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Renda fixa recupera apelo após turbulência
Os fundos de renda fixa passaram por momentos de turbulência em 2021, refletindo o panorama econômico e político do país. No início do ano, com a taxa Selic pouco convidativa, as atenções dos investidores estavam voltadas para ganhos em ações.
O quadro mudou com o aumento progressivo da Selic, a partir de março, e de projeções de inflação cada vez mais elevadas, com a migração de parcela dos recursos em Bolsa para aplicações mais conservadoras. A partir do segundo semestre, os fundos de renda fixa ganharam a preferência do investidor pouco afeito a riscos e devem fechar o ano respondendo por mais da metade da captação líquida de toda a indústria de fundos.
Entre os fundos de renda fixa que se destacaram em rentabilidade no “Guia Valor de Fundos de Investimento” vários adotaram estratégias que equilibraram, acima, de tudo, prazos dos papéis. Em síntese, encurtaram vencimentos de acordo com o cenário econômico relativo a juros, inflação e questão fiscal. É o caso da gestão do Banrisul Foco IRF-M, que, como o próprio nome diz, tem no IRF-M, índice da Anbima que representa uma cesta de títulos públicos prefixados, seu benchmark.
“Quando começou a tendência de queda da Selic, ficávamos com posição mais longa nos fundos a fim de obter maior prêmio. Mais recentemente, invertemos. Aumentamos a posição em prazos mais curtos, à medida em que a taxa começou a subir. Separamos a carteira em datas de vencimento”, diz Roberto Balestrin, diretor do Banrisul Corretora de Valores. A decisão de encurtar prazos a partir da alta da Selic visou manter bom retorno dos papéis, que seria corroído com a marcação a mercado.
Outro destaque na mesma categoria de fundos com gestão ativa, o Sicredi Institucional FI RF IRF-M, obteve retornos expressivos a partir de análise macroeconômica que apontava para taxas de juros e inflação superiores àquelas projetadas pelo mercado em 2021. Em função disso, adotaram posições na carteira compatíveis com o esperado aumento da Selic e do IPCA, ainda que em patamares inferiores àqueles de fato observados. O patrimônio do fundo é de R$ 320 milhões.
“Adotamos o benchmark [IRF-M], mas na gestão diária fizemos descolamento da carteira em relação ao índice. Este ano, reduzimos o prazo, porque trabalhamos também com uma deterioração fiscal acima da prevista pelo mercado”, diz Ricardo Sommer, diretor de gestão de recursos do Sicredi, acrescentado: “A PEC dos Precatórios pode trazer consequências negativas relevantes sobre a dívida, além de pôr em dúvida o teto dos gastos”. O fundo é composto por títulos públicos e letras pré-fixadas emitidas por instituições financeiras, hoje equivalentes a 35% do portfólio. A duração mais curta de vencimento reflete, atualmente, cenário de possível volatilidade em relação aos juros.
O Mongeral Mag Inflação Ref IMA-B FI RF LP é composto por títulos públicos federais, as NTN-Bs, e por derivativos. Com duration média da carteira de sete anos, o fundo tem como benchmark o IMA-B da Anbima, que define percentuais de alocação para cada vencimento, mas cabe aos gestores a decisão de ficar mais ou menos exposto ao benchmark. A gestão tem como estratégia manter abordagem ativa, evitando refletir apenas o índice de referência do fundo. “Procuramos ficar com prazos médios inferiores ao índice para perfomar melhor”, diz Claudio Pires, diretor de investimentos da MAG Investimentos. “Outra decisão acertada foi a de ficar comprado em inflação.” As alocações de risco têm como base a análise do time de macroeconomia, que traçou cenários de médio e longo prazos que se cumpriram.
Dois fundos de renda fixa juros reais do BTG Pactual se destacaram na categoria em rentabilidade, são eles o BTG Tesouro Geral FI RF IPCA e BTG Tesouro Longo FI RF IPCA. Ambos agradam ao investidor que busca se manter comprado em inflação e aplicado em juros reais e contam com gestão passiva. O bom retorno, segundo Júlio Araújo Filho, sócio e chefe de gestão do BTG Pactual Asset Management, vem da performance semelhante à dos dois índices de referência da Anbima, o IMA-B geral e longo. Juntos, os fundos têm patrimônio de R$ 615 milhões.
“São produtos que replicam os índices de forma eficiente e têm as taxas mais competitivas que podemos oferecer ao investidor que busca fundos passivos”, diz. O investidor interessado em aplicar nos dois fundos em 2022 deve mirar retornos de prazos mais longos, além de apostar que o país contará com âncora fiscal no próximo governo e que o ciclo de corte de juros poderá beneficiar o fundo.
Escolha um bom título de renda fixa (e evite os riscos)
Como o investidor sabe se um ativo de renda fixa é bom para ele? “Não há uma fórmula para isso”, alerta o economista. “Renda fixa não é só olhar para a taxa do título, muitas pessoas acabam cometendo esse erro”, disse a Inteligência Financeira Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos. É preciso prestar atenção também ao prazo e à classificação de riscos.
“Algumas rendas fixas pagam taxas melhores, porém têm algum tipo de risco envolvido, como debêntures, fundos de crédito privados, que são diferentes de títulos do Tesouro e de CDBs de grandes instituições financeiras.” É necessário, afirma Panonko, olhar o cenário como um todo e aliar isso aos seus objetivos.
Quer saber mais sobre renda fixa e como minimizar os riscos na hora de investir? Veja a entrevista com Rafael Panonko
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