G20 promete ações para proteger estabilidade financeira contra crises

Brasil pede no G20 normalização do comércio de fertilizantes

A cúpula do G20, que reúne lideres das maiores economias do mundo, ocorre nesta terça-feira e vai até amanhã, em Bali (Indonésia). O encontro poderá superar as expectativas graças a tentativas de emergentes para conciliar posições sobre questões mais sensíveis, especialmente a guerra na Ucrania e suas consequências.

O Brasil pediu nesta terça a normalização da produção e do comércio de fertilizantes no mundo, durante debate sobre segurança alimentar e energética. O presidente Jair Bolsonaro não foi para a cúpula do G20, na Indonesia. O gesto, inédito entre os presidentes brasileiros, marca um fim melancólico de seu governo, segundo analistas internacionais. O Brasil está sendo representado pelo chanceler Carlos França.

“Como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, o Brasil é também o maior importador de fertilizantes”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Carlos França. “Para o Brasil, a completa normalização da produção e comércio de fertilizantes é uma preocupação tanto comercial como humanitária.”

Agencias das Nações Unidas têm insistido que, se turbulências no mercado de fertilizantes persistirem, as colheitas vão diminuir no ano que vem e a insegurança alimentar global vai aumentar.

A Rússia, que deflagrou a guerra contra a Ucrânia, é um dos principais produtores mundiais e fornecedores do Brasil em fertilizantes.

Ações para proteger estabilidade financeira

Diante do quadro de guerra na Ucrânia, inflação em níveis históricos nos países ricos, crise energética na Europa e, por fim, risco de recessão global, os chefes de Estado do G20, têm o desafio de pavimentar a recuperação a economia global, que ainda sofre dos estragos da pandemia.

O americano Joe Biden, o chinês Xi Jinping e os outros líderes do G20 afirmaram estar dispostos a permanecer “ágeis e flexíveis” em suas políticas macroeconômicas e proteger a estabilidade financeira.

O Valor teve avesso à declaração final que está sendo discutida entre os chefes de Estado e de governo das maiores economias do mundo. Os líderes do G20 listam o que têm em mente:

  • Manter-se ágeis e flexíveis em nossas respostas e cooperação em matéria de política macroeconômica. Faremos investimentos públicos e reformas estruturais, promoveremos investimentos privados e fortaleceremos o comércio multilateral e a resiliência das cadeias de fornecimento globais, para apoiar o crescimento a longo prazo, sustentável e inclusivo, verde e transições justas. Asseguraremos a sustentabilidade fiscal de longo prazo, com nossos bancos centrais comprometidos em alcançar a estabilidade de preços.
  • Proteger a estabilidade macroeconômica e financeira e manter o compromisso de utilizar todas as ferramentas disponíveis para mitigar os riscos de queda, observando as medidas tomadas desde a Crise Financeira Global para fortalecer a resiliência financeira e promover financiamentos e fluxos de capital sustentáveis.
  • Tomar medidas para promover a segurança alimentar e energética e apoiar a estabilidade dos mercados, fornecendo apoio temporário e direcionado para amortecer o impacto dos aumentos de preços, fortalecendo o diálogo entre produtores e consumidores e aumentando o comércio e os investimentos para as necessidades de segurança alimentar e energética de longo prazo, alimentos resilientes e sustentáveis, fertilizantes e sistemas energéticos.
  • Liberar mais investimentos para países de baixa e média renda e outros países em desenvolvimento, através de uma maior variedade de fontes e instrumentos de financiamento inovadores, inclusive para catalisar o investimento privado, a fim de apoiar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (SDG, na sigla em ingles). Pedimos aos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento que apresentem ações para mobilizar e fornecer financiamento adicional dentro de seus mandatos, para apoiar a realização dos ODS, inclusive através de desenvolvimento sustentável e investimentos em infra-estrutura, e para responder aos desafios globais.
  • Recomeçar a acelerar a realização dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento, alcançando prosperidade para todos através do desenvolvimento sustentável.

A expectativa é de que a declaração final venha a ter consenso. Durante todo o ano, o G20 não conseguiu fechar uma declaração final nos encontros ministeriais, por causa das divergências envolvendo a invasão da Ucrania pela Russia.

Leia a seguir

Pular para a barra de ferramentas