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Governo inicia busca por substituto de Landim no conselho da Petrobras
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Empresas de recomendação de voto ISS e Glass Lewis sugeriram a investidores estrangeiros que não votassem em Landim em Assembleia Geral
O Ministério de Minas e Energia, ao qual a Petrobras está subordinada, informou neste domingo (3) que iniciou a busca para a indicação de um novo presidente do Conselho de Admnistração da Petrobras, após a desistência do empresário Rodolfo Landim.
A menos de dez dias da eleição para a escolha do novo conselho de administração da Petrobras, marcada para o dia 13, a União, controladora da companhia, sofreu um revés ontem na principal indicação para o colegiado da estatal.
Landim, que além de empresário é o atual presidente do Clube de Regatas do Flamengo, escolhido pelo governo para presidir o conselho da Petrobras, desistiu do cargo. Em nota, ele alegou querer destinar todo o “tempo e dedicação” ao clube, embora, nos bastidores, questionamentos sobre supostos conflitos de interesse e a falta de apoio de outros investidores à candidatura dele por problemas com a Justiça sejam apontados como fatores para a desistência à cadeira de “chairman”.
O Ministério de Minas e Energia disse avaliar, “com a responsabilidade que a situação requer”, outro nome para a presidência do conselho de administração.
O risco de questionamentos e a falta de apoio de investidores minoritários podem ajudar a entender a desistência de Landim da cadeira de “chairman” no conselho de administração da Petrobras.
Segundo o Valor apurou, nos últimos dias, as empresas de recomendação de voto ISS e Glass Lewis sugeriram a investidores estrangeiros não votar em Landim na Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária (AGOE) da Petrobras, que vai eleger o novo conselho, no dia 13 deste mês.
ISS e Glass Lewis são as principais empresas de recomendação de voto a investidores estrangeiros. Grandes gestoras costumam apoiar-se nos relatórios dessas duas companhias para votar em assembleias de empresas abertas.
A recomendação de voto não significa que o investidor seja obrigado a segui-la, mas, como muitas vezes o gestor tem um portfólio grande de ações em carteira, ele prefere seguir as indicações dadas por ISS e Glass Lewis sobre como votar nas assembleias de empresas.
O Valor apurou que, em um dos relatórios de recomendação de voto, por exemplo, foram levantadas preocupações em relação à governança da Petrobras com o fato de que Landim foi denunciado, pelo Ministério Público Federal (MPF), no ano passado, por suposta gestão fraudulenta em fundo de investimento que teria causado prejuízo à Petros, o fundo de pensão dos empregados da Petrobras, e outros fundos de pensão estatais. A denúncia se transformou em uma ação penal que tramita na 10ª Federal de Brasília.
Nos bastidores que antecedem à realização da assembleia da Petrobras daqui a dez dias, também há informações de que investidores minoritários da companhia poderiam vir a entrar com ações judiciais para impedir a posse de Landim, caso ele viesse a ser eleito na assembleia dado o processo que enfrenta na Justiça.
Procurado, Landim recusou entrevista ao Valor e alegou que as ‘razões da desistência estão na nota do Flamengo’.
Segundo a jornalista Malu Gaspar, em sua coluna no Globo, os relatórios da diretoria de conformidade da Petrobras sobre o histórico do executivo Rodolfo Landim e do consultor Adriano Pires assustaram o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e técnicos da Corregedoria Geral da União. De acordo com o Globo, o motivo por trás da decisão de Landim é o mesmo que poderia levar à desistência de Adriano Pires, indicado para presidir a empresa: os conflitos de interesse provocados pela ligação de décadas com o empresário Carlos Suarez, sócio de oito distribuidoras de gás no Brasil.
Landim chegou a ser inclusive investigado pelo Ministério Público Federal brasileiro em razão de repasses de recursos a contas de Suarez na Suíça, descobertos na época da Operação Lava-Jato.
O comitê da Petrobras se reúne nesta terça-feira (5) para analisar um relatório e preparar um parecer a ser enviado aos acionistas que vão deliberar no dia 13 sobre as indicações do presidente Jair Bolsonaro.
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