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Banco do Brasil não deve elevar pagamento de dividendos em 2022
O Banco do Brasil não deve elevar a distribuição de dividendos este ano, apesar do pedido oficial da União nesse sentido. Na segunda-feira, o secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, disse que tinha enviado um ofício ao BB com o pedido, mas acrescentou que o banco já tinha respondido dizendo que não poderia aumentar os pagamentos.
O governo também pediu para as maiores estatais — além de BB, Caixa, BNDES e Petrobras — que mudem a periodicidade do pagamento dos dividendos de semestral para bimestral. Com os recursos das estatais, o governo busca chegar a um superávit nas contas públicas até o fim deste ano.
Procurado, o BB disse em nota que é reconhecido como referência no relacionamento com acionistas e já realiza pagamentos — desde 2007 — com periodicidade trimestral. “Esta dinâmica cumpre a Política Específica de Remuneração aos Acionistas e atende plenamente a demanda atual do acionista controlador.”
O banco afirma ainda que pratica, desde 2021, pagamento de 40% do lucro líquido aos acionistas, o que significa um valor 60% superior ao mínimo exigido por lei, que é de 25%. “Trata-se de uma das melhores políticas de pagamentos aos acionistas no Sistema Financeiro Nacional”.
O BB ainda acrescenta que a política de remuneração a acionistas prevê a revisão periódica desses parâmetros levando em conta, na sua definição, crescimento dos ativos para apoiar o desenvolvimento da economia em concessão de crédito para diversos setores, além de diversos balizadores, tais como as metas de capital e os limites regulatórios definidos pelo Banco Central, dentre outras métricas.
Os motivos da recusa
Fontes próximas ao BB afirmam que toda a ambição de crescimento do banco e resultados recorrentes demandam capital. O guidance do banco prevê uma expansão da carteira de 8% a 12%, mas analistas dizem que deve ficar acima desse intervalo. Além disso, a instituição irá destinar R$ 200 bilhões para a Safra 2022/23, volume 48% superior ao anunciado na safra anterior. É o maior valor já disponibilizado pelo banco para o financiamento ao setor. E agora também tem a nova fase do Pronampe. O BB desembolsou R$ 2,5 bilhões em 23.516 operações com clientes somente no primeiro dia do programa.
O BB tem um índice de capital principal de 12,71%, mas agora em julho deve repagar ao governo R$ 1 bilhão em instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD), conforme o cronograma aprovado pelo TCU. Além disso, também precisa manter um índice confortável para lidar com novas exigências regulatórias que estão por serem implementadas.
Uma fonte próxima ao BB diz que o banco precisa ser um pouco mais conservador que outras estatais, porque, se distribui mais dividendos, depois pode não conseguir atender a demanda por crédito. Além disso, ao ofertar mais crédito, acaba elevando seus resultados — e, consequentemente, ampliando o valor nominal dos dividendos — e também estimula a economia, o que no fim das contas impulsiona a arrecadação do governo. “Não dá para abraçar o mundo”, resume esse interlocutor.
Se o BB ficar no topo do seu guidance, com lucro de R$ 26 bilhões este ano, um dividendo de 40% significa uma contribuição de quase R$ 10,4 bilhões aos acionistas. O governo federal controla o banco com 50,0000011% das ações.
Caixa deve atender ao pedido
Já a Caixa Econômica Federal deve atender ao pedido do governo federal e ampliar a distribuição de dividendos, segundo apurou o Valor. Segundo fontes da instituição financeira, a cúpula do banco finaliza a proposta a ser enviada ao governo entre hoje e amanhã, mas ela antes terá de ser avaliada pelo Conselho de Administração. O estatuto da Caixa permite uma distribuição de até 50% do lucro, mas hoje paga cerca de 25%.
O percentual a ser pago de forma adicional ainda está sendo definido. Além disso, a Caixa ainda avalia a possibilidade de pagar de forma retroativa para atender ao pedido do controlador.
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