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Padilha: Não há nenhuma predisposição por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha, disse hoje que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai manter a autonomia do Banco Central e não pretende mudar a relação de independência entre o órgão e o Executivo.
“Como disse o presidente Lula, na sua experiência de governo, deu plena autonomia ao presidente do Banco Central Henrique Meirelles. O presidente não vai mudar de postura agora, ainda mais com uma lei que estabelece regras nesse sentido. A gente sabe, no entanto, que nem todo presidente é tão respeitoso quanto Lula. Logo, não há nenhuma pré-disposição por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central”, escreveu Padilha em seu perfil no Twitter.
Mercado absorveu mal falas de Lula
A afirmação é um aceno ao mercado financeiro depois que uma entrevista do presidente à GloboNews repercutiu negativamente entre investidores e economistas. Ontem, Lula classificou como “uma bobagem” a ideia segundo a qual ter um Banco Central independente pode ser melhor para o país.
“Eu posso te dizer, com a minha experiência, é uma bobagem achar que um presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que quando o presidente era quem indicava”, disse à GloboNews.
Diante do mal humor do mercado, Padilha decidiu fazer um aceno de pacificação. As falas de Lula contra a independência do BC jogaram contra a alta do Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, que abriu o dia em ligeira queda. No momento, há uma subida provocada pelo preço alto de commodities, o que é benéfico para o Brasil.
“O governo sabe que a política monetária e o papel de análise da macroeconomia do Banco Central são de extrema importância. E, também por isso, a convivência respeitosa entre as instituições vai continuar sendo a ordem dessa gestão”, concluiu.
Lula também criticou juros altos
Mais cedo, Lula também criticou os altos juros e a “desconfiança” que o mercado financeiro tem com sua gestão. Ao se reunir com reitores de universidades e institutos federais, no Palácio do Planalto, Lula disse que “o mercado” chama todo tipo de investimento em educação de “gasto”, mas não faz o mesmo quando se trata dos juros da dívida pública.
“Meus companheiros de economia não gostam que eu fale. Você não pode falar em educação que chamam isso de gasto. A única coisa que não é vista como gasto por essas pessoas do mercado é o pagamento de juros da dívida. Qual é explicação para termos juros de 13,5%, qual é a lógica da desconfiança que o mercado tem?”, questionou durante discurso transmitido pela TV Brasil.
“Eu não vejo essa gente [mercado] falar nada da dívida social. Nós temos uma dívida social milenar. Quando os bancos quebraram aqui, quem cuidou? O Estado. Na pandemia, quem salvou? O Estado. A gente não pode negar o Estado. O que a gente precisa é redistribuir os recursos de forma correta”, complementou.
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