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Fitch Ratings melhora nota do Brasil: quais são os impactos para o investidor?
O mercado financeiro amanheceu na quarta-feira (26) sob o otimismo da agência de risco Fitch Ratings. A empresa, responsável por avaliar o grau de investimento de empresas e países, aumentou a nota soberana do Brasil de ‘BB-‘ para ‘BB’, com viés estável para novas alterações.
A mudança melhora a visão do investidor estrangeiro sobre o país e pode, sobretudo, levar a bolsa a subir além do projetado pelo mercado, dizem economistas ouvidos por nós da Inteligência Financeira.
Contudo, os especialistas apontam que o país se mantém com grau de investimento especulativo e precisa subir mais duas vezes no ranking da Fitch para se tornar “seguro” na visão externa. Assim, a prioridade do governo deve ser aprovar o arcabouço fiscal e a reforma tributária no segundo semestre.
Como o upgrade da Fitch Ratings afeta o investidor brasileiro?
O mercado financeiro costuma antecipar os aumentos de rating por Fitch, Moody´s ou S&P de forma positiva, com queda na curva de juros futuros e do CDS (Credit Default Swap). O indicador, que é uma salvaguarda em caso de inadimplência do Brasil, caiu de 1,70% para 1,67% após a Fitch aumentar o rating soberano.
No começo do ano, o CDS dolarizado estava a 2,54%. A queda reflete a mudança positiva do investidor estrangeiro sobre o mercado brasileiro, pontua Luca Mercadante, economista da gestora Rio Bravo.
A Fitch frisa em nota estar acompanhando a mudança do rating a aprovação da reforma tributária e a nova regra fiscal. Além disso, a Fitch espera que o governo Lula “deve continuar trabalhando em melhorias” econômicas.
Para o estrangeiro que cogita investir no Brasil, o aumento de rating é uma boa notícia. “Hoje a percepção (do estrangeiro) foi consolidada pela manutenção da independência do BC e da meta de inflação, aprovação da reforma tributária e pelo trâmite do Arcabouço fiscal”, diz Mercadante.
Isso provoca mudanças positivas na bolsa de valores brasileira. Para o investidor brasileiro, a injeção de capital estrangeiro resulta em maiores movimentações no dia a dia dos pregões. Além disso, caso a temporada de balanços das companhias abertas seja positiva, “podemos ver a entrada de mais dinheiro de fora”, diz Pedro Wilson Domingues, sócio da Nexgen Capital.
“Para o investidor brasileiro (o upgrade da Fitch) também pode ser positivo porque o Brasil melhorou a classificação da dívida e o ambiente de negócios. Mas é apenas uma sinalização de ambiente. Não tem efeitos práticos.”
Luca Mercadante, economista da Rio Bravo
Portanto, empresas de capital aberto e seus acionistas devem se beneficiar da melhora da nota de crédito do Brasil, diz Domingues, desde que o governo se mantenha “de centro e pragmático” na economia.
Além disso, o aumento do fluxo estrangeiro na bolsa também evita a fuga do real para o dólar, fortalecendo a moeda brasileira. Esta é a avaliação de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
“Essa mudança de rating de crédito da Fitch Ratings atrelada a um cenário de juros mais baixos gera valor, retorno e crescimento para a economia.”
Pedro Domingues, sócio da Nexgen Capital
O que pode aumentar ainda mais o rating do Brasil?
Entre os principais fatores capazes de melhorarem a nota de crédito do Brasil, especialistas citam a aprovação do Arcabouço Fiscal pela Câmara como prioridade zero. Isso porque a regra fiscal está ligada à trajetória da dívida em relação ao PIB, um dos critérios da Fitch para avaliar países.
“Mesmo com melhora, não estamos em grau de investimento”, aponta Domingues. A Fitch reconhece que a economia brasileira, contudo, deve crescer além do esperado neste ano. A agência previa uma expansão de 0,7% da economia, mas com reajuste, a estimativa saltou para 2,3% até dezembro deste ano.
Para a economista Ariane Benedito, da Esh Capital, a falta de aprovação da reforma tributária é suficiente para conter o fluxo de capital estrangeiro ao país. “O fluxo continua contido pelas incertezas à frente. Enquanto não tivermos aprovação real da reforma ou do arcabouço, o benefício da nova nota fica contido”, diz.
Para melhorar o Rating, o Brasil precisa…
- Aprovar o arcabouço fiscal sem muitas mudanças que deteriorem a trajetória da dívida
- Aprovar a reforma tributária no segundo semestre
- Manter o Banco Central independente
- Não onerar investidores estrangeiros
- Mostrar que pode manter o PIB positivo de forma consistente pelos próximos anos
A Fitch Ratings pode piorar a nota do Brasil se…
- O governo implementar políticas econômicas que prejudiquem as contas públicas. Mercadante cita o programa de incentivo à indústria automotiva como exemplo negativo.
- Ocorrer Interferência política em estatais
- O arcabouço fiscal não for cumprido
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