Embora seja cada vez mais popular, ainda é muito difícil compreender todo o ecossistema do futebol feminino.
Por mais que tenhamos evoluído no desenvolvimento da modalidade, ainda estamos muito aquém do alcance do futebol masculino em termos de audiência, interesse e, consequentemente, dinheiro.
Salários e premiações são reflexo de quanto os clubes faturam com venda de ingressos, patrocínios, direitos de transmissão. Por isso, um atleta de futebol masculino ganha muito mais que uma atleta de futebol feminino.
A Copa do Mundo feminina anterior foi um grande sucesso de audiência. A competição realizada na França alcançou bons índices de audiência, alçou à condição de estrela a americana Megan Rapinoe, e torcemos muto pela nossa seleção.
A próxima Copa do Mundo, que será dividida entre Austrália e Nova Zelândia, foi um fracasso em termos de venda dos direitos de transmissão. A FIFA decidiu cobrar valores incompatíveis com a capacidade de monetização das retransmissoras.
Estima-se que os 5 maiores mercados europeus de futebol (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália) tenham oferecido entre € 1 milhão e € 10 milhões pelos direitos da competição. Porém, esses valores são baixíssimos quando comparados aos pagos pela competição masculina, que ficou entre € 100 e € 200 milhões.
Por exemplo, as competições femininas de clube são, geralmente, transmitidas apenas nos mercados internos, e raramente em direitos de transmissão negociados. Poucas vezes essas partidas têm ingressos pagos. Mesmo depois do crescimento de interesse pela modalidade, não foi anunciado no Brasil um plano estratégico para que se pudesse entender onde estamos, onde queremos chegar, e como faremos para isso.
Para muitos clubes, o futebol feminino existe apenas porque é uma imposição da FIFA. A grande luta das atletas em busca de melhor remuneração é justamente exigir que haja um plano claro, objetivo, com metas possíveis, que angarie patrocinadores, permita conhecermos o público consumidor, que tenha dados econômico-financeiros transparentes.