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Maior volume de vendas de minério deve garantir resultado positivo para a Vale, dizem analistas
O resultado da Vale no quarto trimestre do ano passado, que será divulgado na quinta-feira depois do fechamento dos mercados, deverá mostrar bom desempenho operacional, mesmo num cenário de preços do minério de ferro menores que um ano antes. A média das estimativas para o lucro líquido da mineradora, compiladas entre quatro instituições financeiras, aponta para US$ 4,468 bilhões, o que significaria um crescimento de 504% na comparação com os US$ 739 milhões de igual período de 2020.
O Valor compilou, para o lucro líquido, as estimativas de Bradesco BBI, Itaú BBA, BTG Pactual e Citi.
A média das estimativas para receita líquida ficou em US$ 13,427 bilhões para o quarto trimestre do ano passado, o que significaria uma queda de 8,71% ante o quarto trimestre de 2020. Já a média para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em US$ 7,217 bilhões, uma queda de 20,7% ante os três últimos meses de 2020. No caso da receita e do Ebitda também foi considerada a estimativa do Safra.
As estimativas para o lucro líquido variaram entre US$ 3,699 bilhões do Bradesco BBI e US$ 4,837 bilhões do Itaú BBA. O Bradesco também foi o piso das estimativas de receita líquida, com US$ 13,164 bilhões, assim como o Itaú teve a maior estimativa de receita, com US$ 13,682 bilhões.
Já a menor projeção de Ebitda foi do Safra, com US$ 6,9 bilhões, enquanto a maior previsão foi do Citi, com US$ 7,724 bilhões.
O Bradesco BBI ressalta em relatório que o preço realizado da companhia deve ficar ao redor de US$ 110 por tonelada no quarto trimestre, enquanto o custo C1 deve cair de US$ 22,7 por tonelada no terceiro trimestre para US$ 19 nos últimos três meses do ano.
Em relatório assinado pelos analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza e Barbara Soares, o Itaú BBA diz que a Vale deve mostrar “melhoria” no resultado, ajudada tanto pelo minério de ferro, quanto pelos metais básicos. O banco lembra que o preço realizado do minério de ferro deve cair cerca de US$ 14 por tonelada frente ao terceiro trimestre, para algo ao redor de US$ 113 por tonelada.
Ao Valor, Sasson explicou que a Vale tem um sistema de precificação que dá um peso maior para os preços registrados no fim do trimestre. Segundo o analista, do Itaú BBA, embora o preço do minério de ferro tenha caído no quarto trimestre, esse movimento de recuo das cotações começou ainda no terceiro trimestre e os preços realizados pela mineradora sofreram mais esse impacto no terceiro trimestre que nos últimos três meses do ano.
Além disso, Sasson ressalta que o relatório de produção da mineradora já mostrou que ela reverteu a tendência do terceiro trimestre — quando produziu 89,420 milhões de toneladas de minério de ferro e vendeu 67,844 milhões de toneladas. Entre outubro e dezembro foram produzidas 82,473 milhões de toneladas e vendidas 83,147 milhões de toneladas. Ou seja, mesmo com preços menores, ela vai ter uma vantagem nos volumes de venda no resultado do quarto trimestre frente aos três meses anteriores.
Sasson, no entanto, diz que um dos pontos mais interessantes do balanço a ser divulgado na quinta-feira será a visão da Vale sobre o mercado de minério de ferro depois do ano novo chinês e da Olimpíadas de Inverno, que foi disputada em Pequim. Ele lembra que os preços do minério já se recuperaram frente ao quarto trimestre, mas ponderou que os três primeiros meses do ano são sazonalmente mais fracos devido às chuvas nas principais áreas produtoras da mineradora.
“O governo chinês deu estímulos ao setor de construção, que representa cerca de 30% do consumo de aço na China. Dados mais recentes ainda mostram o setor de construção num ritmo um pouco mais fraco, mas isso é esperado, porque as medidas do governo levam alguns meses para serem sentidas”, diz Sasson, que também tem uma visão positiva para o setor de metais básicos dentro da Vale para este ano.
De acordo com ele, o principal desafio da empresa no segmento será estabilizar a operação e voltar a trazer volumes de forma mais consistente ao mercado depois de um 2021 em que greves afetaram as produções de cobre e níquel da companhia.
O analista também espera que a Vale continue, nos próximos trimestres, a ter uma forte geração de caixa e acredita que, como a empresa não tem nenhum grande projeto de expansão, é esperado que a maior parte desse caixa gerado retorne às mãos dos acionistas, ou via dividendos ou via operação de recompra de ações.
Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico
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