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Itaú vê ambiente fiscal mais desafiador com PEC da Transição e eleva projeção para a Selic de 11% para 12,5% em 2023
Com a expectativa de um aumento significativo no gasto público em 2023 devido à perspectiva de aprovação da PEC da Transição, o Itaú Unibanco aponta que o risco de uma trajetória de alta relevante da dívida pública aumentou e que pode haver um novo ciclo de crescimento baixo e de inflação e taxa de juros mais altas. Essas perspectivas se refletiram na revisão do cenário macroeconômico do Itaú, no qual as projeções para as contas públicas mostraram deterioração.
“Considerando a PEC da Transição, pioramos nossa estimativa de déficit primário de 2023 de 1,5% para 1,9% do PIB (R$ 200 bilhões), vindo de um superávit de 1,1% do PIB em 2022. A proposta aprovada tem um impacto de, ao menos, R$ 168 bilhões (1,6% do PIB), frente a nossa expectativa anterior de cerca de R4 100 bilhões (0,9% do PIB). Além disso, para evitar um déficit ainda mais elevado, passamos a considerar que o governo federal acabará com a desoneração de tributos sobre a gasolina a partir de abril, adicionando cerca de R$ 30 bilhões (0,3% do PIB) às receitas”, aponta em relatório a equipe de economistas liderada por Mario Mesquita.
Sem levar em conta a trajetória e o nível do endividamento público em uma economia emergente com crescimento baixo, juros e carga tributária elevados, “o mero aumento de gastos é preocupante”. Assim, o Itaú espera que a dívida pública bruta suba de 73% do PIB neste ano para 77% do PIB em 2023 e para 80% do PIB em 2024. Os economistas alertam, ainda, que o equilíbrio fiscal não é incompatível com a responsabilidade social, mas sim “condição necessária para ganhos sociais sustentáveis”.
Em relação ao cenário de política monetária, o Itaú passou a acreditar que o espaço para cortes de juros em 2023 será menor, ao acompanhar o progresso da PEC da Transição. “Revisamos nossa projeção para a taxa Selic ao final de 2023 de 11% para 12,5%. Tal mudança reflete a expectativa de que os cortes de juros comecem mais tardiamente (apenas no quarto trimestre), dada a expansão fiscal maior do que era esperado. Acreditamos que o ciclo de cortes se estenderá para 2024 (projetamos juros em 10% ao final do ano), mas o ritmo e magnitude de redução serão altamente dependentes das escolhas fiscais que serão definidas à frente”.
Nesse contexto de Selic média mais alta em 2023, o Itaú espera que a atividade econômica perca força nos próximos trimestres. O banco projeta um crescimento de 0,1% na margem no quarto trimestre, com ajuste sazonal, o que indica um avanço de 3% no PIB de 2022.
O ritmo de crescimento fraco deve se manter no próximo ano e o Itaú espera crescimento de 0,9% no PIB de 2023 ante 0,7% no cenário anterior. “Apesar dos maiores estímulos fiscais e da melhora na perspectiva da safra no próximo ano, aumentamos apenas marginalmente a nossa projeção devido aos juros médios mais elevados ao longo do próximo ano”, apontam os economistas.
Câmbio e inflação – Diante de um contexto fiscal mais desafiador, o Itaú manteve inalteradas as projeções para o câmbio em R$ 5,25 por dólar no fim deste ano e em R$ 5,50 por dólar em 2023. “O cenário incorpora um ambiente externo mais benigno, com o dólar fazendo pico próximo dos níveis atuais, sem apreciação adicional, como anteriormente esperado”, dizem os economistas do banco. No entanto, apesar da melhora no quadro internacional, a piora observada até agora no prêmio de risco local, que foi capturada por meio do aumento da volatilidade do real, alta da inflação implícita e performance da bolsa em relação aos pares, deixa o cenário doméstico mais nublado. O Itaú espera que o dólar encerre 2024 em R$ 5,60.
Quanto à inflação, a expectativa do Itaú é de que o IPCA saia de 5,6% no fim deste ano para 5,7% em 2023. Antes, o banco esperava uma desinflação na passagem para o próximo ano, com um IPCA de 5% no fim de 2023. “A revisão se deu basicamente em gasolina, com expectativa de volta da cobrança total (R$ 0,69/L) de PIS/Cofins no próximo ano, e em serviços, com taxa de desemprego abaixo da neutra e que implica ganhos de salário real”, afirmam os economistas. Para 2024, o Itaú elevou a projeção de 3,5% para 3,7%, diante da inércia maior do ano anterior e do mercado de trabalho mais apertado, com o desemprego próximo de 9% no ano.
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