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Galípolo: quando sai ata do Copom há campeonato mundial de interpretação de texto na Faria Lima
Em meio aos embates entre governo e Banco Central (BC) em torno da taxa básica de juros, a Selic, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à diretoria de Política Monetária do BC, afirmou que a comunicação do BC tem uma “linguagem própria”, que provoca um verdadeiro “campeonato” de interpretação de texto quando são publicados os documentos formais.
“A cada vez que sai a ata do Copom, na Faria Lima, se inicia campeonato mundial de interpretação de texto, sobre o que cada vírgula quer dizer”, disse, completando que o BC já está preocupado em aumentar a transparência e clareza de sua comunicação.
Galípolo também disse que não se sente como “preposto” do governo na diretoria do BC, uma vez que vem sendo recebido muito bem pelo corpo técnico e pela alta cúpula do órgão. “Realmente espero que a indicação do presidente e de vocês venha da capacidade técnica de desempenhar o papel e ajudar na interlocução.”
Falsas dicotomias
O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda ainda disse que não podia concordar mais com uma citação feita pelo líder do governo, Jaques Wagner, sobre “falsas dicotomias”, como a relação entre público e privado ou Estado e mercado. “Países que têm sucesso, têm pragmatismo. Há simbiose em fazer junto”, defendeu, acrescentando ser importante não ter dogmas.
As declarações foram dadas em sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE).
“Durante muito tempo, nós, economistas, usamos a necessidade de debate técnico para tentar interditar o espaço da economia para o debate democrático ou público. Não cabe a nenhum economista, por mais excelência que tenha, impor o que ele entende ser destino econômico do País, à revelia da vontade democrática”, disse, antes de encerrar seu discurso inicial na sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE).
Para Galípolo, solução para dívida pública é crescimento do País
Um pouco antes, Galípolo destacou que a “única solução” para a dívida pública brasileira é o País crescer, considerando um cenário de baixo crescimento potencial, de 1,5% a 1,6%, e um juro neutro estimado em 4,5%. “Com esse cenário, por mais sofisticado que seja o modelo, a relação dívida/PIB não vai apresentar bom comportamento. A única solução é crescer”, disse, destacando que o crescimento não depende apenas de questão externa.
Para crescer, Galípolo defendeu que é preciso continuar a agenda econômica que o Ministério da Fazenda tem capitaneado, com a chancela do Congresso e do Judiciário. “Todas as medidas que foram tomadas, já com a queda dos juros futuros, vêm contribuindo para um cenário que pode estimular investimentos e crescimento.”
Sobre a missão à frente da diretoria de Política Monetária, disse que é uma função “absolutamente estratégica”, que trata de pontos fundamentais para a formação de preços-chave da economia, como juros e câmbio. “Vou enfrentar o desafio socorrido pela excelência do corpo técnico do BC e pela excelência e pelo trabalho daqueles que me precederam.”
Aprovação pelo Senado
O nome do economista, formado pela PUC-SP, para o cargo de diretor de Política Monetária, foi aprovado pelo Senado nesta terça-feira (4), após ser sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos da Casa. Ele foi aprovado por 39 votos a favor, 12 contrários e uma abstenção.
Com informações do Estadão Conteúdo
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