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Preço do petróleo: como seus investimentos serão afetados se o barril chegar a US$ 100?
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Cortes na oferta e elevação de demanda são uma realidade no contexto atual
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Para evitar pressão inflacionária, governos podem intervir para mitigar os danos
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Investidor tem mais a perder do que ganhar diante desse contexto
O preço do petróleo está dando o que falar. O movimento de alta, com o barril beirando os US$ 100 dólares, é uma realidade que pode estar próxima novamente.
Afinal, isso é que dizem alguns agentes do mercado, diante do corte de produção anunciado pela Opep+ no último domingo (2). Nesta quarta-feira (5), o barril fechou em US$ 84,99. Nos últimos três dias, a cotação subiu 5%.
A última vez que a commodity (matéria-prima) atingiu esse patamar foi no início da guerra da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Porém, o contexto econômico era outro. Isso porque, desta vez, o preço do petróleo nas alturas faria maior pressão e causaria um impacto nocivo na economia mundial.
O que projetam os especialistas sobre o preço do petróleo
Após o anúncio do corte de produção pelo cartel, os bancos UBS e Goldman Sachs elevaram suas projeções de preços do barril de petróleo tipo Brent – referência da Petrobras – para US$ 100 em seus cenários base para o final de 2023 e 2024.
O economista Daan Stryven, que assinou o relatório do Goldman, apontou o atual cenário macroeconômico para justificar sua análise. De acordo com ele, a redução da oferta se chocará com a crescente demanda após a retomada da atividade na China.
Um ponto é unânime na avaliação dos economistas ouvidos pela Inteligência Financeira. Para eles, a matéria-prima base para tantos produtos e combustíveis nesse patamar irá causar um impacto negativo na inflação. E, consequentemente, nas taxas de juros.
Para o analista Sidney Lima, da Top Gain Research, este nível de preços traria um aumento considerável das despesas. Isso para países que já enfrentam dificuldades com a retomada econômica, contexto de alta inflação e juros.
Como fica o investidor?
Olhando do ponto de vista de quem investe, vai depender de qual lado ele está e em quais setores e empresas ele aporta seus recursos.
Lima aponta que “obviamente” o investidor de petrolíferas terá ganhos. Afinal, a alta do preço do produto pode trazer um impacto positivo para o caixa dessas empresas, beneficiando a margem de lucro. Isso, portanto, atrai um movimento de alta para os papeis relacionados.
“No entanto, os investidores de setores como de companhias aéreas sofreriam. Isso porque a maior parte das despesas recorrentes desse setor está diretamente relacionado ao preço dos combustíveis de aviação”, completou.
Como fica o bolso do brasileiro, em geral?
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, afirmou que as implicações no custo de vida do cidadão comum, inflação e aumento de juros retira a atratividade dos investimentos em ativos de risco, retirando liquidez da bolsa como um todo.
Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, lamenta que essa elevação de preços irá afetar, sobretudo, o comportamento da inflação.
“Um país que é significativamente dependente do transporte rodoviário para o escoamento de sua produção, tem maior probabilidade que a alta se propague por toda a cadeia produtiva, chegando aos consumidores finais”, afirmou, completando que esse movimento deve dar subsídios para o Copom decida manter a taxa básica de juros nos patamares atuais por um tempo maior do que previsto anteriormente.
Sendo assim, diz Serra, já se vê o mercado precificar maior chance de manutenção dos juros em 13,75% ao ano pelo comportamento da curva de juros futuros, especialmente no curto e médio prazo, que aferem as expectativas para as reuniões do Copom.
Como ficaria a economia brasileira?
Serra ainda aponta que pode ser que haja maior dificuldade para o crescimento da economia brasileira no geral, com menor incentivo à tomada de crédito, além da maior pressão fiscal em decorrência do maior custo da dívida.
Rafael Passes, analista da Ajax Capital, afirmou que com o colapso no sistema financeiro, o mercado havia antecipado a queda de juros no fim deste ano, mas com a elevação do petróleo, isso será revisto.
Ele também aponta o impacto para o consumidor final diante da alta nos preços, mas diz que o governo brasileiro poderá intervir para segurar a inflação, seja por renúncia fiscal ou algum outro tipo de mudança.
Nesta quarta-feira (4), inclusive, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o PPI é um “absurdo” e que o governo revisará a política de preços da companhia. Se desatrelar da paridade internacional, é capaz que o efeito da alta do petróleo seja menos sentido.
Contexto geopolítico
A estratégia da Opep+ é defensiva para evitar quedas no preço, segundo Serra, que apontou que sendo que toda vez que o barril cair abaixo dos US$ 80, o cartel tomará alguma medida para segurar os preços em patamares elevados.
“Outro ponto importante para se saber para onde vão os preços é o desenrolar da guerra da Ucrânia, se prolongar, é capaz de apertar ainda mais a oferta e o preço chegar a esse patamar mesmo”, completou.
Outro impacto a ser observado é a possibilidade de degradação da relação entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita.
Em outubro de 2022, a Opep+ realizou movimento semelhante ao atual, promovendo à época a redução da produção de 2 milhões de barris de petróleo por dia (Mbpd), o que trouxe um impacto negativo à relação entre os dois países, uma vez que os EUA vinham utilizando parte relevante das suas reservas estratégicas de petróleo no intuito de auxiliar no combate à inflação.
De fato, as reservas passaram da casa de 650 milhões de barris para 372 milhões atualmente, patamares não vistos desde 1984. Dessa forma, além de prejudicar o combate à inflação nos EUA, a elevação dos preços também dificulta a recomposição das reservas estratégicas.
Em algum momento, espera-se que sejam recompostas, mas nos preços atuais e aqueles que poderemos vir a observar, ou os EUA permanecerão com baixas reservas por mais tempo, ou terão que recompô-la a um preço mais alto, aumentando suas despesas.
O que deve acontecer com as ações da 3R e da Prio?
“Na Toro, reforçamos nossas perspectivas positivas, para o longo prazo, em 3R Petroleum (RRRP3) e Prio (PRIO3). Consideramos que estas empresas têm conseguido, ao longo do tempo, desempenhar a revitalização dos campos maduros adquiridos, entregando retornos adequados aos acionistas”, afirmou o analista Lucas Serra.
Além disso, a posição de caixa de ambas possibilita a realização de aquisições, caso a Petrobras continue com a sua política de desinvestimentos.
“Com o petróleo em patamares mais elevados, é provável que venhamos a observar reflexo direto nas receitas, por meio da elevação do preço médio do barril vendido, o que deve ocasionar maior lucro e, potencialmente, maior geração de fluxo de caixa”, disse Rafael Passos.
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