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Nesta semana pré-Copom e pré-Fed, o único assunto do mercado é: inflação
A inflação continua sendo a principal preocupação econômica do mundo ocidental neste momento. Corrói a renda dos trabalhadores (especialmente dos mais pobres) e dificulta o planejamento, aumentando a sensação de instabilidade na vida.
A principal arma que os governos têm para segurar o aumento nocivo de preços são os juros. Aumentando a taxa, os bancos centrais desencorajam os consumidores de comprar produtos financiados e os empresários de tomar crédito para investir em seu negócio. Assim, esfriam a atividade econômica. Como há menos interessados em adquirir bens e serviços, produtores e comerciantes reduzem os preços para tentar atrair compradores.
A crise atual tem uma particularidade: a inflação não foi causada por uma onda de consumidores insaciáveis. A escassez que levou os preços para cima veio de outros fenômenos. A guerra da Rússia na Ucrânia diminuiu a disponibilidade de petróleo, pois muitos países adotaram um embargo contra o combustível russo, e de grãos e cereais, dos quais os agricultores ucranianos são grandes produtores. No Brasil, especificamente, secas que prejudicaram a colheita de legumes e verduras também contribuíram para a disparada dos alimentos.
Mas o remédio usado é o mesmo: juros. E os bancos centrais têm sido agressivos. Na semana passada, o BCE (Banco Central Europeu) aumentou sua taxa básica em 0,75 ponto percentual, para 0,75% ao ano. Essa foi a segunda elevação consecutiva – em julho, tinha havido um aumento de 0,5 ponto percentual, para zero (sim, antes ods juros no país estavam negativos). O Brasil foi um dos primeiros a agir, começando a aumentar a taxa Selic em março do ano passado, um ano antes dos Estados Unidos.
Aonde essa estratégia vai parar? É o que os mercados mais querem saber agora. As taxas de juros são a base sobre a qual todo o sistema financeiro se organiza. Quando sobem, tornam os investimentos em renda fixa mais atraentes e diminuem o charme dos de renda variável, tidos como mais arriscados.
É com esse cenário na cabeça que se deve analisar os indicadores de inflação que serão divulgados nesta semana que precede as reuniões dos comitês de política monetária dos bancos centrais brasileiro e americano, quando decidirão os rumos dos juros.
Na realidade, a semana internacional da inflação começou na sexta (9) no Brasil.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou uma deflação de 0,36% em agosto. No acumulado de 12 meses, voltou a ficar abaixo de 10% – mais precisamente, em 8,73%. Ao longo dos próximos dias, os investidores discutirão se a segunda retração consecutiva (o IPCA ficou em -0,68% em julho) é suficiente mesmo para que o BC pare de aumentar a Selic, como indicou na reunião do começo de agosto. A Selic está atualmente em 13,75% ao ano.
Outros indicadores de atividade – vendas no varejo, desempenho do setor de serviços e IBC-Br – ajudarão a calibrar as apostas, mostrando o grau de aquecimento da economia. Tem também, na sexta (16), o IGP-10 (Índice Geral de Preços) do primeiro decêndio de setembro, divulgado pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
Dos EUA, tem inflação ao consumidor na terça (13), inflação ao produtor na quarta, e produção industrial e vendas do varejo na quinta (15). A taxa básica de juros no país está no intervalo 2,25%-2,5% ao ano. Diferentemente do Brasil, entretanto, o mercado ainda não vê o fim da trajetória de alta dos juros. A dúvida, neste mês, é sobre o tamanho da elevação: 0,5 ou 0,75 ponto percentual. O país já está em recessão técnica, e os investidores temem que aumentos mais agressivos prejudiquem mais a atividade.
O Reino Unido divulga a inflação de agosto na quarta (14) e a União Europeia, na sexta (16).
Como afeta os investimentos?
Todos esses dados ajudarão os investidores a se posicionar entre renda fixa, variável e outros tipos de ativos, dependendo da direção que guapontarem para os juros.
A Ucrânia reconquista a Ucrânia
Prestes a completar sete meses, a guerra no leste europeu parece ter entrado em uma nova fase. A contraofensiva ucraniana, iniciada em julho, acelerou nos últimos dias. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um pronunciamento neste domingo (11) informando que as tropas do país retomaram mais de 3 mil quilômetros de terreno que a Rússia havia conquistado no leste. No sábado (10), a Rússia havia anunciado a retirada das tropas no nordeste, na região de Kharkiv. Essa é sua maior derrota desde fevereiro, quando saiu da capital Kiev.
É cedo para comemorar e não se sabe qual vai ser a reação da Rússia a esse avanço. Mas o fim da guerra poderia normalizar determinados mercados de commodities, como o de combustíveis e grãos.
Agenda da semana*
Segunda-feira (12)
- 3h – Reino Unido: produção industrial (julho), PIB (segundo trimestre)
- 8h25 – Brasil: Boletim Focus
Terça-feira (13)
- 3h – Reino Unido: taxa de desemprego (julho)
- 9h – Brasil: Desempenho do setor de serviços (julho)
- 9h30 – EUA: inflação ao consumidor (agosto)
Quarta-feira (14)
- 3h – Reino Unido: Inflação ao consumidor e inflação ao produtor (agosto)
- 9h – Brasil: Vendas do varejo (julho)
- 9h30 – EUA: Inflação ao produtor (agosto)
- 11h30 – EUA: Estoques de petróleo
Quinta-feira (15)
- 8h – Reino Unido: Decisão de juros do Banco da Inglaterra
- 9h – Brasil: IBC-Br (julho)
- 9h30 – EUA: Vendas no varejo (agosto), pedidos de seguro-desemprego (semanal)
- 10h15 – EUA: Produção industrial (agosto)
- 23h – China: Vendas no varejo, produção industrial, taxa de desemprego (agosto)
Sexta-feira (16)
- 3h – Reino Unido: Vendas no varejo (agosto)
- 6h – União Europeia: Inflação ao consumidor (agosto)
- 8h – Brasil: IGP-10 (setembro)
*Todos os horários são de Brasília
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