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Ativos se deterioram enquanto políticos estão em ‘metaverso brasiliense’, diz Verde
O multimercado Verde encerrou junho com desvalorização de 1,86%, consumindo parte da gordura que tinha até aqui. Os ganhos vieram de estratégias com inflação implícita no Brasil e de bolsas no exterior. No acumulado de 2022, a carteira liderada por Luis Sthulberger ganhou 7,59%, ante 5,4% do CDI.
Enquanto o cenário global segue complicado, o “Brasil, como de costume, não se ajuda”, escreve a Verde em sua carta mensal, ao se referir às medidas que fragilizam as contas fiscais.
“A pressão por mais benefícios na ressuscitada PEC Kamikaze cobra um custo muito grande em prêmios de risco, para não falar nas conhecidas consequências de mais inflação com menos crescimento, historicamente impondo um custo desproporcional aos mais vulneráveis”, escreve. “O real se desvalorizou de maneira importante, as taxas de juros se mantêm pressionadas, mas os políticos continuam numa espécie de metaverso brasiliense, onde o populismo é moeda corrente e a única coisa que importa é a eleição”.
Num semestre tão complexo e volátil, junho foi particularmente desafiador porque o mercado entrou em modo pânico com dados de inflação que praticamente forçaram o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a subir os juros em 75 pontos básicos, algo que não se via desde 1994. Os ativos caíram fortemente e se recuperaram à medida que indicadores econômicos começaram a mostrar uma desaceleração mais forte do crescimento.
“O pêndulo entre crescimento e inflação continua oscilando com frequência cada vez maior, levando os mercados a uma maior incerteza”, afirma a equipe de gestão. Na Europa, o temor de recessão chega com mais força por causa da diminuição do fluxo de gás russo, trazendo problemas especialmente para a Alemanha. “Não é à toa que o euro começa a flertar com a paridade”.
A Verde destaca ainda que o semestre foi “brutal” para os preços de ativos no mundo. O S&P teve seu pior começo de ano desde 1970, enquanto uma métrica de títulos de dívida americanos o pior início desde 1900. O clássico portfólio 60/40 (60% ações/40% bonds) caiu 17% desde janeiro. Para a gestão, há ativos começando a chegar em preços bastante atrativos, mas a desaceleração econômica à frente está apenas começando. “Ainda assim, com disciplina, é bastante provável que iremos alocar capital incremental, especialmente fora do Brasil, ao longo dos próximos meses.”
O fundo aumentou posições tomadas em juro nos EUA e continua comprado em inflação implícita no Brasil, em ouro e petróleo. A gestão retomou uma pequena alocação em bolsa global, e reduziu marginalmente a posição em ações brasileiras. Iniciou ainda uma posição comprada em títulos high yield nos EUA, e mantém uma alocação comprada em real via opções.
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