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Ultrarricos contribuem para sangria nos fundos multimercados no 1º semestre
Na desidratação que se viu nos fundos multimercados neste ano, a pessoa física e as operações por conta e ordem (via plataformas de investimentos ou gestoras de patrimônio) responderam por R$ 49,6 bilhões dos resgates até maio, segundo a Anbima, que representa o mercado de capitais e de investimentos. De setembro a dezembro, as saídas já tinham somado R$ 81,4 bilhões.
O movimento percebido dos últimos meses de 2023 coincidiu com o período que antecedeu a taxação dos fundos fechados exclusivos e restritos com o come-cotas, o imposto semestral que já incidia nas carteiras condominiais abertas destinadas ao público geral. Boa parte dos fundos usados para gestão patrimonial de famílias ultrarricas estava sob a casca de multimercados e as estruturas foram revisadas a partir das discussões da legislação que passou a tributar estes veículos neste ano.
Os contribuintes de alto patrimônio optaram pela atualização dos seus estoques até novembro, numa primeira etapa, para ter acesso à alíquota diferenciada de 8% permitida pelo governo, já que o come-cotas, cobrado semestralmente, para carteiras de longo prazo passou a ser de 15%.
“Tem a ver com reestruturações iniciadas em outubro e a gente continua a ver eventuais fechamentos e liquidação de fundos porque também não captaram e não performaram tão bem”, disse Pedro Rudge, diretor da Anbima, ao comentar os resultados da indústria de fundos no primeiro semestre.
“Os gestores têm tido dificuldade de ter rentabilidade boa nos últimos meses em função do ambiente mais desafiador, com dúvidas no mercado externo e com o equilíbrio fiscal no Brasil.”
O número de multimercados encolheu, com 609 fundos a menos de setembro para cá, para um total de 13,3 mil carteiras. O patrimônio, ao fim de junho, somava R$ 1,660 trilhão, redução de 1,71% em relação à foto de um ano atrás. Neste ano, só os fundos estratégia específica dentro da classe superavam o CDI.
Rudge comentou que a Anbima conseguiu identificar de 300 a 400 fundos que foram reestruturados, com cisão ou transformação em outros veículos. “Eu era cotista de um fundo fechado exclusivo e vou dividir em dois ou três, isso vai impactar a conta. Alguma poluição decorrente da tributação pode explicar um pouco do movimento.”
O representante da Anbima não tinha à mão os volumes financeiros decorrentes dessas revisões. “É importante ter em mente que a saída de recursos da classe tem sido relevante. E tem muito fundo que tem diminuído de tamanho.”
Com a performance recente da indústria de multimercados, a tolerância a resultados aquém dos esperados ficou menor. No fundo fechado, as famílias conseguiam compensar perdas e ganhos e o diferimento do Imposto de Renda dentro da estrutura mitigava o sentimento de aversão em janelas de retorno mais adversas.
Com informações do Valor Econômico
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