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Haddad na Fazenda: ‘Arcabouço fiscal e reforma tributária são as prioridades’
Escolhido pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para comandar o Ministério da Fazenda no novo governo, Fernando Haddad já definiu quais serão os seus principais objetivos assim que tomar posse no ano que vem.
“Arcabouço fiscal e reforma fiscal são as duas prioridades de curto prazo”, disse ao GLOBO Haddad, anunciado nesta sexta-feira para comandar a pasta.
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já havia informado, durante a campanha, que acabaria com o teto de gastos, considerada a principal regra das contas públicas atualmente. Agora, Haddad vai trabalhar na regra que irá substituir essa regra. A “PEC da Transição”, que abre espaço no Orçamento de 2023, determina que o governo eleito encaminhe ao Congresso uma nova âncora fiscal no próximo ano.
Agora, Haddad vai receber propostas (incluindo da grupo econômico da transição), dos técnicos do Tesouro Nacional e de economistas. Para ele, a regra fiscal e a reforma tributária podem andar juntos, como parte de uma agenda forte para o ano que vem. Essa agenda inclui também acordos internacionais, como o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Haddad já sondou nomes para a montagem da sua equipe, mas ainda não fez convites formais. Isso vai depender também da escolhe de Lula para o Ministério do Planejamento.
Haddad era favorito
Cargo considerado chave na Esplanada dos Ministérios, o posto de chefe da equipe econômica foi confirmado por Lula mais de um mês após ele vencer as eleições presidenciais. Haddad já vinha despontando como o mais cotado para a pasta.
Aos 59 anos, Haddad assumirá o Ministério da Fazenda com a expectativa de promover crescimento econômico, gerar empregos e anunciar uma política fiscal no médio e longo prazos que sinalize equilíbrio das contas públicas. E isso também passará pela equipe que Haddad montar.
Advogado, professor de ciência política, mestre em Economia e doutor em Filosofia, Haddad foi ministro da Educação entre 2005 e 2012, durante os governo Lula e Dilma Rousseff. Saiu do cargo para concorrer e vencer a disputa pela prefeitura de São Paulo em 2012.
Quatro anos depois, não conseguiu se reeleger e perdeu a eleição ainda no primeiro turno. Foi candidato à Presidência da República em 2018, quando Lula estava preso e não pôde concorrer, sendo derrotado por Jair Bolsonaro no segundo turno.
Fazenda será desmembrada
No fim de novembro, Lula escolheu Haddad para o representar num almoço promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo. Nesse encontro, ele disse que o presidente eleito dará “prioridade total” à aprovação da reforma tributária no Congresso.
“A determinação clara do presidente Lula é que nós possamos dar logo no início do próximo governo prioridade total à reforma tributária”, afirmou.
O discurso de Haddad, sem detalhes sobre o curto prazo, especialmente sobre a política fiscal, frustrou parte do setor financeiro, mas não Lula.
Para aliados do petista, Haddad não disse nada que tenha desagradado ao mercado e que as frustrações vieram da ausência de uma declaração do ex-prefeito a respeito da “PEC da Transição” — o que, nessa avaliação, nem faria sentido ele falar.
O Ministério da Economia reúne atualmente as atribuições da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior. Essas pastas serão desmembradas a partir do ano que vem.
Desde que perdeu as eleições para o governo de São Paulo para Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), Haddad era visto como favorito para a Fazenda. Parte da cúpula do PT defende seu nome como forma de cacifá-lo para a disputa presidencial de 2026, quando Lula já disse que não irá concorrer.
Por Manoel Ventura e Thiago Bronzatto
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