinho (SMTO3) até a Embraer (EMBR3).
“A Embraer passará bem por essa questão das tarifas. Tem fábrica nos Estados Unidos. E está num bom momento”, diz.
A preferida do portfólio é a catarinense Schulz (SHLU4), fabricante de compressores. “Para mim, é uma mini WEG (WEGE3). A empresa cresce sempre, sem dívida”, destaca.