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Rui Costa: O que o presidente do BC está fazendo é um desserviço à nação
Durante um café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “O que o presidente do BC está fazendo é um desserviço à nação”, ao manter os juros altos. Ele acrescentou que o Comitê de Política Monetária (Copom) não precisa conhecer os detalhes da nova regra fiscal, em discussão nos bastidores do governo, para começar a reduzir os juros.
Costa foi questionado por que o governo recuou da intenção de divulgar o novo marco fiscal antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a China. Lula embarca no sábado para uma viagem de uma semana à Ásia e aos Emirados Árabes. Havia a expectativa de que o detalhamento do novo arcabouço fiscal contribuísse para o início da queda da taxa Selic, hoje a 13,75% ao ano.
Rui Costa afirmou que o Copom não precisa conhecer o novo marco fiscal para começar a baixar os juros. O ministro argumentou que, quando começou a elevação da Selic, havia um cenário de inflação em torno de 10%, e agora esse índice está na faixa de 5% — na realidade, mais próximo de 6%.
Costa constatou que os juros altos asfixiam o comércio, os investimentos, e não permitem que a economia volte a crescer.
Ele ainda alegou que o Copom aplicou uma dose do remédio alta quando a inflação estava em torno de 10%, mas que a conjuntura mudou, sem a necessidade de manter essa dose. Costa afirmou que se o Copom não começar a baixar hoje a Selic, o governo vai continuar criticando a instituição, assim como Roberto Campos Neto. A decisão do Copom sobre a manutenção ou revisão da Selic será anunciada nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado.
Costa nega desconforto com Haddad sobre arcabouço fiscal
Rui Costa negou qualquer desconforto entre ele e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação ao desenho do novo marco fiscal, que substituirá o teto de gastos, e enfatizou que tem “afinidade ideológica” com o colega em relação ao tema.
Costa considerou legítimas divergências no governo e no PT em relação às discussões sobre a nova regra fiscal. O ministro defendeu mais tempo para os debates internos da matéria, e explicou que o presidente Lula a pediu a Haddad que ouvisse lideranças do Congresso e economistas antes de concluir o texto da proposta.
Costa negou que tenha havido recuo do governo na decisão de tornar público o novo arcabouço fiscal antes da viagem de Lula à China, prazo que havia sido sinalizado por Haddad. O ministro afirmou que nunca ouviu esse prazo de Lula.
Para Costa, ampliar a fase de discussão não significa atrasar a votação no Congresso: “isso pode reduzir o tempo de tramitação” ao ampliar o conjunto de atores que farão colaborações à proposta.
O ministro também legitimou as divergências internas sobre a matéria. Na última semana, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), cobrou nas redes sociais que haja espaço para investimentos públicos no novo marco. Segundo Costa, isso faz parte da democracia, “esse puxa-e-estica é necessário”.
Costa: “Novo PAC “será lançado no final de abril
Durante entrevista na manhã desta quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, adiantou que o novo programa de investimentos em obras de infraestutura, que está sendo chamado informalmente de “novo PAC” – em relação ao antigo Programa de Aceleração do Crescimento – será lançado no final de abril. Costa estava ao lado da secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, que coordenará, junto com ele, o futuro programa.
Costa adiantou que o “novo PAC” não será voltado, exclusivamente, a obras de infraestrutura. Ele disse que também haverá investimentos em obras na área social, como a reforma e construção de escolas, para viabilizar a implantação do programa de escolas em tempo integral que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai lançar ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana.
Ele disse que modelos que considera bem-sucedidos do antigo PAC serão retomados, como o “PAC das Encostas”, para estimular obras na área de defesa civil, a fim de evitar o deslizamento de morros, com destruição de casas e vítimas civis, em época de chuvas fortes.
Rui Costa afirmou que as obras contempladas no “novo PAC” receberão investimentos de bancos públicos de fomento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e envolverão, principalmente, concessões e Parcerias Público-Privadas (PPP).
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