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Plano da Americanas (AMER3): Bancos não veem avanço e esperam aporte maior
Os bancos credores da Americanas não viram avanço no plano de recuperação judicial apresentado pela companhia na noite desta segunda-feira, apurou o Valor.
Grande parte dos detalhes apresentados já fazia parte da última proposta da varejista às instituições financeiras, incluindo um aumento de capital de R$ 10 bilhões.
No documento, a Americanas aponta que fará parte da estratégia de prover capital à empresa a venda de ativos, sendo o mais valioso deles o Hortifruti Natural da Terra, empresa adquirida em 2021 por R$ 2,1 bilhões, valor que dificilmente será recuperado em uma futura rodada de negociação, conforme fontes do mercado de fusões e aquisições.
Com a venda desses ativos, a varejista prevê levantar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, o que seria somado à injeção de capital de R$ 10 bilhões, transação capitaneada pelo trio de acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
Uma fonte de um banco credor ressalta que essa oferta já foi para a mesa e que hoje a negociação é para que o aumento de capital alcance R$ 12 bilhões, sem contar com o valor da venda de ativos.
Enquanto isso, ações judiciais movidas por bancos contra a Americanas seguem seu curso. Os ex-executivos da Americanas Miguel Gutierrez, que presidiu a varejista por 20 anos, Sergio Rial e André Covre, que foram por nove dias no início do ano presidente e o diretor responsável pela área financeira da companhia, respectivamente, serão ouvidos pela Justiça, na condição de testemunhas, no dia 27 de abril. A oitiva será presencial, na 2ª vara regional de competência empresarial e de conflitos, no Fórum João Mendes, na Barra Funda, na capital paulista.
Os executivos participarão de audiência após uma vitória do Bradesco, o principal credor da Americanas, em uma ação em que busca a produção antecipada de provas, processo que tem por trás a intenção de se buscar responsabilização pelo rombo contábil de R$ 20 bilhões na varejista.
Gutierrez deixou o cargo em dezembro. Rial e Covre renunciaram logo após a divulgação do rombo, em meados de janeiro.
Na decisão, a juíza Andréa Galhardo Palma diz que a medida é necessária: “basta um exame atento dos autos para verificar a resistência da parte ré Americanas em viabilizar, de forma espontânea, o acesso à documentação delimitada nas decisões seja ela contábil ou institucional, mesmo sendo determinada por este Juízo a garantia do sigilo de dados”. O Bradesco é representado pelo escritório Warde Advogados. O banco segue em uma batalha na Justiça para reaver o crédito dado à varejista, de R$ 4,7 bilhões. Uma das teses que vem sendo utilizada pelos bancos credores é o da desconsideração da pessoa jurídica, para que os acionistas e administradores possam ser responsabilizados pelo rombo.
Procurados, Americanas, Rial e Gutierrez não se pronunciaram. Covre não foi localizado.
Por Fernanda Guimarães
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