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O que esperar da China e das exportadoras brasileiras em 2022?
O maior parceiro comercial do Brasil não é mais o mesmo. Ainda é a China, mas uma China diferente, que cresce menos e que tem mais ameaças à economia.
“A china não é a mesma de 2010, não esperamos uma aceleração [da economia], mas esperamos maior força a partir do segundo trimestre, dada as medidas adotadas pelo regulador chinês”, afirma Laura Pitta, especialista em China do Itaú BBA.
Nesta segunda (17), o Banco Central chinês (PBoC) cortou a taxa de empréstimo de médio prazo (MLP, na sigla em inglês), dando sequência à redução no custo do empréstimo de curto prazo (LPR) e do compulsório bancário (RRR), bem como o corte na taxa básica de juros, anunciados em dezembro.
A autoridade sinalizou que estímulos adicionais estão por vir. Segundo, analistas, porém, as medidas não são o suficiente para acelerar a atividade econômica do país, e sim apenas reduzir o impacto dos dois vilões chineses de 2022: a Covid-19 e a crise no setor imobiliário.
“A China ainda é tolerância zero com Covid-19, com amplas restrições em casos positivos e a Ômicron pode impactar a atividade chinesa”, diz Laura.
Analisando o PIB (Produto Interno Bruto) de 2021, o Itaú reduziu de 5,1% para 4,7% a previsão para o PIB de 2022. Além do impacto dos novos surtos de coronavírus no país, os últimos meses foram impactados pela forte desaceleração do setor imobiliário.
“O setor imobiliário representa um risco maior que a Covid-19. O setor como um todo está muito fraco e é um setor crucial para a economia chinesa”, afirma Laura.
Os dados do quarto trimestre apontaram manufatura forte e investimentos em ativos imobiliários, na construção especialmente, piores do que o esperado”, diz João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos.
Segundo Leal, os estímulos monetários e fiscais que estão por vir podem melhorar o cenário. “2022 não será melhor que 2021, que foi bem positivo até o terceiro trimestre, mas será melhor do que imaginávamos. O preço do minério de ferro se recupera desde novembro e empresas de ferro e aço ainda vão se beneficiar das exportações para a China”
De acordo com Daniel Sasson, especialista em commodities do Itaú BBA, quase 80% da exportação de minério brasileiro vai para a China. No caso da celulose, este número fica ao redor de 45%. “É a china que move a agulha no setor de commodities em geral”, diz.
O banco tem uma visão positiva para as exportadoras neste ano, ainda que preveja resultados um pouco menores. “Ainda temos bons preços de commodities. Há a discussão se é um nível saudável e se eles podem cair e normalizar”, afirma Sasson.
O minério de ferro está na faixa de US$ 125 dólar a tonelada, bem abaixo do recorde de US$ 230 de maio passado, mas ainda elevado. “[Este nível] é super saudável para o setor, deixa a Vale confortável, com possibilidade de pagamento de dividendo aos acionistas” diz o analista.
Outro ponto favorável a exportadoras é a fraqueza do real ante o dólar em anos eleitorais.
No caso de siderúrgicas, que são mais dependentes da demanda no Brasil, há menos confiança. “Se a economia local desacelerar, como o Itaú estima, isso pode impactar a demanda [dessas empresas]”.
“2021 foi um ano recorde para empresas de commodity e em 2022 ainda terremos bons resultados, mas é um ano de transição. Gostamos bastante de Vale e de Suzano e, em siderurgia, da Gerdau, por ter mais diversificação geográfica, com quase metade do Ebitda fora do Brasil”, afirma Sasson.
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