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Prazo de programa de carros populares deve ser de 3 a 4 meses
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (26) que os incentivos anunciados na quinta-feira para a indústria de veículos serão temporários e visam apoiar o setor na transição entre o início do ciclo da queda dos juros e a recuperação do mercado. Em entrevista no período da tarde desta sexta à GloboNews, Haddad classificou a tentativa de resgate dos carros populares como um programa “tópico”, que, prometeu, não vai se estender para além deste ano. “Estamos falando de um programa que pode durar três ou quatro meses, não é estrutural”, declarou o ministro, acrescentando que a duração ainda está em definição.
Na quinta, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse que o pleito da indústria automotiva é que os incentivos durem pelo menos um ano. Nesse caso, o programa poderia aumentar as vendas de automóveis entre 200 mil e 300 mil unidades em 12 meses, afirmou.
Haddad vai apresentar plano de desoneração do setor
Haddad disse que pretende apresentar os detalhes da desoneração dos automóveis já na semana que vem, antes do prazo de 15 dias dado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro citou o fechamento de montadoras nos últimos anos ao justificar a preocupação com a estagnação do mercado de carros. Com o início dos cortes de juros, inflação controlada e melhora na perspectiva de crescimento econômico, projetou, as vendas de bens duráveis devem se recuperar com a volta do crédito, tornando os estímulos desnecessários. “Tem um hiato que está nos preocupando.”
Ao rebater críticas de que a desoneração dos carros não atende consumidores de baixa renda, o ministro da Fazenda sustentou que o governo tem tomado medidas para todas as classes sociais, citando o reforço do Bolsa Família, o reajuste acima da inflação do salário mínimo e a atualização da tabela do imposto de renda. “Estamos com foco em todos os problemas herdados e direcionando soluções”, afirmou.
“Não passa perto de um programa para 12 meses, estamos discutindo o prazo”, acrescentou o ministro.
MDIC deve calcular impacto sobre descontos em automóveis
Na entrevista à GloboNews, Haddad disse que sua pasta e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o MDIC, devem fazer contas até domingo sobre o impacto da desoneração dos automóveis.
Haddad adiantou que o programa não deve chegar a um quarto do impacto fiscal estimado pelo mercado, de R$ 8 bilhões. As contas, disse Haddad, vão levar em consideração a perspectiva de redução dos juros, que deve tornar desnecessário o estímulo às vendas de carros antes do fim do ano.
Os cálculos preliminares já foram feitos, porém, disse o ministro, a equipe econômica precisa fechar a equação seguindo os critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Não posso apresentar conta ao presidente sem estar fechada”, explicou.
Haddad: Governo não usará Petrobras para segurar preços
O ministro disse não crer que o governo pedirá para a Petrobras (PETR3;PETR4) segurar os preços dos combustíveis após a mudança na política de preços da estatal.
“Não creio”, respondeu o ministro ao ser questionado em entrevista à GloboNews se o governo pedirá à Petrobras para baixar ou não subir preços dos combustíveis.
“Esse não é o caminho. O caminho nosso é estabilizar esse País, garantir que ele tenha trajetória consistente, passar confiança. Isso vai trazer investimentos e baixar os juros”, declarou Haddad. Nesse ponto, o ministro voltou a frisar que os juros futuros de médio e longo prazo estão em queda, em um reconhecimento do mercado, na avaliação dele, das medidas anunciadas pelo governo.
Para ministro, privatização da Eletrobras foi ‘mal feita’
Sem se posicionar sobre o assunto, Haddad afirmou que os questionamentos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6) representam uma decisão do governo como um todo, não cabendo a ele criticar ou elogiar.
O ministro porém, mais uma vez considerou que a privatização foi mal feita, porque “desarrumou um pouco as coisas” do marco regulatório do setor elétrico.
“Acho que a privatização foi mal feita. Disse isso quando foi aprovada”, declarou Haddad. A Eletrobras, sustentou, tem peso no modelo energético brasileiro, inclusive no preço da tarifa, o que leva à reflexão sobre a venda.
Questionado sobre se ele, particularmente, apoia a tentativa de reverter a privatização da companhia elétrica, Haddad respondeu que, depois que decisões são tomadas, as opiniões pessoais não devem ser expostas. O ministro pontuou, no entanto, que os questionamentos à privatização da Eletrobras resultam da insatisfação pelo que foi feito com o patrimônio público. “Defendemos a posição do governo no caso Eletrobras, mesmo sabendo que Congresso e Judiciário podem ter outras”, concluiu Haddad.
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