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Dólar: entenda por que ele sobe e desce e como afeta os brasileiros
Quem nunca pensou em viajar para os Estados Unidos, juntou um certo dinheiro e, quando foi fazer a conversão de real para dólar, se viu decepcionado?
Foi exatamente isso que aconteceu com as pessoas que começaram a juntar recursos em junho de 2021 (quando a cotação estava US$ 1 = R$ 4,90) para bancar uma viagem internacional nas férias no início deste ano. Em 2 de janeiro de 2023, a moeda norte-americana batia a casa dos R$ 5,70.
Mas não é só nas viagens que as variações do dólar afetam a vida dos brasileiros. Sua cotação interfere diretamente no preço da gasolina, no custo dos serviços de diversos setores, no preço dos alimentos, eletrodomésticos e até na alta dos remédios, ditando, assim, os rumos da inflação no país.
Por ser a moeda de referência do mercado internacional, sua cotação influencia as relações comerciais do Brasil com o mundo, sejam em exportações ou em importações e, claro, no ganho dos investidores.
Mas, afinal, por que o preço do dólar sobe e desce tanto?
No Brasil, as moedas estrangeiras variam livremente de acordo com a oferta e a demanda e, com isso, podemos dizer que o país adota o regime de câmbio flutuante. Basicamente, é possível destacar alguns fatores principais que fazem o dólar subir ou cair. São eles:
Superavit ou déficit da balança comercial
O termo é utilizado para se referir à diferença entre as exportações e importações de um país. Se as exportações superaram as importações, o resultado é positivo, chamando-se superávit.
Em outras palavras, quando há muitos dólares entrando, o preço da moeda tende a cair. Na situação contrária, quando se importa mais do que se exporta, a balança comercial registra um déficit – estamos mandando para fora mais dólares do que recebendo e, assim, o preço sobe.
Entrada e saída da moeda pelo turismo
Esse fator está relacionado aos gastos de brasileiros no exterior ou de estrangeiros no Brasil com o turismo. Como ocorre no comércio internacional, a variação do dólar obedece a maior ou menor entrada da moeda norte-americana.
Taxa básica de juros no Brasil
A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. A cada 45 dias, ela vira notícia em todo o Brasil – seja por ter aumentado, diminuído ou se mantido estável após a reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
Um país cuja taxa de juros é alta tende a chamar atenção de investidores estrangeiros, impulsionando a entrada de dólares. Mas isso dependerá também das condições da economia local, que precisam sinalizar uma rentabilidade maior do que os riscos para os estrangeiros.
Você sabia?
Em 2020, tivemos a menor taxa de juros da história do Brasil, 1,90% ao ano.
Taxa Básica de Juros nos Estados Unidos
É claro que o modo como é administrada a política econômica da nação mais rica do mundo influencia o valor da moeda brasileira. Em momentos de alta da taxa de juros pelo Federal Reserve, os investidores globais tendem a alocar seus recursos nos Estados Unidos, que pagará mais pelo título público com maior segurança para o capital.
Com isso, os dólares saem do Brasil e sua cotação tende a subir por aqui. Mas, se os EUA reduzem seus juros, é hora de os investidores procurarem opções mais rentáveis e o Brasil costuma ser um dos destinos, assim como outras economias emergentes.
Guerras mundiais
Recentemente, a invasão da Ucrânia por tropas russas resultou em impactos econômicos a mais de 10 mil quilômetros de distância.
O Brasil já sentiu os efeitos do conflito por meio de pelo menos três aspectos:
1) alta no preço dos combustíveis;
2) impacto direto na inflação (lembrando que a logística em um país de dimensões continentais como o nosso depende do custo do diesel e da gasolina);
3) o famoso câmbio.
A instabilidade no Leste Europeu comprometeu parte do crescimento econômico para este ano de uma forma global, pois esse tipo de acontecimento faz com que os investidores adotem posturas mais cautelosas, ainda que com menos potencial de ganho.
Crises políticas e econômicas no Brasil
Do mesmo modo que os investidores não querem aplicar seu dinheiro em uma economia instável no cenário internacional, quando existe uma crise no Brasil, eles também partem em retirada. Isso pode acontecer com a venda de ativos simultaneamente, fazendo com que o preço das ações, por exemplo, caia pelo excesso da oferta daqueles ativos no mercado.
Os investidores tendem a escolher moedas e produtos menos voláteis quando não compreendem bem qual a tendência de preços depois de um acontecimento político (como a ameaça de um impeachment de um presidente) ou de um fato econômico (como ocorreu com o confisco da caderneta de poupança no governo Collor, nos anos 1990, por exemplo).
Como o “vai e vem” do dólar afeta os investimentos?
No lado dos investimentos, a variação do dólar pode tanto valorizar quanto prejudicar aplicações. É o caso dos fundos de investimentos cambiais, impactados diretamente com uma variação abrupta.
Se uma empresa listada na B3 depende de matéria-prima importada, suas ações tendem a cair com a valorização do dólar – pois seus custos aumentam e seu potencial de ganho diminui. A mesma valorização, porém, pode elevar o preço de ações de empresas que exportam produtos para o mercado internacional.
Com uma economia relativamente instável como a nossa, uma boa medida de proteção é diversificar a carteira de investimentos. Avalie, por exemplo, as oportunidades de comprar ações de empresas estrangeiras, os BDRs, assim como fundos de índices, os ETFs, que acompanham a valorização do dólar.
Essas dicas indicam o quanto é importante manter-se atualizado sobre as notícias do Brasil e do mundo a partir de fontes confiáveis de informação. Empresas, bancos e governos possuem reservas em dólar, emprestam dinheiro em dólares e realizam todo tipo de transação comercial em dólar.
Na dúvida, sempre consulte um bom agente de investimento, banco ou corretora para ajudar você a entender as possíveis implicações dos acontecimentos nacionais ou mundiais na cotação do dólar – e no seu bolso.
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