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Como está o portfólio de um investidor profissional agora? Marcos Mollica, gestor do Opportunity, responde
Nos últimos dias, após uma série de notícias positivas, melhorou o humor do investidor. A Bolsa ameaça um rali, depois de o Ibovespa alcançar nove semanas consecutivas de altas na sexta-feira (26). O dólar perdeu força e os títulos prefixados ganharam tração, esperando por um corte da Selic. Neste momento, como está posicionado o portfólio de um investidor profissional?
Para obter essa resposta, a Inteligência Financeira conversou com Marcos Mollica, gestor do Opportunity. Ele toca um fundo macro lançado há 20 anos e que, de 2003 até hoje, acumula uma rentabilidade de 1.216%, contra 714% do CDI, o indicador de referência.
Acostumado a montar e desmontar estratégias de investimentos, Mollica aplica em mercados como Brasil, Estados Unidos e Europa, e ganha dinheiro prevendo movimentos e tentando investir antes dos outros.
Assim, enquanto o investidor pessoa física se pergunta se o Copom vai cortar os juros em agosto ou em setembro, ele está olhando – e apostando dinheiro – na taxa que de juros terminal do ciclo de cortes do BC, daqui a um ou dois anos.
Bolsa pode subir e Selic a 9%
É dessa forma que, hoje, ele diz que boa parte do cenário otimista desenhado para o Brasil em 2023 já foi abocanhado pelos grandes investidores. Principalmente na renda fixa, onde quase todo o dinheiro que era possível ganhar com uma queda da Selic já está nas mãos dos grandes investidores.
“O Brasil já andou bastante”, diz ele, referindo-se às oportunidades de ganhar dinheiro com uma possível melhora dos ativos domésticos.
Talvez a oportunidade esteja com a Bolsa. Acho que a Bolsa pode subir um pouco mais e, por isso, estamos sendo um pouco mais pacientes com uma posição em ações. Mas até a Bolsa já andou bem.”
Atualmente, Mollica está posicionado em contratos que precificam a taxa terminal da Selic a 9%. É um pouco menos que boa parte dos investidores institucionais, que veem os juros na mínima de 9,50%.
Em renda variável, a maior parte da carteira está no Ibovespa. “Nas últimas semanas, a gente trocou um pedaço dessa carteira (de ações) por índice mesmo. Então, um terço de nossa posição de bolsa está em Ibovespa. E dois terços de nossa carteira está concentrada em consumo doméstico e em bancos”, conta. É uma carteira mais agressiva, mais ligada à recuperação doméstica”, afirma.
Desafios pela frente
Em meados do ano passado, preocupado com as eleições presidenciais, o gestor zerou os ativos brasileiros e passou a aplicar boa parte dos recursos na alta dos juros nos Estados Unidos. Neste ano, motivado por um cenário um pouco mais previsível no Brasil, ele voltou a investir no país.
“Surpreendentemente, eu acho que o Brasil é a maior parte do nosso portfólio de risco. Eu diria que 70% é Brasil”, diz Mollica, que, no entanto, espera por dificuldades a partir do final deste ano. “Eu acho que nós estamos aqui numa janela otimista e sendo bem pragmático, estamos tentando aproveitar essa janela. Mas eu acho que existem problemas importantes pela frente”.
Para ele, o aperto monetário dos bancos centrais pelo mundo tende a produzir uma recessão global. “Eu vejo um quadro ruim no cenário internacional, de grandes blocos econômicos perdendo velocidade de crescimento rapidamente”, afirma, apontando Estados Unidos, Europa e China como mercados que vão soprar contra os mercados. “Esse vai ser um vento contra para emergentes mais para o final do ano”, diz.
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