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IPCA-15 acima das estimativas diminui empolgação com juros, mas não convicção
O mercado financeiro brasileiro estava pronto para fazer uma festa hoje quando saísse o IPCA-15 – prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – de agosto, apostando que mostraria uma deflação entre 0,8% e 1%, o que reforçaria as expectativas de uma queda mais pronunciada das taxas de juros futuros, mas acabou um tanto frustrado. O índice, que mede a inflação do dia 15 do mês anterior ao dia 15 do corrente, registrou uma queda de preços de 0,73% neste mês, segundo informado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na manhã desta quarta-feira (24). A ligeira decepção limitou a empolgação de quem achava que seria hora de sair correndo das aplicações de renda fixa e pular na Bolsa de Valores, mas não a convicção de que o ciclo de alta da taxa Selic realmente acabou.
“O dado veio acima do esperado por nós e pelo mercado. No entanto, a surpresa altista ficou mais concentrado nos alimentos no domicílio e em higiene pessoal. Os núcleos do índice vieram abaixo do observado em relação ao mês anterior, o que pode sinalizar uma dinâmica mais favorável para a inflação nos próximos meses”, diz Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da gestora MAG Investimentos.
Para calcular o núcleo do indicador, os analistas excluem preços mais voláteis como os dos alimentos. No IPCA-15 de agosto, a maior variação de preços e o maior impacto no índice vieram justamente de alimentação e bebidas, com 1,12% de alta e 0,24 p.p. de contribuição para o índice total do mês. Problemas climáticos que afetaram as safras explicam as recentes altas dos alimentos. Tratam-se de eventos excepcionais, não ligados à demanda, por isso os economistas fazem uma “ressalva” ao analisar sua contribuição para o índice. Olhando para o futuro, a eliminação desse fator deve fazer o comportamento dos alimentos se normalizar.
Mesmo aquém das projeções, a deflação do mês de agosto é a maior da série histórica, iniciada em novembro de 1991. (No ano, o IPCA-15 está acumulado em 5,02%, e, em 12 meses, em 9,6%. Em agosto de 2021, a taxa havia ficado em 0,89%.)
Reflexo no mercado
Por volta das 11h, a taxa do depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 estava em 13,72%, mesmo nível da terça (23); a taxa do DI para janeiro de 2024 subia a 13,18%, de 13,08% da véspera; e a do DI para janeiro de 2025 tinha alta a 12,02%, de 11,885%.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira B3, subia 0,5%, para 113.451 pontos. Na terça (23), antecipando uma grande queda do IPCA-15, o índice subiu cerca de 2%.
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