Ibovespa intensifica queda com avanço da covid-19 na China; bancos sobem
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Investidores monitoravam ainda o imbróglio envolvendo a política de preços da Petrobras e as medidas do governo e do Congresso para limitar a alta dos preços da gasolina
Empresas citadas na reportagem:
Mesmo com os mercados globais exibindo certo otimismo no pregão desta segunda-feira (14), antes da divulgação da decisão de política monetária do Federal Reserve, e enquanto agentes analisavam o resultado de uma nova mesa de negociação entre Rússia e Ucrânia, o Ibovespa não conseguia se manter em campo positivo. Além dos temores inflacionários, as ações ligadas às commodities, as mais pesadas do índice, passavam por sessão de correção firme.
Às 13h, o Ibovespa cedia 1,23%, aos 110.344 pontos, nas mínimas intradiárias, após registrar 112.299 pontos nas máximas. O volume financeiro negociado até aqui foi de R$ 8,6 bilhões, com projeção de alcançar um giro de R$ 21,1 bilhões ao final do dia. No mesmo horário, o Stoxx 600 saltava 1,50% e o S&P 500 ganhava 0,12%.
O futuro do Brent tombava 6,82%, para US$ 104,99. Negociadores russos e ucranianos continuavam dando algum suporte aos ativos de risco global, mesmo que a violência esteja se intensificando em torno de Kiev, a capital ucraniana.
Localmente, investidores monitoravam ainda o imbróglio envolvendo a política de preços da Petrobras e as medidas do governo e do Congresso para limitar a alta dos preços da gasolina. Petrobras ON e PN cediam 0,75% e 1,29%, nessa ordem, enquanto PetroRio ON caía 3,77% e 3R Petroleum recuava 0,9%.
O Credit Suisse elevou o preço-alvo dos recibos de ações (ADRs) da Petrobras negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) de US$ 14 para US$ 17, potencial de alta de 23,5% sobre o fechamento de sexta-feira. Também elevaram o preço-alvo de PetroRio de R$ 26 para R$ 30, potencial de alta de 20,4%, reiterando recomendação de compra.
Os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero escrevem que os preços do petróleo já começaram elevados, com o descompasso entre a oferta e a demanda, e acabou disparando por conta do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Mesmo com uma possível entrada de oferta de petróleo do Irã, a oferta da commodity ainda ficará restrita.
Paralelamente, os preços do minério de ferro também iniciaram a semana em forte queda, em meio ao avanço dos casos de covid-19 na China, maior consumidora da commodity no mundo, e da piora do sentimento quanto ao crescimento da economia local. No porto de Qingdao, a tonelada do minério com pureza de 62% encerrou o dia a US$ 143,70, queda de 7,3%, a maior baixa diária em quatro meses.
Para conter a propagação da covid-19, a China anunciou no fim de semana um pacote de restrições válido para diferentes áreas de Xangai e Shenzhen, importante pólo financeiro e tecnológico chinês. Com isso, Vale ON corrigia 5,26%, Bradespar PN perdia 3,91%, Usiminas PNA caía 3,39%, CSN ON recuava 4,33% e Gerdau PN cedia 3,97%.
“A ‘explosão’ da ômicron na China e o lockdown de Shenzhen, uma cidade com 17 milhões de habitantes, parece, neste momento, estar sendo subestimada pelo mercado. Caso o país decida por lockdowns e medidas agressivas de distanciamento, isso será mais um choque fundamental na cadeia produtiva global”, escreve Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos.
A despeito disso, o Citi elevou o preço-alvo dos recibos de ações (ADRs) de Vale negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) de US$ 19 para US$ 21, potencial de alta de 10,1% sobre o fechamento da última sexta-feira, reiterando recomendação de compra. O banco vê o segmento de mineração e siderurgia se beneficiando do cenário de inflação global.
Gol PN perdia 2,62% após registrar prejuízo de R$ 2,8 bilhões no quarto trimestre, revertendo o lucro líquido de R$ 16,9 milhões em igual período de 2020. Os dados, entretanto, são ortemente influenciados por despesas não recorrentes e variação cambial. Excluindo tais fatores, a companhia teria reportado um prejuízo líquido de R$ 682,1 milhões no trimestre, queda de 20,9% na comparação com os números ajustados do ano passado.
Em relatório, analistas do Goldman Sachs afirmam que os números vieram dentro das previsões divulgadas anteriormente pela empresa, e a companhia aérea melhorou suas projeções para este ano, de acordo com o. “Reconhecemos que o recente aumento nos preços dos combustíveis pode levar a uma pressão de curto prazo sobre as margens, embora acreditemos as companhias aéreas de prazo mais longo sejam capazes de repassar esses preços mais altos para as tarifas”, dizem os analistas.
Na parte de cima do índice, após possível processo de fusão entre Aliansce Sonae e BR Malls se estender, JHSF ON ganhava 6,24%. E Eneva ON, que absorveu os negócios da Focus Energia, tinha alta de 2%. Entre os bancos: Santander units +5,23%, Itaú PN +2,33%, Bradesco PN +1,98% e Banco do Brasil ON +1,20%.
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