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Lucro da XP no primeiro trimestre cai 7% na comparação anual
Em meio a ajustes na estrutura de custos, com a redução de mais de 780 pessoas, e novas verticais como contrapeso à queda de captação no varejo, o seu negócio principal, a XP Inc. fechou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 796 milhões, com incremento de 2% em relação ao quarto trimestre de 2022 e uma queda de 7% em 12 meses. A margem líquida reportada foi de 25,4%, ante 24,6% do quarto trimestre e de 27,4% 12 meses atrás.
Como já divulgado na prévia de resultados, o fluxo líquido de dinheiro novo se limitou a R$ 16 bilhões entre janeiro e março, um recuo de 65% em relação ao primeiro trimestre de 2022.
Segundo o CEO da XP, Thiago Maffra, o desempenho se dá num trimestre de altas taxas de juros no Brasil, ambiente macroeconômico desafiador e uma recuperação judicial – a da Americanas -, que trouxe perdas importantes para credores e investidores. Esse combo acabou pressionando a atividade de assessoria de investimentos. “Os investidores vêm mantendo a poupança em investimentos líquidos, enquanto aguardam a melhora do cenário.”
Em teleconferência com analistas, ele destacou que o negócio está no caminho certo, ao já extrair bons resultados das novas verticais, como cartões, seguros e previdência. A XP chegou a março com R$ 954 bilhões em ativos sob custódia, com alta de 9% em 12 meses.
Mais cedo, Bruno Constantino, executivo-chefe de finanças da XP, já tinha apontado que os investidores têm preferido deixar o dinheiro em instrumentos com liquidez diária e que remuneram o capital na base dos 13,75% ao ano da Selic, algo atrativo, principalmente em tempos de incerteza.
O executivo disse que, quando se compara o período de janeiro a março com outros trimestres de 2022, as saídas tiveram incremento da ordem de 20%, puxadas pelas empresas. “Nesse cenário é normal, com as companhias ou preservando caixa por causa do ambiente macro, ou concentrando o relacionamento com os bancos, dado que o mercado de crédito está sofrendo depois do evento com Americanas.” Já no segmento de pessoa física, os saques não têm mexido na proporção de recursos que os investidores mantêm com a XP, comentou.
Constantino disse ser difícil avaliar quando os recursos voltam, mas que a companhia tem trabalhado em ferramentas para alavancar o canal das assessorias de investimentos, para que os clientes sigam aumentando a parcela do patrimônio com a plataforma. A base de assessores totalizava 13 mil profissionais, com alta de 21% em 12 meses. O número de clientes ativos somava 3,966 milhões, um avanço de 13%.
Embora não esteja na massa de credores relevantes da Americanas, o episódio da recuperação judicial da varejista teve um efeito redutor nas receitas de R$ 164 milhões e de R$ 131 milhões no lucro líquido antes de impostos, de acordo com o executivo. O impacto veio pela marcação dos ativos da companhia a preços de mercado, na parcela que tinha comprada na carteira de renda fixa para exercer seu papel de dar liquidez para os investidores no secundário. Constantino comentou que o evento com a Light tende a ter um reflexo significativamente menor.
A receita bruta total alcançou R$ 3,326 bilhões entre janeiro e março, sem nenhuma expansão em relação ao período de outubro-dezembro de 2022, com alta de 2% em 12 meses.
No varejo, com receitas de R$ 2,569 bilhões (alta de 1% no trimestre e de 11% em 12 meses), as rendas com transações de renda variável e renda fixa caíram 3% e 22% na comparação anual, enquanto o combinado de cartões, seguros e previdência aumentou 64%. No segmento institucional, que compõe parte menor do bolo, a arrecadação somou R$ 332 milhões, com queda de 7% no trimestre e de 39% em 12 meses.
Assim, a receita líquida alcançou R$ 3,134 bilhões, com zero de crescimento em relação ao primeiro trimestre de 2022.
No lado das despesas, a XP traz alguns resultados dos ajustes que fez da virada do ano para cá, com queda de 15% nas despesas com pessoal e de 8% nas administrativas gerais. O número de colaboradores foi reduzido em 782 pessoas, a 6,146 mil.
Com isso, a margem de lucro antes de impostos (EBT) expandiu de 23,2% no quarto trimestre de 2022 para 26,05% no primeiro trimestre de 2023, em linha com o guidance anual de 26% a 32% entre os anos de 2023 e 2025.
Depois de ter feito recompras de ações da ordem de R$ 2,7 bilhões em menos de 12 meses, parte pelo programa anunciado no ano passado e parte de compra e blocos de saídas do Itaú e da Itaúsa, o plano para 2023 é manter um retorno para o acionista da ordem de 50%, seja por recompras seja pela distribuição de dividendos de fato. Se essa último pedaço se concretizar, será o primeiro pagamento desde que a companhia foi listada, em 2019.
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