Com a volta de Jair Bolsonaro ao contato diário com seus apoiadores, Lula foi diplomado pelo TSE com o desafio de oficializar as mudanças nas Forças Armadas, ponto visto como crucial para a pacificação da sua posse, em janeiro.
O atual presidente, após 40 dias de silêncio, retomou a articulação com os manifestantes que contestam o resultado da eleição. Passou a se encontrar periodicamente com os ativistas no Palácio da Alvorada, passando mensagens dúbias sobre o papel dos militares no atual momento político, de troca de governo. A ideia é mostrar que o presidente tem respaldo popular maior que o vencedor do pleito, alimentando teorias de uma suposta intervenção militar, apesar de as Forças Armadas já estarem em ritmo de troca de comando, mirando o futuro governo Lula.
Para Lula, a montagem da estrutura de comando do Exército, Marinha e Aeronáutica é a prioridade máxima. O nomeado ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, quer iniciar os trâmites burocráticos para mudança de comandantes.
Múcio tem demonstrado preocupação com os discursos de Bolsonaro, apoiando as manifestações que contestam o resultado da eleição, e a ausência de uma manifestação mais incisiva dos militares diante dos protestos golpistas.
Em paralelo, o governo eleito terá que lidar com a aprovação da PEC da transição na Câmara dos Deputados e com a montagem do ministério.
Depois da indicação de Fernando Haddad para a Fazenda, a expectativa do mercado é com o nome para o Planejamento, além das direções dos bancos públicos e da Petrobras.
A equipe de técnicos de Haddad também está no radar dos agentes econômicos, preocupados com o viés mais desenvolvimentista que vem ganhando força na configuração de forças políticas da Nova Esplanada.
(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em Brasília)