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Inflação persistente derruba as ações em Wall Street; S&P 500 registra pior semana desde janeiro
Os três principais índices acionários de Wall Street encerraram a sessão desta sexta-feira com perdas consistentes. Investidores reagiram mal aos dados do indicador de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), referente ao mês de maio, dos Estados Unidos. O índide que mede a inflação de preços ao consumidor veio acima das expectativas dos economistas.
O humor azedou também com a queda da confiança do consumidor americano em junho, com o indicador no menor patamar da série histórica, desde 1952. Diante deste cenário, as três referências fecharam a semana com perdas acumuladas, e agora o investidor concentra sua atenção na decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) na semana que vem.
Terminadas as negociações desta sexta, o índice Dow Jones fechou com perdas de 2,73%, a 31.392,79 pontos, enquanto o S&P 500 caiu 2,91%, a 3.900,86 pontos, e o Nasdaq recuou 3,52%, a 11.340,02 pontos. Na semana, os índices de referência para o mercado de ações terminaram com queda acumulada de 4,58%, 5,05% e 5,60%, respectivamente. As quedas confirmam que Wall Street teve sua pior semana em meses. O S&P 500 e o Nasdaq registraram a nona semana de perda em 10, e a pior semana desde janeiro.
Em relação aos índices setoriais do S&P 500, todos fecharam no vermelho hoje, mas os piores desempenhos na sessão (e também na semana) ficaram com os segmentos de consumo discricionário e de tecnologia. Ambos se beneficiaram da postura mais expansionista do Fed durante a pandemia e agora são penalizados com a normalização da política monetária.
Com a indicação de que o BC americano vai aumentar mais os juros para controlar a inflação alta persistente, os rendimentos dos títulos do Tesouro avançaram e afetaram o desempenho de tais segmentos, principalmente de empresas de tecnologia. Hoje, após a divulgação do CPI de maio, os yields subiram com ímpeto. Perto das 17h30, o rendimento da T-note de dez anos operava com ganhos, a 3,158%, de 3,047% do fechamento da última sessão. Já o yield do papel de dois anos subia, a 3,057%, de 2,803% da sessão anterior.
Esse avanço é indicação de que os investidores esperam um aperto monetário rígido pela frente. De acordo com os dados do CME Group, com base nos contratos futuros dos Fed funds, começa a crescer a visão de altas de 0,75 ponto percentual em algum dos próximos encontros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). Para ilustrar: antes do CPI, a probabilidade de uma alta neste patamar no encontro de semana que vem estava em 1,8% há uma semana, enquanto no horário acima a chance era de 24,3%.
Todo esse movimento se explica pelos dados divulgados hoje pelo Departamento de Trabalho americano. O CPI de maio subiu 8,6%, na base anual, em uma aceleração em relação ao crescimento de 8,3% da leitura anterior, de abril. O número ficou acima da expectativa dos economistas, que esperavam que o ganho se mantivesse no ritmo do dado anterior. Não bastasse isso, o índice de confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, caiu para 50,2 pontos, na leitura preliminar de junho. Este foi o menor patamar de toda a série histórica, iniciada em 1952.
Na avaliação do estrategista-chefe da Guide, Alex Lima, hoje foi difícil elencar o que estava machucando mais o apetite dos mercados, se o CPI muito acima da expectativa ou o sentimento do consumidor próximo de uma recessão. “Obviamente a inflação é a vilã do pessimismo do consumidor, e parece que nesses níveis será uma questão de quando [ocorrerá], e não se veremos, uma recessão de earnings”, afirmou em nota.
Já para James Knightley, economista-chefe de internacional do banco holandês ING, esta combinação de hoje é a pior possível para o Federal Reserve, pois sugere que as famílias estão realmente temendo a estagflação. “O dano foi causado nas finanças das famílias devido ao aperto no poder de compra da inflação mais alta – apenas 30,8% das famílias acham que o crescimento da renda superará a inflação nos próximos cinco anos.”
Na sessão, as ações da Apple caíram 3,86%, enquanto as da Microsoft caíram 4,46%. Já as empresas do setor de turismo foram bastante penalizadas, com Royal Caribbean caindo 7,33%, Caesers Entertainment perdendo 9,29% e Booking recuando 7,59%.
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