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IF Hoje: Indicadores de atividade ajudam a definir apostas sobre juros no Brasil e nos EUA
A Super Quarta se aproxima, e os investidores precisam definir suas apostas sobre os rumos dos juros. No dia 21, o Banco Central brasileiro e o Fed (Federal Reserve, banco central americano) anunciam suas decisões sobre a estratégia de política monetária – se vão subir as taxas ou não. Mas os dois países estão em situações diferentes, apesar de enfrentarem o mesmo problema, a inflação em níveis muito altos.
Enquanto no Brasil os preços parecem já ter alcançado o pico deste ciclo e o BC pode considerar parar de aumentar a Selic, nos EUA a inflação continua assustando e será necessário elevar mais os juros. Por isso, os indicadores de atividade econômica que serão divulgados nesta quinta-feira (15) devem ser interpretados de maneira distinta pelos diferentes atores do mercado.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto registrou uma deflação de 0,36%, praticamente em linha com as projeções, que eram de deflação de 0,39%. Mais cedo nesta semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou dados do varejo mais fracos do que o esperado e dados dos serviços melhor do que as expectativas. Juntando um e outro, os economistas vêem uma economia morna. O setor de serviços foi o último a se recuperar do tombo da pandemia de Covid-19 e tem fôlego curto.
Para deixar mais clara a direção e o ritmo da economia brasileira, o BC divulga nesta manhã o IBC-Br, um indicador de atividade que é visto como prévia do PIB (Prodiuto Interno Bruto), só que com divulgação mensal. Se o índice de agosto confirmar a percepção de que a atividade não está superaquecida, a ampla expectativa de que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) não mexa na Selic, atualmente em 13,75% ao ano, será consolidada. A projeção dos especialistas é de que fique em 0,3%, com uma forte queda do 0,69% de julho.
Nos EUA, a inflação ainda assusta. Na terça (23), o índice de preços ao consumidor (CPI, da sigla em inglês) apontou inflação de 0,1% em agosto ante julho, quando se esperava uma deflação de 0,1%. O acumulado em 12 meses ficou em 8,3%, acima da projeção, que era de 8,1%. A surpresa ruim fez as Bolsas desabar (não só nos EUA, no Brasil também). Na quarta (14), o índice de preços ao produtor (PPI) se mostrou mais comportado, o que deu um pequeno alívio aos investidores. Mesmo assim, cresceram as apostas de que o Fed terá que aumentar a taxa básica de juros americana em 1 ponto percentual, para o intervalo 3,25%-3,5% ao ano, e não “apenas” 0,75 p.p., como se pensava.
Os dados de vendas no varejo e produção industrial, que saem no meio da manhã, devem ajudar a entender se a elevação está mais para 0,75 p.p. ou para 1 p.p. – só não podem vir fracos demais, senão vão levantar o temor de uma recessão séria. Pois é, não está nada fácil navegar nesse cenário. No entanto, um outro indicador pode ser ainda mais relevante para calibrar as apostas sobre os juros hoje: o número de pedidos de auxílio-desemprego. Diferentemente do BC brasileiro, cujo mandato é focado na preservação do valor da moeda, o Fed tem também, pelo seu estatuto, a obrigação de manter o emprego no máximo patamar possível. A autoridade monetária americana vem tentando equilibrar as duas demandas, e o mercado, se antecipar às suas medidas.
Como afeta os investimentos?
O aumento da taxa de juros (ou sua manutenção em nível elevado) favorece as aplicações de renda fixa, enquanto desencoraja os investimentos em renda variável, tidos como mais arriscados. Dependendo de como ficam as projeções para essa taxa, os investidores vão mudando a sua estratégia de alocação.
Agenda do dia*
- 8h – Reino Unido: Decisão de juros do Banco da Inglaterra
- 9h – Brasil: IBC-Br (julho)
- 9h30 – EUA: Vendas no varejo (agosto), pedidos de seguro-desemprego (semanal)
- 10h15 – EUA: Produção industrial (agosto)
- 23h – China: Vendas no varejo, produção industrial, taxa de desemprego (agosto)
*Horários de Brasília
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