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Anbima: Patrimônio líquido de fundos sobe 7,8% em setembro
O patrimônio líquido da indústria de fundos de investimentos no Brasil cresceu 7,8% em 2022 até setembro para R$ 7,4 trilhões na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Apesar disso, o momento macroeconômico, com juros em dois dígitos e inflação elevada, e as incertezas ligadas às eleições, levaram o setor a registrar saídas líquidas de R$ 17,1 bilhões em nove meses, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O vice-presidente da entidade, Pedro Rudge, apontou a atratividade de produtos de investimento isentos de imposto de renda (IR) como um dos fatores para o resultado negativo na captação líquida dos fundos. “A alta de juros e a atratividade de produtos isentos [emitidos por instituições financeiras e securitizadoras], como CRIs e CRAs [certificados de recebíves imobiliários e do agronegócio] e LIGs [letras imobiliárias garantidas], explicam um pouco a saída de dinheiro da indústria”, afirmou em coletiva. “A isenção de IR faz com que a rentabilidade final para o investidor se torne bastante atraente”, acrescentou.
A maior cautela diante de incertezas como as eleições, avaliou Rudge, também pode influenciar os investidores a recorrer com mais frequência à alocação em instrumentos que concorrem com os fundos. “Talvez uma incerteza maior sobre a corrida eleitoral faz as pessoas terem uma aversão ao risco maior e acabe levando a uma maior procura por instrumentos como CDB [emitido por bancos].
“A saída líquida de R$ 17,1 bilhões no ano até setembro representa o pior resultado do setor em cinco anos, aponta a Anbima. As categorias que sofreram mais com o cenário foram os fundos de ações e os multimercados. Os primeiros registraram resgates líquidos de R$ 57,9 bilhões no período, enquanto os multimercados enfrentaram retiradas líquidas de R$ 79,7 bilhões em nove meses. Os fundos de renda fixa, por outro lado, registraram entradas líquidas de R$ 94,7 bilhões em 2022 até setembro.
“Hovue uma realocação de risco dos ivnestidores, saindo de produtos mais arriscados e indo para os mais conservadores”, avaliou Rudge.
Apesar de liderar as saídas, o relatório da Anbima mostra que os investidores poderiam ter aproveitado os maiores retornos do período se tivessem mantido recursos na classe de multimercados macro. O grupo de fundos alcançou rentabilidade média de 15,7% até setembro – bem acima do segundo melhor resultado médio, de 9% da categoria de portóflios de “renda fixa duração alta grau de investimento” e dos 8,5% da “renda fixa crédito livre”.
Na visão de Rudge, “os dados de saídas dos multimercados mostram que o investidor não deveria tomar decisões olhando no retrovisor e sim para o perfil de risco que consegue adotar”. Segundo o vice-presidente da Anbima, “na medida que a aversão a risco aumenta, o investidor prefere ir para instrumentos mais conversadores, mesmo que a classe de ativos ofereça potencial de valorização interessante”.
O vice-presidente da Anbima, Sergio Cutolo, ressaltou ser importante haver uma simetria no mercado de investimentos. “Temos de ter ativos [no setor de fundos] que possam concorrer com outros mercados. Nesse sentido, os fundos estruturados podem ter carteiras que carreguem CRAs ou CRIs e, obviamente, podem concorrer no que diz respeito ao diferimento fiscal.”
Por Sérgio Tauhata
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