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Centrão articula CPI para Lojas Americanas na Câmara
Avançou na Câmara dos Deputados uma movimentação, capitaneada pelo PP do presidente da Casa, Arthur Lira (AL), para investigar a suposta fraude contábil nas Americanas (AMER3). O requerimento para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a empresa passou de 40 para 159 assinaturas em uma semana, segundo o autor, o deputado André Fufuca (MA), líder do PP, e está próximo dos 171 apoios exigidos.
Deputados envolvidos nas articulações dizem que a comissão também deve se debruçar sobre outras empresas do 3G, grupo formado pelos empresários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles e que controla ainda a AB Inbev, principal acionista da empresa de bebidas Ambev, e com ações das gigantes Burger King e Kraft Heinz.
Líder do Republicanos, o deputado Hugo Motta (PB) afirmou que a bancada decidiu apoiar a CPI porque vários pequenos empresários foram afetados pela suposta fraude contábil e é preciso acompanhar qual será o desfecho dessa crise. “A partir do momento em que as empresas de auditagem não informaram da fraude, temos que investigar o que aconteceu. Será que outros negócios do grupo 3G não estão com o mesmo problema?”, questionou.
O líder do MDB na Câmara, deputado Isnaldo Bulhões (AL), disse que orientou os emedebistas a assinarem o pedido: “É um fato totalmente passível de investigação. E se for identificado que o 3G realmente maquiou as contas da Americanas, pode ter feito o mesmo nas outras empresas do grupo.”
Embora o grupo 3G possua ações também do Burger King e Kraft Heinz, a principal empresa citada pelos deputados, além da própria Americanas, é a Ambev. Procurada, a companhia não respondeu até o fechamento desta edição. Em nota enviada ao Valor em fevereiro, informou que não existe “rombo” algum nas demonstrações financeiras da companhia e que calculou créditos tributários com base na legislação, devidamente apontadas nas demonstrações financeiras.
O requerimento de criação da CPI foca apenas na Americanas. O texto diz que a empresa é suspeita de uma fraude contábil de R$ 20 bilhões e afetou a imagem de todo o mercado de capitais. “O episódio da Americanas afeta a credibilidade de todo o mercado de ações no Brasil e é do interesse público assegurar que os investidores possam ter absoluta certeza de que a economia popular não será nunca prejudicada por nenhum tipo de fraude”, diz o pedido.
A proposta de CPI foi apresentada por Fufuca no dia 15 de fevereiro e contava com cerca de 40 assinaturas até o fim do mês, mas ganhou adesão das bancadas do Republicanos, MDB e PL. Apenas o próprio autor tem acesso às assinaturas enquanto a CPI não é protocolada. Ao Valor, Fufuca disse na noite de terça-feira que o requerimento já conta com o apoio de 159 deputados e a expectativa é obter as rubricas necessárias até esta quarta-feira. Para a CPI ser instalada, é necessária a subscrição de 171 dos 513 deputados.
Segundo parlamentares, Lira é um dos incentivadores da CPI. Procurado, o deputado não respondeu. Em evento do banco BTG Pactual no mês passado, ele citou o pedido. “O que aconteceu foi muito grave, principalmente o que diz respeito às empresas de auditoria. Empresas com nome e renome, que atestaram balanço [fraudulento]”, afirmou.
Por Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro
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